pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: ESTUDO 01: Considerar o Prazer em Deus Como Nosso Dever é um Assunto Polêmico

ESTUDO 01: Considerar o Prazer em Deus Como Nosso Dever é um Assunto Polêmico


UMA PALAVRA INICIAL
Essa nova série de estudos terá como base o livro “Plena Satisfação em Deus”, escrito pelo pastor e teólogo John Piper, e publicado pela editora Fiel. A série de estudos também está disponibilizada em vídeos. As aulas foram ministradas na classe da Escola Bíblica da Igreja Batista Videira. Você pode assistir aos vídeos em meu canal no Youtube: “Pensando as Escrituras[1]. Esperamos que você seja fortalecido através desses textos e, assim, glorifique a Deus, enquanto desfruta de uma completa satisfação nEle.

INTRODUÇÃO
As pessoas carregam um anseio imenso dentro delas. A Bíblia nos revela essa verdade: “Tudo que ele fez é apropriado ao seu tempo. Também colocou a eternidade no coração do homem; mesmo assim, ele jamais chega a compreender inteiramente o que Deus fez.” (Eclesiastes 3.11) [2]. Mas, infelizmente, elas tentam satisfazer esse anseio de várias formas erradas: férias, aventuras sexuais, esportes espetaculares, drogas alucinógenas, etc. Toda tentativa de satisfazer a alma fora de Deus é ilusória. De costas para o Senhor — o Sol da justiça — os homens veem o próprio reflexo projetado pela sombra, e passam a adorá-lo. Quando uma pessoa está satisfeita em Deus, ela passa a experimentar um tipo especial de prazer. Mas, que tipo especial de prazer é esse?

I. O PRAZER CRISTÃO

1.1. O Prazer Pagão vs O Prazer Cristão.

a. O prazer pagão.
O Hedonismo é uma doutrina filosófico-moral, fundada por Aristipo de Cirene (435—356 a.C.) [3]. Basicamente, o hedonismo ensina que a felicidade consiste em aumentar o prazer e diminuir a dor. Quanto mais intenso e mais duradouro for o prazer, melhor ele é. Nesse sentido, para o hedonismo, não há limites para o prazer. O prazer deve ser o alvo supremo da vida. Evidentemente, o cristão deve ficar longe desse tipo de filosofia.

b. O prazer cristão.
Embora o Hedonismo seja antigo, o prazer cristão é mais antigo ainda. A felicidade cristã consiste na busca do prazer em Deus, não em alguma coisa fora dEle. Precisamos entender que nem toda busca por felicidade é pecaminosa. Você foi criado para ser feliz e para buscar a felicidade. Todavia, você não foi criado para ser feliz fora de Cristo. Tentar ser feliz fora de Cristo é cair no abismo da insatisfação. Agostinho de Hipona (354—430) expressou muito bem essa verdade, quando escreveu:

“Inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti.”

II. O TESTEMUNHO BÍBLICO SOBRE O PRAZER CRISTÃO

Para provarmos que o prazer cristão é uma ideia antiga, vejamos que os escritores bíblicos falaram muitas vezes sobre isso:

Ø  Davi falou sobre o prazer cristão:

“Deleita-te no Senhor.” (Salmos 37.4)

“Sacia-nos de manhã com a tua bondade.” (Salmos 90.14)

“[...] na tua presença há plenitude de alegria, à tua direita, há delícias perpetuamente.” (Salmos 16.11b)

Ø  Jesus falou sobre o prazer cristão:

“Tenho lhes dito estas coisas para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa.” (João 15.11)

“O senhor disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor.’” (Mateus 25.21)

Ø  Tiago falou sobre o prazer cristão:

“Meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações.” (Tiago 1.2)

Ø  Paulo falou sobre o prazer cristão:

“Alegrem-se sempre no Senhor [...]” (Filipenses 4.4a)

“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança.” (Romanos 5.3)

Ø  Pedro falou sobre o prazer cristão:

“Pelo contrário, alegrem-se na medida em que são coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vocês se alegrem, exultando.” (1Pedro 4.13)

Note que o prazer cristão não significa ausência de tribulações. Você pode ter prazer em Deus nas tribulações, nas privações e nos sofrimentos. O prazer cristão é ultracircunstancial, isto é, ele transcende o que acontece à nossa volta, pois o prazer cristão repousa na Pessoa de Cristo.

