pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Estudos em Juízes
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ESBOÇO DO CAPÍTULO 7 DE JUÍZES

ACONTECIMENTO
TEXTO BÍBLICO
Estranho generalato
vv. 1-8
Confirmação da vitória
vv. 9-15
A rota dos midianitas
vv. 16-22
Reforços para Gideão
vv. 23-25

EXPOSIÇÃO DO TEXTO

Estranho generalato (vv. 1-8)
Depois do milagre da porção de lã, Gideão e os israelitas se prepararam para a batalha. Todos se levantaram de madrugada e montaram acampamento junto à fonte de Harode. Os midianitas estavam acampados ao norte, perto do monte Moré (menos de 8 km de distância do exército israelita). O exército de Israel estava com 32 mil soldados. Todavia, Deus disse que tinha muita gente para lutar. Israel poderia cair no engano da autossuficiência, pensando que a vitória tinha acontecido porque o exército era grande e poderoso. O que Deus fez para guardar Israel da autossuficiência? “Vai e anuncia o seguinte ao povo: Quem for covarde e medroso volte e retire-se do monte Gileade. Então vinte e dois mil se retiraram, e dez mil ficaram (v. 3) [1]. Note que dos 32 mil soldados, sobrou apenas 10 mil soldados. Sabe o que aconteceu? Deus achou que ainda tinha muita gente. O Senhor, então, mandou Gideão levar os 10 mil homens até a fonte de águas. Ali, o próprio Deus escolheria os Seus homens para a batalha. Gideão obedeceu e levou todos os homens até a fonte de águas. A direção de Deus para Gideão foi: aqueles soldados que beberem água igual ao cachorro, você separará de um lado. E aqueles soldados que se ajoelharem para beber a água, você colocará do outro lado. Há duas formas de entender essa ordem: 1) Deus estava separando os soldados vigilantes dos soldados descuidados ou 2) Deus estava destacando o Seu próprio poder ao usar homens incapazes até mesmo de tomar água corretamente.
Depois desse teste, Gideão tinha dois grupos: os aprovados e os reprovados. Daqueles 10 mil soldados, 9.700 foram reprovados e 300 foram aprovados. Observe o que Deus disse a Gideão: “Eu vos livrarei e entregarei os midianitas nas tuas mãos com estes trezentos homens que lamberam a água; mas, quanto ao resto do povo, volte cada um ao seu lugar (v. 7). Gideão, então, despediu os demais homens e ficou com os 300 soldados.

Confirmação da vitória (vv. 9-15)
Nessa porção bíblica, Deus garante a Gideão que dará a vitória a Israel. O problema é que Gideão estava com medo e sentindo-se inseguro. Então, o Senhor deu uma orientação para ele. Gideão deveria pegar o seu servo Purá, e, juntos, descerem até o acampamento dos inimigos, e ficarem escondidos ouvindo a conversa deles. Purá (“um galho verde, um ramo”) era o escudeiro de Gideão. A Bíblia diz que eles foram e havia uma quantidade inumerável de homens e camelos acampados. Escondidos ali, Gideão e Purá ouviram a conversa dos inimigos: “No momento em que Gideão chegou, um homem estava contando um sonho ao seu companheiro: Eu tive um sonho em que um pão de cevada vinha rolando sobre o acampamento dos midianitas e, quando chegou a uma tenda, bateu nela e a derrubou. A tenda virou de cima para baixo e ficou estendida por terra. Quando o seu companheiro ouviu isso, respondeu: Isso não é outra coisa senão a espada de Gideão, filho de Joás, o israelita. Deus entregou nas mãos dele os midianitas e todo este acampamento” (vv. 13-14). O pão de cevada representava o agricultor pobre de Israel. A tenda que foi derrubada representava os nômades, ou seja, os midianitas. Quando Gideão ouviu a interpretação, ele adorou ao Senhor. Em seguida, ele retornou para o acampamento de Israel e encorajou o povo, dizendo que os midianitas seriam derrotados. Note que o texto fala no passado “O SENHOR entregou os midianitas” (v. 15). Essa forma de falar é muito comum no AT, apontando para a certeza do acontecimento.

