"3 Com sabedoria se constrói a casa, e com discernimento se consolida, 

4 Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável."

 (Provérbios 24.3,4)

          

       Quando falamos sobre "casa", logo nos vem à mente a ideia de proteção. Associamos a um lugar seguro que nos abriga da chuva, do frio e dos perigos externos. Correto!
A casa é quase sempre o local ideal para nos protegermos, pelo menos deveria ser. Entretanto, uma casa não tem o poder de autoexistência; é preciso construí-la. A palavra "construção" nos remete à ideia de um processo de junção de diferentes partes que, geralmente, servem de apoio umas às outras, e se completam para alcançar um fim desejado. Para que essa construção possa ser bem-sucedida, é exigido dos construtores um bom estudo e planejamento, além de uma boa execução de suas habilidades, calculando sempre o modo a ser feito, o local e a hora exata para a realização de tal tarefa. Isso implica em capacidade de discernimento, ou seja, ser capaz de decidir ou julgar de forma nítida utilizando os sentidos, tendo sempre em vista as consequências que um projeto mal calculado pode acarretar. 

       Acredito que o autor desse Provérbio não tinha o intuito de nos ensinar princípios básicos de arquitetura e construção de edifícios, porém, devemos nos atentar para o conselho implícito nos versos. Casas são feitas para abrigar pessoas. Esse é o seu objetivo! Portanto, construir uma casa significa construir relacionamentos: pessoas diferentes que juntas servem de apoio umas às outras e se completam para alcançarem o fim desejado. 

        Da mesma forma que construtores estudam e planejam a construção de um prédio de forma cuidadosa, construir relacionamentos exige a mesma cautela: "Com sabedoria se constrói a casa e com discernimento se consolida" (v. 3). Agir de maneira sensata, semeando mutuamente e visando o bem comum, é a base para a construção de relacionamentos saudáveis. É estar atento para discernir e evitar aquilo que pode causar rachaduras e desabamentos.  Isso é essencial para a consolidação de um lar seguro e feliz.

O autor continua dizendo que "pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável" (v. 4). O conhecimento é adquirido através do contato e da interação com algo ou alguém. Quando nos deparamos com um assunto do qual nada sabemos, é quase impossível obtermos êxito e satisfação. É preciso estudar e se familiarizar com esse assunto para que possamos descobrir a melhor maneira de lidar com ele.

Da mesma forma, em nossos relacionamentos precisamos incontestavelmente investir tempo, paciência, tolerância e interesse, afinal, ninguém conhece profundamente uma pessoa sem que lhe custe todos estes esforços. 

O conhecimento do outro e de si mesmo vai nos permitir saber o que fazer e o que não fazer, nos conduzirá às palavras certas para pronunciarmos a outra pessoa, e nos alertará quanto a um possível desentendimento. Assim, será possível evitar maiores atritos, isso porque o conhecimento produz intimidade e nos torna capazes de compreender amplamente os pensamentos, sentimentos e dificuldades daqueles que estão conosco.

Dessa maneira, nos sobrará tempo e motivação para preenchermos as lacunas dos relacionamentos com aquilo que é precioso e agradável, como o respeito, o amor, a empatia, os sorrisos e as doçuras. 

Franciane Almeida