pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: RESUMO: “Os quatro temperamentos: uma análise pastoral” de Alexander Whyte

RESUMO: “Os quatro temperamentos: uma análise pastoral” de Alexander Whyte

 

Eu gostaria de iniciar apresentando, brevemente, o autor do livro. Alexander Whyte (1836-1921) foi um pastor e teólogo escocês que marcou a sua geração com sua grande capacidade de ensinar a Bíblia de forma clara. Ele nasceu em uma família simples. Trabalhou como sapateiro e professor, mas sentiu o chamado para o ministério e se formou em Teologia. Serviu por mais de 40 anos como pastor na cidade de Edimburgo, e depois se tornou diretor e professor de Novo Testamento em um importante seminário, onde ajudou a formar novos líderes cristãos.


Alexander Whyte também foi moderador da Assembleia Geral da Igreja Livre da Escócia em 1898. Esse é um cargo de grande honra e responsabilidade. Ser moderador é como ser o presidente da maior reunião da denominação, liderando os debates, orientando as decisões importantes e representando a igreja em assuntos públicos. É uma função que reconhece não só a sabedoria teológica do líder, mas também o seu exemplo de vida cristã. Isso mostra o quanto Whyte era respeitado entre os irmãos, tanto como pastor quanto como homem de Deus.


O livro de Alexander Whyte é uma obra pastoral sobre os quatro temperamentos: sanguíneo, colérico, fleumático e melancólico. Não é um manual técnico, mas uma reflexão que mostra como cada temperamento pode ser uma bênção ou uma armadilha, dependendo se está sob domínio de Deus ou não. Whyte mostra cada temperamento em sua forma “extrema” para nos revelar o que somos sem a graça de Deus. A mensagem central é: os nossos temperamentos foram dados por Deus e devem ser cultivados para a Sua glória. Todos, mesmo os mais difíceis, são campos que precisam ser lavrados com disciplina, graça e fé.


Começando pelo temperamento sanguíneo, o autor mostra que o sanguíneo é o temperamento do entusiasmo, da empolgação e da esperança. Pessoas sanguíneas são calorosas, cheias de vida, espontâneas e geralmente animadas. Elas têm facilidade para se alegrar, fazer amigos, começar novos projetos e motivar os outros. São abertos ao que é novo e otimistas por natureza. Quando bem dirigidos, os sanguíneos são líderes naturais, comunicadores eficazes e cheios de fé e coragem para empreender grandes coisas no reino de Deus. São como o fogo da juventude. Eles aquecem o ambiente ao seu redor.


Por outro lado, o sanguíneo é conhecido pela sua inconstância. O entusiasmo costuma durar pouco. O sanguíneo troca rapidinho de direção e se deixa levar pelas emoções. É impulsivo, fala demais e pensa depois. Ele pode abraçar ideias boas com paixão, mas também pode abandonar tudo na primeira dificuldade. No campo espiritual, pode parecer fervoroso, mas com pouca profundidade. Falta-lhe perseverança, firmeza e raiz. O coração do sanguíneo comanda a sua cabeça. E isso o torna vulnerável às distrações e modismos.


O próximo temperamento abordado é o colérico. O colérico é o mais enérgico dos temperamentos. É o homem de ação, de visão e de conquista. Ele tem uma mente focada, uma vontade firme e coragem de sobra. É decidido, estratégico e trabalhador incansável. Quando convertido e dominado pelo Espírito, o colérico se torna um guerreiro do bem, assim como o apóstolo Paulo, que era consumido pelo zelo da casa de Deus. O colérico enxerga longe. Ele começa o que outros têm medo de começar e permanece firme mesmo quando ninguém mais aguenta. Quando o fogo da ira é controlado, o colérico se torna uma força propulsora para o reino de Deus.


Em contrapartida, o colérico sem domínio próprio é um perigo. Ele é orgulhoso, autoritário, impaciente e, muitas vezes, cruel com os mais fracos. O seu temperamento tende à ira, ao ressentimento e até mesmo à violência, seja física, verbal ou emocional. Ele não precisa de muito para explodir. O colérico pode destruir lares, igrejas e ministérios com seu temperamento inflamado. Além disso, a pior forma da cólera é a religiosa. O autor chama isso de “ódio teológico” que usa Deus como desculpa para atacar os outros. Por isso, o colérico precisa cultivar humildade, mansidão e controle espiritual diário.


O terceiro temperamento comentado é o fleumático. O fleumático é o homem calmo, sereno e constante que raramente se abala. Ele é observador, prudente, equilibrado. É uma pessoa excelente em tempos de crise. Ele não se precipita, pensa antes de agir e transmite segurança às pessoas. Essa “frieza” emocional é, muitas vezes, a sua maior virtude. O fleumático é o tipo de pessoa que pode ser âncora em um ambiente caótico, um bom conselheiro e um excelente administrador. A fleuma o protege das paixões e das decisões tolas. Dessa forma, ele é como uma rocha firme em meio às tempestades emocionais dos outros.


Apesar disso, o fleumático também tem os seus perigos. A frieza do fleumático pode virar apatia e sua calma pode virar preguiça profunda. Ele é muito tentado ao comodismo, à procrastinação e à passividade. Ao invés de prudente, o fleumático pode se tornar indiferente. Ele sabe o que tem que fazer, mas empurra com a barriga. No ministério, por exemplo, o fleumático pode se tornar um pastor relaxado. No lar, ele pode se tornar um pai ausente. E na vida cristã, ele pode se tornar um servo “morno”. A sua maior luta é contra o ócio. Portanto, o desafio do fleumático é sair da zona de conforto e fazer o que precisa ser feito, mesmo sem nenhuma vontade.


Por fim, o último temperamento é o melancólico. O melancólico é profundo, sensível e reflexivo. Ele tende à introspecção, ao pensamento sério e à busca por sentido. É o temperamento dos pensadores, dos poetas e dos teólogos profundos. As pessoas melancólicas sentem as coisas com intensidade e vivem com profundidade. Elas são idealistas, éticas e leais. Quando santificados, os melancólicos se tornam intercessores poderosos, conselheiros empáticos e verdadeiros homens e mulheres de Deus. O melancólico carrega o peso da alma do mundo e transforma a dor em oração.


Entretanto, visto que todo temperamento tem o seu lado negativo, o melancólico também tem. O melancólico pode mergulhar profundamente na tristeza, no pessimismo e no isolamento. A sua visão crítica o faz enxergar mais os problemas do que as soluções. Além disso, o melancólico tende mais à culpa exagerada, à baixa autoestima e às crises existenciais. Ele é tentado à inércia por causa do desânimo. Quando mal conduzido, o melancólico pode viver em constante reclamação, tristeza e autopiedade. De fato, a maior batalha do melancólico é interna. Por isso, ele precisa aprender a se alegrar no Senhor e manter a mente fixada na esperança.


Alexander Whyte nos lembra que não existe temperamento ruim. Todos os temperamentos são dons de Deus, mas, mesmo assim, todos precisam ser redimidos. O segredo está em conhecer a si mesmo, identificar as próprias tendências e lutar espiritualmente para glorificar a Deus com o que somos. Nas palavras do autor, Deus nos colocou numa “hospedaria”. Os temperamentos são “a pele da alma, a hospedaria em que nossa alma habita no presente”. Portanto, cabe a nós cultivá-la como terreno fértil. Com a ajuda do Espírito Santo, podemos transformar a fraqueza em força, as paixões em frutos e os temperamentos em instrumentos úteis para o reino de Cristo.



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