A rota dos midianitas (vv. 16-22)
Em seguida, Gideão dividiu os 300 soldados em três grupos de 100 homens. Curiosamente, essa estratégia foi adotada várias vezes no AT. Veja o exemplo de 2 Samuel 18:2: “Davi dividiu o exército em três companhias: uma sob o comando de Joabe, outra sob o comando de Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, e outra sob o comando de Itai, o giteu. Disse então o rei ao exército: ‘Eu também marcharei com vocês’.” [2].
Em seguida, os soldados saíram carregando trombetas, tochas e jarros escondendo a luz. Qual era a estratégia de Gideão? “Quando eu e todos os que estiverem comigo tocarmos a trombeta, tocai também as trombetas ao redor de todo o acampamento e gritai: Pelo SENHOR e por Gideão!” (v. 18). Então, logo depois da troca dos guardas, por volta das 22 horas, os 300 homens tocaram a trombeta e despedaçaram os jarros. Na mão esquerda eles tinham a tocha, e na mão direita tinham a trombeta. Eles não tocaram a trombeta e gritaram uma única vez. Houve repetição alternada para que a confusão dos inimigos aumentasse gradativamente. O que aconteceu com os inimigos? “[...] E gritaram: À espada! Pelo SENHOR e por Gideão! E cada um permaneceu no seu posto ao redor do acampamento. Então todos os midianitas, gritando, começaram a fugir. Quando as trezentas trombetas foram tocadas, o SENHOR fez com que todos no acampamento voltassem a espada uns contra os outros. Mas muitos fugiram até Bete-Sita, em direção de Zererá, até os limites de Abel-Meolá, perto de Tabate” (vv. 20b-22). Quanto a esse episódio, o comentarista Artur E. Cundall escreveu:

“Os soldados não envolvidos na primeira, nem na segunda vigílias, estariam imersos em profundo sono, no princípio da noite, enquanto aqueles que haviam acabado sua vigília ainda estariam movimentando-se pelo acampamento, aumentando, assim, o medo daqueles que foram acordados pelo barulhão, julgando que o inimigo já havia penetrado no arraial. Tal forte barulho também causaria pânico entre os numerosos camelos, induzindo-os, talvez, a um estouro. Não é de surpreender-se, pois, que na confusão resultante os soldados atacassem todos quantos surgissem na escuridão, não distinguindo quem era amigo e quem era inimigo.” [3]

Reforços para Gideão (vv. 22-25)
Depois que alguns midianitas fugiram, os israelitas foram convocados para persegui-los. Gideão também enviou mensageiros por toda a região montanhosa, mandando que os soldados cercassem os locais de fuga. Esses homens, que serviram de apoio, provavelmente faziam parte dos 32 mil soldados covardes. O texto diz que os efraimitas capturaram dois líderes midianitas: Orebe e Zeebe. Orebe (עֹרֵב: ʽōrēb) significa “corvo” e Zeebe (זְאֵב: zᵉʼēb) significa “lobo”. Orebe foi assassinado na rocha de Orebe, indicando, talvez, uma caverna de localização desconhecida. Ele aparece novamente em Isaías 10:26a: “E o SENHOR dos Exércitos a castigará com chicotadas, como a matança de Midiã junto à rocha de Orebe [...]”. E Zeebe foi assassinado no tanque e espremer uvas de Zeebe. Depois de matar esses dois líderes, o povo de Israel perseguiu o restante dos midianitas, e, em seguida, levou a cabeça de Orebe e Zeebe para Gideão.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

1) É a presença e o poder do Senhor que assegura o sucesso, e não a nossa capacidade: “Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por causa do teu amor e da tua fidelidade” (Salmos 115.1).

2) Precisamos compartilhar com as pessoas as experiências que tivemos com Deus. Deus nos concede experiências para que outros também sejam fortalecidos através da nossa experiência: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por alguma tribulação, por meio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus” (2 Coríntios 1:3-4).