III. O TESTEMUNHO DA HISTÓRIA SOBRE O PRAZER CRISTÃO

Além do testemunho bíblico, a própria história nos informa que essa herança foi mantida pelos teólogos cristãos ao longo dos séculos.

Ø  Agostinho (354—430 d.C.) falou sobre o prazer cristão:

“Quão suave se tornou de repente para mim a privação das falsas delícias! Eu que tento temia perdê-las, senti prazer agora em abandoná-las. Tu, ó verdadeira e suprema suavidade, as afastava de mim. Afastavas e entravas em lugar delas, mais doce do qualquer prazer.”

Ø  Blaise Pascal (1623—1662) falou sobre o prazer cristão:

“Todos os homens procuram ser felizes. Isso não tem exceção, por mais diferentes que sejam os meios empregados. Todos tendem para esse fim... A vontade nunca faz o menor movimento que não seja em direção desse objetivo. É o motivo de todas as ações de todos os homens, até daqueles que vão se enforcar.”

Ø  Os puritanos falaram sobre o prazer cristão:

“Deliciar-se nEle é o nosso ofício. [....] [O prazer em Deus nos protege] contra os ataques de nossos inimigos espirituais e tira de nós o apetite por aqueles prazeres com os quais o tentador isca seus anzóis.” (Richard Baxter & Matthew Henry)

Ø  Jonathan Edwards (1703—1758) falou sobre o prazer cristão:

“A felicidade da criatura consiste em regozijar-se em Deus, através de quem Deus também é magnificado e exaltado.”

IV. O PRAZER CRISTÃO COMO UM ATO DE OBEDIÊNCIA

Ainda que o prazer cristão seja algo óbvio na Palavra de Deus, você sabia que pensar em “prazer cristão” é algo polêmico? A maioria pensa que devemos buscar apenas a obediência, e não o prazer. Elas dizem: “O prazer é resultado da obediência”. Porém, buscar o prazer em Deus já é um ato de obediência. Em outras palavras, quando busco o prazer da minha alma no Senhor, então já estou obedecendo à Sua vontade. Note que a Bíblia diz exatamente isso:

“Alegrem-se no Senhor e regozijem-se, ó justos; exultem, todos vocês que são retos de coração.” (Salmos 32.11)

Sua obediência é motivada pelo prazer em Deus? Você obedece a Deus por medo ou por paixão pela Sua glória? Quando você obedece a Deus por prazer, sua obediência acaba sendo uma dupla obediência. Você obedece deleitando-se nEle e, então, você obedece ao fazer o que Ele mandou. Uma pessoa é obediente não apenas quando faz o que Deus diz, mas também quando tem prazer em quem Deus é. O prazer não é resultado da obediência, mas parte da obediência. E, se o prazer em Deus faz parte da obediência, deveríamos buscar o nosso prazer nEle, antes mesmo de fazer o que Ele mandou.

“Qualquer outro prazer seria qualitativamente insuficiente para o anseio das nossas almas e quantitativamente pequeno demais para nossa necessidade eterna. Somente em Deus estão a plenitude de prazer e prazer para sempre.” (John Piper, p. 20)

OBS: Assista esta aula em vídeo, clicando no link abaixo:



Fabrício A. de Marque

_____________________________

Notas:
[2] Almeida Século 21 (A21).
[3] Não confundir com o Epicurismo, que, embora também busque o prazer, o faz regido pela razão.



Nenhum comentário:

Se o conteúdo te ajudou, deixe-nos um comentário!
Obrigado pela visita!