pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Duas Dimensões do Perdão

Duas Dimensões do Perdão

Receber perdão é ser livrado da devida punição que o erro merece receber. Oferecer perdão é proporcionar misericórdia a quem merece a justiça. Perdoar é um verbo, pois exprime ação e atitude. Todos concordam que receber perdão é bom, mas oferecer perdão é difícil; é difícil perdoar os ofensores, mas também é difícil perdoar a nós mesmos.
Neste artigo, apresentarei – com palavras sucintas – duas faces do perdão dentro do relacionamento do cristão com o Deus Perdoador.

1ª dimensão – O perdão de Deus.
Comumente caímos em pecado durante a jornada da vida. As quedas não representam uma prática habitual do pecado, marca distintiva do não cristão. Elas indicam que somos portadores de natureza pecaminosa, a despeito do novo coração espiritual que bate em nossa nova criatura. Aos cristãos foi dada a promessa do perdão diário: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1João 1.9) [1]. Esta é a primeira dimensão do perdão: receber, pela fé na promessa acima, o perdão de Deus. Pecado arrependido, confessado e abandonado é pecado plenamente perdoado (cf. Pv 28.13).
Sem dúvida, a graça de Deus não apenas nos perdoou no dia do novo nascimento. Ela continua operante à medida que damos um passo após o outro em direção ao “[...] alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3.14). Não ter dívidas com o Dono do universo é a maior bênção que alguém pode receber. Por esta razão afirmamos que receber misericórdia é ganhar exatamente aquilo que não merecíamos ganhar. E não receber justo juízo é ser isentado daquilo que somente os homens deveriam receber. “Se recebemos misericórdia e não o justo juízo, quem foi punido pelos nossos pecados?”, você pode se perguntar. A Bíblia responde com os seguintes termos: “Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz.” (Colossenses 2.13,14). Jesus Cristo – o Único Inocente – foi punido. “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8.1). 
O perdão para a salvação e para a santificação foi plenamente proporcionado para os cristãos. Deus nos perdoou e continua nos perdoando sempre que necessitamos. Isso nos leva à segunda dimensão do perdão.

2ª dimensão – O perdão de si mesmo.
Perdoar a si mesmo não é discurso humanista. A segunda dimensão do perdão está estritamente ligada à primeira. Vamos falar um pouco sobre isso.
Você já confessou para Deus o mesmo pecado inúmeras vezes e, mesmo assim, não se sentiu perdoado? Eu tenho certeza que sim. Este é um ponto comum entre os cristãos, pois, provavelmente, não compreendemos que “a confissão exige humildade em dois níveis. O primeiro nível é a admissão da culpa; o segundo nível é a aceitação humilde do perdão” [2]. Isso nos leva a pensar no orgulho.
Reflita comigo. Sempre que confessamos o mesmo pecado repetidas vezes, pressupomos que a repetição é prova determinante de nossa humildade. Confessar o pecado sempre será ineficaz se isso não for acompanhado de humildade em receber o perdão. Deus prometeu que nos perdoaria e registrou a promessa em Sua Palavra para jamais nos esquecermos disso. “Quando Deus nos promete que nos perdoará, nós insultamos Sua integridade quando recusamos aceitar o perdão. Perdoar a nós mesmos depois que Deus nos perdoou é um dever, bem como um privilégio” [3].
Por fim, ande livre, sem fardos pesados que impedem você de desfrutar do cuidado e da provisão do Deus Perdoador. Em Cristo, você é amado de maneira plena, graciosa e contínua. Receba o perdão de Deus com humildade, pois assim, você caminhará com paz no coração experimentando o que Deus proporcionou para você em Cristo Jesus.

“Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: "Confessarei as minhas transgressões ao Senhor", e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” (Salmos 32.5).


Fabrício A. de Marque.
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Notas:
[1] Nova Versão Internacional (NVI).
[2] R. C. Sproul, A Oração Muda as Coisas?, Questões Cruciais, vol. 03, p. 49, Ed. Fiel.
[3] Ibid., p. 50.


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