3) O favor de Deus não nos isenta da responsabilidade de planejamento. Gideão e os 300 soldados foram vitoriosos por causa de Deus, mas Gideão foi estratégico.

4) Por vezes, a nossa fé será duramente provada pelo Senhor. O exército midianita tinha 135 mil homens. O exército de Israel tinha 32 mil soldados, mas o Senhor reduziu esse batalhão para 300 soldados. Fique firme quando Deus provar a tua fé: “Meus irmãos, considerai motivo de grande alegria o fato de passardes por várias provações, sabendo que a prova da vossa fé produz perseverança; e a perseverança deve ter ação perfeita, para que sejais aperfeiçoados e completos, sem vos faltar coisa alguma” (Tiago 1:2-4).



Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] Cf. Deuteronômio 20:8.
[2] Nova Versão Internacional (NVI).
[3] Artur E. Cundall & Leon Morris. Juízes e Rute: Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 1986. p. 110.


A Bíblia dedica 100 versículos para falar de Gideão (capítulos 6 – 8). Gideão vem da raiz גָּדַע (transliterado: gādaʻ) que significa “derrubar” ou “cortar” (destruidor). Gideão é um personagem muito conhecido e muito mencionado nos púlpitos das igrejas. O que muita gente deixa de mencionar é o fato de Gideão ter sido um homem cheio de dúvidas no início de seu ministério. Ele não começou com grandes feitos. Ele começou com inúmeras fraquezas e, à medida que os dias se passaram, Deus o fortaleceu para usá-lo com poder.

ESBOÇO DO CAPÍTULO 6 DE JUÍZES

ACONTECIMENTO
TEXTO BÍBLICO
A opressão midianita
vv. 1-6
A condenação profética
vv. 7-10
A chamada de Gideão  
vv. 11-24
A primeira missão de Gideão
vv. 25-32
A resposta de Gideão à invasão midianita
vv. 33-35
O sinal da lã
vv. 36-40

EXPOSIÇÃO DO TEXTO

A opressão midianita (vv. 1-6)
Os israelitas mais uma vez fizeram o que era mau aos olhos do Senhor. Como resultado, Deus levantou os midianitas para oprimir Israel durante sete anos. Os midianitas eram descendentes de Midiã, filho de Abraão com Quetura. Diante da opressão e da força dos midianitas, os israelitas começaram a morar nos montes, nas cavernas e nas fortalezas. De que maneira os midianitas oprimiam o povo de Israel? A Bíblia diz: “Porque acontecia que, quando Israel semeava, os midianitas, os amalequitas e os outros povos do leste invadiam suas plantações, acampavam na terra e destruíam as plantações até chegarem a Gaza, e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos. Subiam com seus rebanhos e tendas; vinham em multidão, como gafanhotos. Tanto eles como os seus camelos eram inumeráveis e entravam na terra para destruí-la” (vv. 3-5). Os midianitas destruíam a agricultura e levavam tudo que o povo de Israel havia produzido. Note que, durante as invasões, os midianitas carregavam suas tendas para estabelecer moradia no lugar de habitação dos israelitas: “Subiam com seus rebanhos e tendas[...]” (v. 5a). A quantidade de invasores era inumerável, por isso eles eram mais fortes que os israelitas. Como resultado dessa opressão, o povo se enfraqueceu muito (v. 6). A palavra enfraqueceu (דָּלַל: dālal) significa: definhar, esvaziar e ficar magro. Diante dessa situação, eles clamaram ao Senhor.

A condenação profética (vv. 7-10)
Quando clamaram ao Senhor, Deus enviou até eles um profeta. O profeta é anônimo. O texto não revela seu nome. O profeta simplesmente apontou o pecado de desobediência do povo. O profeta apontou o pecado, porque o clamor do povo não foi motivado pelo arrependimento, mas pela dor do sofrimento. Deus denunciou o pecado do povo antes de libertá-lo. Ele estava mostrando que o relacionamento do povo com Ele estava errado. Considere as palavras de J. I. Packer: “Em sua essência, convicção de pecado é a percepção de que seu relacionamento com Deus está errado”. Um homem de Deus precisa sempre falar a verdade para as pessoas. Não importa se a verdade cause dor. É melhor doer mas experimentar mudança a continuar debaixo da disciplina divina.

