pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: A verdade sobre o arrebatamento (Gary DeMar) - Resumo do livro

A verdade sobre o arrebatamento (Gary DeMar) - Resumo do livro

 

O livro "The Truth About the Rapture" [A verdade Sobre o Arrebatamento], de Gary DeMar, vai direto ao ponto e confronta a ideia popular de um arrebatamento secreto pré-tribulacional. DeMar mostra que muitas crenças sobre o arrebatamento não têm base nas Escrituras, mas vêm de tradições recentes e interpretações equivocadas. Ele começa mostrando como a visão pré-tribulacional do arrebatamento (aquela que ensina que os cristãos serão levados ao céu antes da Grande Tribulação) depende de suposições não encontradas no texto bíblico. A questão principal é se existe ou não uma separação entre a 69ª e a 70ª semana da profecia de Daniel.


Gary DeMar argumenta que essa separação é artificial. Segundo ele, a ideia de um intervalo de milhares de anos entre a 69ª e a 70ª semana não está presente no texto original de Daniel. Ele escreve: “O que muitos cristãos não sabem é que a visão do arrebatamento pré-tribulacional depende da separação da 70ª semana das outras 69 semanas e da inserção de uma lacuna atemporal (agora com quase 2000 anos)”. Em outras palavras, para que essa doutrina funcione, é necessário criar um “parêntese” que a Bíblia nunca menciona.


Além disso, DeMar questiona a ideia de que o livro de Apocalipse “esquece” da igreja após o capítulo 3. Muitos defensores do arrebatamento pré-tribulacional afirmam que a ausência da palavra “igreja” nos capítulos seguintes indica que a igreja foi arrebatada da terra. No entanto, isso é apenas um argumento baseado no silêncio. Não é correto usar isso para ensinar uma doutrina. Como ele afirma em sua crítica, a ausência da palavra não significa ausência da presença.


Um ponto central do livro é que nenhuma passagem bíblica descreve claramente dois retornos de Cristo: um secreto para a igreja e outro visível para o mundo. O próprio Tim LaHaye, famoso defensor do arrebatamento pré-tribulacional, admitiu: “Nenhuma passagem ensina os dois aspectos da segunda vinda separados pela tribulação. Isso é verdade”. Ora, se nem os defensores da doutrina conseguem apontar uma passagem bíblica clara, isso não deveria servir de alerta para todos nós?


DeMar também enfatiza que a doutrina do arrebatamento, como é popularmente ensinada, é muito recente na história da igreja. Durante quase 1800 anos de Cristianismo, os cristãos nunca ouviram falar dessa ideia de um arrebatamento secreto antes da tribulação. Foi somente no século XIX, com figuras como John Nelson Darby, que essa doutrina ganhou força. Isso mostra que não estamos diante de um ensino apostólico, mas de uma inovação teológica moderna.


Outro ponto que o autor trabalha é como essa doutrina influencia negativamente a vida cristã. Ao esperar escapar da tribulação, muitos cristãos se tornam passivos, sem engajamento com os problemas do mundo. Eles ficam apenas esperando serem levados para o céu. DeMar alerta que isso contradiz o ensino bíblico da perseverança e da fidelidade no meio das provações. O verdadeiro chamado do cristão é resistir com coragem, e não fugir dos tempos difíceis.


O livro também refuta a ideia de que o arrebatamento é necessário para “retomar o plano com Israel”, como ensinam os dispensacionalistas. Eles dizem que a igreja é um “parêntese” na história da salvação, ou seja, algo não previsto pelos profetas do Antigo Testamento. Mas DeMar rebate com firmeza: “A ideia de que a Igreja é algo novo e separado do plano de Deus é estranha à narrativa bíblica. Deus sempre teve um só povo”. A promessa feita a Israel se cumpre em Cristo. A igreja é o Israel de Deus redimido.


O autor nos leva a considerar seriamente o contexto histórico e linguístico dos textos escatológicos. Muitos versículos usados para defender o arrebatamento são mal interpretados porque ignoram o público original e a urgência escatológica dos apóstolos. Por exemplo, Jesus disse que “esta geração não passará até que todas essas coisas aconteçam” (Mt 24.34). DeMar diz corretamente que devemos levar essa afirmação a sério e entender que a profecia se cumpriu no primeiro século.


Ao invés de um arrebatamento futuro, o foco do Novo Testamento é na vinda de Cristo em juízo contra Jerusalém em 70 DC. Esse evento encerrou a era do templo e do judaísmo sacrificial. Isso, segundo DeMar, é o verdadeiro cumprimento de muitas profecias apocalípticas. A linguagem simbólica de juízo e catástrofe era comum entre os profetas, e não se refere necessariamente ao fim do mundo. Portanto, muitos dos textos usados como prova do arrebatamento apontam, na verdade, para esse evento do passado.


DeMar também destaca que a ideia de um arrebatamento secreto não aparece nos Pais da Igreja. Homens como Irineu, Justino Mártir e Tertuliano escreveram sobre o fim dos tempos, mas nenhum deles ensinou que a igreja seria arrebatada antes da tribulação. Isso revela, mais uma vez, que essa doutrina não é uma tradição antiga, mas sim, uma invenção recente que surgiu num contexto de sensacionalismo profético e confusão interpretativa.


Um ponto importante no livro é a ênfase de que o povo de Deus deve estar preparado para a perseguição. Não há promessas de que seremos poupados do sofrimento, mas há promessas de que Deus estará conosco no meio do sofrimento. O próprio Jesus disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). A igreja primitiva compreendia muito bem essa verdade. Ela não esperava escapar dos tempos difíceis.


Outra citação interessante do livro é a seguinte: “O fato de haver cinco visões diferentes sobre o arrebatamento, sem um único verso que as apoie diretamente, deveria levar qualquer pessoa sincera a estudar o tema com mais cuidado antes de afirmar que ‘está na Bíblia’”. DeMar nos chama à responsabilidade. Não devemos seguir doutrinas populares só porque elas são comuns e abraçadas por muitas pessoas. Devemos seguir a verdade mesmo que ela vá contra o senso comum evangélico.


A conclusão do livro é objetiva, mostrando que a Bíblia não ensina um arrebatamento secreto pré-tribulacional. Isso não significa que Cristo não voltará, mas que a forma como essa volta é descrita nas Escrituras não corresponde à narrativa sensacionalista popularizada por livros e filmes. A Segunda Vinda de Cristo será visível, gloriosa e transformadora. Não será uma volta secreta. DeMar chama os leitores a abandonar os mitos e retornar ao ensino claro da Palavra de Deus.


Portanto, o breve livro de Gary DeMar é uma obra muito boa de correção teológica e de orientação. Além de corrigir um erro doutrinário, o livro também nos chama a uma postura firme e fiel. Devemos trabalhar para transformar o mundo à luz do reino de Deus. A escatologia bíblica é uma mensagem sobre a vitória de Cristo na história.


Por fim, “The Truth About the Rapture” nos lembra que estudar escatologia com responsabilidade é essencial para a maturidade cristã. O ensino do arrebatamento pré-tribulacional pode até ser cativante para muitos, mas ele é vazio de base bíblica. Como povo de Deus, precisamos olhar para as Escrituras com reverência, buscando entender o que realmente está escrito, e não o que gostaríamos que estivesse escrito. O Retorno de Cristo é a nossa esperança, mas não precisamos de ilusões escatológicas para sustentar essa verdade.

 



Nenhum comentário:

Se o conteúdo te ajudou, deixe-nos um comentário!
Obrigado pela visita!