A chamada de Gideão (vv. 11-24)
A narrativa muda de cena de maneira instantânea e surge uma nova figura. O anjo do Senhor aparece e senta-se debaixo do carvalho de Ofra. O carvalho pertencia ao pai de Gideão, um homem chamado Joás. Os oráculos proféticos geralmente eram proferidos debaixo de um carvalho. Ofra é um local desconhecido. Gideão está malhando trigo no tanque de espremer uvas. O anjo do Senhor é o próprio Senhor aparecendo em forma humana. Na teologia, isso se chama teofania. Teofania é uma manifestação visível do Deus invisível.
O anjo do Senhor diz algo para Gideão: “[...] O SENHOR está contigo, homem valente” (v. 12b). Gideão lamenta e questiona: “Ah, meu senhor, se o SENHOR está conosco, por que nos aconteceu tudo isso? Onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não foi o SENHOR que nos tirou do Egito? Mas agora o SENHOR nos abandonou e nos entregou nas mãos dos midianitas” (v. 13). Deus, então, encoraja Gideão e ordena que ele liberte o povo de Israel: “[...] Vai nesta tua força e livra Israel das mãos dos midianitas. Não sou eu que estou te enviando?” (v. 14b). Como Gideão responde ao encorajamento do Senhor? Ele olha para si mesmo e apresenta uma desculpa: “Ah, meu senhor, com que livrarei Israel? A minha família é a mais pobre em Manassés, e eu sou o menor* na casa de meu pai” (v. 15). Como garantia, o Senhor prometeu a Gideão a Sua própria presença. Mas ainda insatisfeito, Gideão propõe algo para o anjo do Senhor: “Se tenho achado favor aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo. Peço-te que não saias daqui até que eu volte trazendo minha oferta e a ponha diante de ti. E ele disse: Esperarei até que voltes. Então Gideão entrou e preparou um cabrito e fez bolos sem fermento com um efa de farinha. Pôs a carne num cesto e o caldo numa panela, trouxe tudo para fora e ofereceu-lhe debaixo do carvalho” (vv. 17-19). O anjo do Senhor orientou Gideão a colocar o alimento em cima da rocha e derramar o caldo em cima do alimento. Gideão obedeceu. O anjo do Senhor tocou o alimento com a ponta do cajado. Saiu fogo da rocha e consumiu todo o alimento. Em seguida, o anjo desapareceu. Qual foi a reação de Gideão: “Quando Gideão viu que era o anjo do SENHOR, disse: Ai de mim, SENHOR Deus! Eu vi o anjo do SENHOR face a face. 23Porém o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo! Não temas; não morrerás. 24Então Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e o chamou O SENHOR é Paz. Até hoje o altar está em Ofra dos abiezritas” (vv. 22-24).

A primeira missão de Gideão (vv. 25-32)
A primeira missão que Deu encarregou Gideão foi a seguinte: 1. Pegar um novilho de sete anos de idade que pertencia a seu pai; 2. Derrubar o altar de Baal que também pertencia a Joás, seu pai; 3. Cortar o poste de Aserá; 4. Construir um altar ao Senhor no mesmo lugar do altar de Baal; 5. Sacrificar o animal em holocausto, usando o poste de Aserá como lenha.
Gideão chamou 10 servos para ajudá-lo e obedeceu ao Senhor. O texto diz que ele fez isso na parte da noite, porque temia os homens da cidade. Quando o dia amanheceu, os homens da cidade viram tudo que Gideão havia feito. Eles foram até Joás, pai de Gideão, e exigiram a pena de morte do rapaz. Veja a resposta do pai de Gideão: “Acaso sereis vós que defendereis Baal? Quereis livrá-lo? Todos os que lutarem por ele estarão mortos pela manhã. Se ele é deus, que se defenda a si mesmo, pois o altar dele foi derrubado” (v. 31). Ele utilizou uma lógica interessante: se Baal é deus poderoso, por que ele precisa ser defendido? Ele não pode fazer isso sozinho? A partir desse episódio, Gideão passou a ser chamado de Jerubaal: “aquele que contende com Baal”.

A resposta de Gideão à invasão midianita (vv. 33-35)
Essa porção da Bíblia não é sequência do versículo 32. O versículo 33 indica uma nova invasão da parte dos midianitas. Note que vários povos se uniram contra Israel: midianitas, amalequitas e outros que não são mencionados pelo nome. Eles se encontraram para a batalha no vale de Jezreel. Jezreel significa “Deus plantou”. Era uma cidade fortificada perto do monte Gilboa. O texto diz que o Espírito do Senhor se apoderou de Gideão. O verbo “apoderar” (לָבַשׁ: lābash) significa “vestir roupas”. O Espírito se apoderou de Gideão de maneira semelhante à camisa que envolve o nosso corpo quando a vestimos. Em seguida, Gideão tocou a trombeta e convocou algumas tribos para juntar-se a ele na batalha. Se juntaram a Gideão: abiezritas, as tribos de Manassés, Aser, Zebulom e Naftali.

O sinal da lã (vv. 36-40)
Gideão queria ter certeza de que Deus o usaria de novo para livrar Israel. Por isso, ele lançou dois desafios ao Senhor. Primeiro, Gideão colocaria um punhado de lã no chão. Durante a madrugada, o orvalho deveria molhar apenas a lã, e não o chão. Aconteceu conforme o seu desejo. Na manhã seguinte, Gideão encheu uma tigela com o orvalho. No segundo desafio aconteceu o inverso. O chão deveria ficar molhado, e a porção de lá completamente seca. E Deus fez exatamente como Gideão havia pedido: “E Deus fez assim naquela noite, pois somente a lã estava seca e o chão em volta estava molhado com o orvalho” (v. 40). Dessa maneira o capítulo seis termina, mostrando o preparo de um homem fraco que será grandemente usado pelo Senhor.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

1) Quando Deus é deixado de lado, abrimos as portas para que o Diabo cause terríveis problemas em nossa vida e em nossa família.

2) Antes de anunciar o perdão e a graça, precisamos denunciar o pecado das pessoas. Quando o pecado não é denunciado, a graça de Deus é desprezada.

3) Deus nos faz enxergar os recursos que temos à disposição, mas que não estamos enxergando. Gideão achava que sua família era inexpressiva, mas ele comissionou 10 servos para ajudá-lo.

4) Para que a obra de Deus alcance resultados significativos, precisamos fazê-la no poder do Espírito Santo. Para isso, é necessário que busquemos ser cheios do Espirito Santo: “E não vos embriagueis com vinho, que leva à devassidão, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18) [1].

5) Deus concede sinais para decisões importantes da nossa vida. No entanto, precisamos tomar cuidado com a incredulidade em relação ao que Deus já revelou em Sua Palavra. Vejamos algumas recomendações importantes sobre esse assunto:

(a) Os sinais são mais comuns na vida do novo convertido do que na vida do velho convertido. Deus se compadece daqueles que estão nos primeiros passos;
(b) Pedir sinal diante de uma ordem explícita na Bíblia é sinal de descrença. Por exemplo, alguém pode dizer: “se a pessoa me enviar uma mensagem é sinal de que eu devo me reconciliar com ela”. Essa atitude é reprovável, pois a ordem da Bíblia é que perdoamos uns aos outros.
(c) Deus nos guia através do bom senso, das circunstâncias, do conselho de amigos e de outros meios;
(d) Tomemos cuidado para não tentarmos ao Senhor com a nossa incredulidade [2];
(e) Lembre-se de que Jesus chamou de “geração adúltera” aquelas pessoas que lhe pediram sinais: “Ele respondeu: ‘Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas’.” (Mateus 12:39) [3].



Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] Almeida Século 21 (A21).
[2] “Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus” (Mateus 4:7 ACF).
[3] Nova Versão Internacional (NVI).


AS DIFERENÇAS ENTRE OS CAPÍTULOS 4 E 5 DE JUÍZES         
O número de tribos em ambos os capítulos é diferente. No capítulo quatro, duas tribos são mencionadas. No capítulo cinco, seis tribos são mencionadas. Um outro detalhe é que o capítulo cinco não menciona o rei Jabim nem o monte Tabor. Além disso, o local onde a batalha foi travada são diferentes, bem como o relato da morte de Sísera. Como explicar essas divergências? Para resolver esses problemas, podemos pensar em duas coisas: 1) O capítulo quatro é um registro prosaico enquanto o capítulo cinco é um registro poético dos acontecimentos. A poesia hebraica apresenta detalhes com maior precisão do que a prosa hebraica, e 2) A batalha ocorreu em duas etapas diferentes, em regiões diferentes.

BREVE INTRODUÇÃO AO CÂNTICO
Assim como Moisés (Êxodo 15:1) [1], Débora e Baraque também cantaram ao Senhor. Esse poema é um dos mais belos e antigos cânticos da literatura israelita. Com certeza ele foi incluído nas antologias poéticas que existiam no Israel antigo. No Antigo Testamento, duas coleções de antologias são mencionadas: o “Livro das Guerras do Senhor” e o “Livro de Jasar” (Números 21:14; Josué 10:13; 2 Samuel 1:18).

AUTORIA DO CÂNTICO
Este é um ponto em que há algumas conjecturas. Há quem aponte Débora e Baraque como sendo os autores: “Naquele dia, Débora e Baraque, filho de Abinoão, cantaram este cântico” (v. 1). Outros sugerem apenas Débora, por ela falar na primeira pessoa do singular: “A vida já havia cessado nos povoados; já havia cessado, até que eu, Débora, me levantei, até que me levantei como mãe em Israel” (v. 7). Um terceiro grupo ainda sugere um autor desconhecido, que escreve se dirigindo aos dois juízes Débora e Baraque: “Desperta, desperta, Débora; desperta, desperta, entoa um cântico! Levanta-te, Baraque, e leva cativos teus prisioneiros, filho de Abinoão” (v. 12). Todavia, a maioria dos estudiosos e comentaristas indica Débora como a autora do cântico.

ELEMENTOS DO CÂNTICO

1. Paralelismo: o paralelismo poético apresenta, geralmente, duas linhas que são paralelas entre si. Neste sentido, temos duas subdivisões do paralelismo.

1.1. Paralelismo sinônimo ou idêntico: Nesse tipo de paralelismo, uma ideia ou um pensamento é transmitido na primeira linha. Em seguida, a mesma ideia ou pensamento é repetida na segunda linha. Acontece a repetição da mensagem, e não das palavras propriamente.

“Dai ouvidos, ó reis;
ouvi, ó príncipes!” (v. 3a)

1.2. Paralelismo climático: Nesse tipo de paralelismo, a segunda linha repete uma parte da linha anterior. Em seguida, acrescenta um novo detalhe a fim de deixar a ideia mais completa. Isso coloca o pensamento do texto em movimento para frente.

“[...] Cantarei ao SENHOR,
entoarei um salmo ao SENHOR, Deus de Israel.” (v. 3b)

2. Sistema de rima ou métrica: A poesia ocidental procura equilibrar a quantidade de sílaba num verso. Na poesia hebraica, cada pensamento é expresso numa só palavra. Às vezes, uma única palavra pode ser equivalente a uma frase curta. Essa e outras características da poesia hebraica causa dificuldades nas traduções.

ESBOÇO DO CAPÍTULO 5 DE JUÍZES

ACONTECIMENTO
TEXTO BÍBLICO
Convite ao louvor
vv. 1-2
A intervenção do Todo-Poderoso
vv. 3-5
Efeitos da opressão cananita
vv. 6-8
Convite para testemunhar
vv. 9-11
Chamado das tribos
vv. 12-18
A derrota dos cananeus
vv. 19-22
Traição e patriotismo
vv. 23-27
A cena na casa de Sísera
vv. 28-30
Coro final e conclusão
v. 31

EXPOSIÇÃO DO TEXTO

Convite ao louvor (vv. 1-2)
É provável que esses versículos tenham sido introduzidos pelo editor. Isso não significa que não sejam inspirados por Deus. O editor estava dando a ambientação da época, antes de registrar o cântico.

A intervenção do Todo-Poderoso (vv. 3-5)
Todos são convocados a cantar ao Senhor: “Dai ouvidos, ó reis; ouvi, ó príncipes! Cantarei ao SENHOR, entoarei um salmo ao SENHOR, Deus de Israel” (v. 3). Os “Reis” e “príncipes” indica toda pessoa de grande importância. Note que havia uma chuva intensa na batalha: “[...] a terra estremeceu, os céus gotejaram; as nuvens despejaram água” (v. 4b). Em outras palavras, Deus moveu a Sua própria criação para ajudar o Seu povo na batalha. Nas palavras de Artur E. Cundall e Leon Morris: “Toda a criação pareceu enfileirar-se ao lado do exército insignificante e mal equipado dos israelitas” [2].

Efeitos da opressão cananita (vv. 6-8)
Esses versículos revelam a situação deplorável e miserável que o povo de Israel estava enfrentando. O versículo seis diz que “cessaram as caravanas”, ou seja, a comercialização se tornou algo impossível. Aqueles que fossem viajar, precisavam pegar uma rota menos frequentada, ficando sujeitos ao ataque de bandos de salteadores. Note o que dito na parte B do versículo seis: “[...] e os que viajavam iam por atalhos tortuosos”. Nesses atalhos, os bandidos cananeus ficavam escondidos, prontos para atacar.
Não só o comércio foi afetado. A agricultura também foi afetada. O povo de Israel estava constantemente exposto aos perigos dos cananeus. As pequenas vilas já não tinham muros por conta das depredações. O povo entrou em desespero e passou a adorar outros deuses. Mas será que isso resolveu o problema? Na verdade, as coisas pioraram: “Assim que escolheram deuses novos, a guerra estava às portas; não se via um só escudo ou lança entre quarenta mil em Israel” (v. 8). Essa atitude trouxe guerra, fraqueza e servidão. A frase “não se via um só escudo ou lança entre quarenta mil em Israel” pode indicar que o povo de Israel tinha sido privado de suas armas. Eles não foram privados do uso delas, pois sem armas o povo de Israel não poderia lutar. O povo de Israel foi impedido de exibir essas armas em público.

Convite para testemunhar (vv. 9-11)
Débora diz que se alegra por causa daqueles homens que foram voluntários na guerra; que se prontificaram a lutar pelo Senhor. Em seguida, ela convoca três classes de pessoas para participar da celebração: 1. Aqueles que cavalgam sobre jumentas brancas (v. 10a), ou seja, aqueles que exerciam autoridade; 2. Aqueles que assentam sobre ricos tapetes (v. 10b), ou seja, pessoas comuns que ficavam em casa e 3. Aqueles que andam pelo caminho (v. 10c), ou seja, os pobres que andam a pé. Débora convoca as pessoas da classe alta, média e baixa para louvar a Deus. O versículo onze diz que essas três classes vão cantar em alta voz celebrando os atos do Senhor. Eles vão cantar mais alto “que a voz dos que distribuem água junto aos bebedouros”, isto é, mais alto do que os músicos que perambulavam de um lado para o outro tocando lira.

Chamado das tribos (vv. 12-18)
Essa porção apresenta a resposta que cada tribo deu diante da convocação de Débora e Baraque à batalha. Duas tribos foram rápidas em lutar: Zebulom e Naftali. As outras quatro tribos (Rúben, Dã, Aser e Gileade) não estavam dispostas a lutar pelos seus irmãos. A razão disso é que eles não estavam sendo afetados diretamente pelos cananeus. Enquanto isso, as outras tribos estavam sofrendo dificuldades: “O povo de Zebulom se expôs à morte, como também o povo de Naftali, nas regiões altas do campo” (v. 18).

A derrota dos cananeus (vv. 19-22)
O exército cananeu partiu contra Israel, mas não conseguiu levar os seus despojos de prata: “Vieram reis e guerrearam. Os reis de Canaã guerrearam em Taanaque, junto às águas de Megido; não tomaram despojo de prata” (v. 19). Por que não conseguiram? Eles não conseguiram porque “desde os céus as estrelas guerrearam; desde suas órbitas guerrearam contra Sísera” (v. 20). As “estrelas” que guerrearam contra Sísera não são os anjos. Refere-se a uma tempestade violenta que favoreceu o povo de Israel. A prova disse está no versículo seguinte: “O ribeiro de Quisom os arrastou, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom. Avante, minha alma! Sê forte!” (v. 21). O ribeiro de Quisom ficou inundado de água, e os 900 carros de ferro do exército de Sísera atolaram na lama. O versículo seguinte diz que os cavalos caíram ao chão, fazendo com que Sísera fugisse a pé: “Então os cascos dos cavalos golpearam a terra, na fuga precipitada dos seus valentes” (v. 22; cf. Juízes 4:15).

Traição e patriotismo (vv. 23-27)
Essa porção relata a maldição proferida sobre a cidade de Meroz. Os habitantes dessa cidade foram amaldiçoados porque eles se recusaram a ajudar o povo de Israel na batalha. Em seguida, o texto faz um contraste entre a covardia dos habitantes de Meroz e a corajosa Jael, que assassinou Sísera. Jael foi citada no cântico de Débora por causa de sua heroica coragem. Um homem ser morto pelas mãos de uma mulher era algo vergonhoso na época. Além disso, Jael quebrou todos os padrões de hospitalidade, e não se importou com as consequências de sua atitude.

A cena na casa de Sísera (vv. 28-30)
A agonia da mãe de Sísera é retrata nessa porção. Olhando pela janela, ela pergunta o motivo de seu filho demorar tanto para voltar: “A mãe de Sísera olhava pela janela e atrás da grade exclamava: Por que o seu carro tarda em vir? Por que demora o ruído dos seus carros?” (v. 28). Ela pensou que talvez Sísera estivesse dividindo os despojos: “Certamente estão achando e repartindo os despojos. Uma ou duas moças para cada homem; despojos de roupas coloridas para Sísera; despojos de roupas coloridas e bordadas para o meu pescoço” (v. 30). A divisão dos despojos incluía as mulheres do exército derrotado. Note a palavra “moça” (dama ou donzela) no versículo citado. A palavra hebraica (רַחַם: raam) significa “útero” ou “ventre”. A tradução mais próxima seria “meretriz”. Isso indica que essas mulheres eram abusadas sexualmente pelos soldados captores. A mãe de Sísera pensou que o filho voltaria com roupas coloridas e com os despojos dos inimigos, mas só restaria saco e cinza de tristeza.

Coro final e conclusão (v. 31)
O último verso do poema termina declarando a morte dos inimigos do Senhor: “Ó SENHOR, morram assim todos os teus inimigos! [...]” (v. 31a). Os inimigos de Deus serão destruídos, mas aqueles que O amam serão radiantes e vitoriosos! A última parte do versículo revela que 40 anos de paz acompanharam a vitória sobre o exército inimigo.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

1) Não importa a circunstância que você enfrente. Deus usará o que for necessário para cuidar de você.

2) O pecado não é o remédio para o sofrimento. O remédio para o sofrimento é a oração: “Alguém entre vós está aflito? Ore [...]” (Tiago 5:13a).

3) As vitórias precisam ser comemoradas. A celebração é o antídoto contra a ingratidão.

4) Quando se trata de fazer algo para o reino de Deus, somos tímidos como os habitantes de Meroz ou somos corajosos como Jael?

5) Assim como Deus destruiu Sísera e todo seu exército, no futuro Ele também destruirá os nossos inimigos: o mundo, a nossa natureza pecaminosa e o próprio Diabo.



Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] “Então Moisés e os israelitas entoaram este cântico ao SENHOR: Cantarei ao SENHOR, pois triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro”.
[2] Artur E. Cundall & Leon Morris. Juízes: Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 1986. p. 93.