pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: ESTUDO 01: Os Justos e os Ímpios

ESTUDO 01: Os Justos e os Ímpios

INTRODUÇÃO


O Livro de Salmos possui, ao todo, 150 cânticos. O Saltério é dividido em cinco pequenas coleções de cânticos, dispostos da seguinte forma:

I. Salmos 1—41.
II. Salmos 42—72.
III. Salmos 73—89.
IV. Salmos 90—106.
V. Salmos 107—150.

1. Quem escreveu o livro de Salmos?
Vários escritores foram usados por Deus para compor os salmos. Alguns salmos, infelizmente, ficaram no anonimato no que diz respeito à sua autoria. Isso, no entanto, não compromete absolutamente nada de seu conteúdo.

Davi = 73 salmos;
Asafe = 12 salmos;
Os filhos de Coré = 12 salmos;
Salomão = 2 salmos (72 e 127);
Moisés = 1 salmo (90);
Etã = 1 salmo (89);
Hemã = 1 salmo (88);
Anônimos = 48 salmos.

2. Como interpretar os salmos?
Fato é que não devemos interpretar todos os livros bíblicos da mesma maneira. Afinal de contas, eles não pertencem ao mesmo gênero literário. Poesia não é epístola, tampouco literatura apocalíptica. Por isso, a seguir, apresento algumas dicas simples para a interpretação dos salmos:

a) olhe para os salmos como poesias: eles foram escritos para serem cantados;
b) considere a unidade literária de cada salmo: começo, meio e fim;
c) respeite o contexto histórico do salmo;
d) considere a variedade de categorias: lamento, ações de graças, louvor, ensino, etc.

Posto isso, vamos estudar o cântico de abertura do Saltério, o Salmo 1. O que é uma vida bem-sucedida, segundo Deus? Como Deus define uma vida bem-aventurada? Vejamos como esse salmo define esse tipo de vida.

SALMO 1:

1. Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido. 4. Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5. Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6. Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.

Podemos estruturar o primeiro salmo de maneira bem simples, como segue:

A felicidade dos justos
(vv. 1-3)
A infelicidade dos ímpios
(vv. 4-6)

I. A FELICIDADE DOS JUSTOS (vv. 1-3)

O salmo começa dizendo: “Bem-aventurado” (אֶשֶׁר). Essa palavra significa “que feliz!” ou “abençoado”. Tem o mesmo sentido das bem-aventuranças de Jesus no sermão do Monte (cf. Mt 5). Quem, afinal, pode ser chamado de bem-aventurado? O homem (אִישׁ), ou seja, a humanidade em geral que teme ao Senhor, o justo. Por quais motivos o justo é bem-aventurado?

1.1. O justo é bem-aventurado por aquilo que ele não faz.

(a) não anda no conselho dos ímpios.
O homem feliz não anda no conselho dos ímpios. O verbo “andar” indica um movimento casual no caminho do mal. Em outras palavras, bem-aventurado é aquele que não flerta com a vida do ímpio. Ao invés disso, o justo escolhe caminhar nos conselhos da Palavra de Deus.

(b) não se detém no caminho dos pecadores.
O homem feliz não se detém no caminho dos pecadores. A palavra “detém” traz a ideia de vir e tomar posição. Significa diminuir a velocidade, e trilhar o caminho dos ímpios. Deter-se no caminho dos pecadores é mais um passo em direção ao pecado.

(c) não se assenta na roda dos escarnecedores.
O homem feliz não se assenta na roda dos escarnecedores. A palavra “assentar” indica uma permanência no caminho errado. Note o progresso negativo: a queda começa com o flerte (andar), passa pela diminuição da velocidade (deter-se) e, por fim, termina com a pés estabelecidos no caminho mau (assentar). A roda dos escarnecedores é a roda dos zombadores. O escarnecedor não é apenas cético, mas também, zombador das coisas sagradas.

“A roda dos escarnecedores pode ser muito imponente, mas está muito perto das portas do inferno. Fujamos, pois em breve essa roda estará vazia e a destruição engolirá o homem que se assentar nela.” [1]

Nos últimos anos, a sua vida mudou para pior ou para melhor? Você se sente à vontade na companhia de pessoas que não valorizam a Palavra de Deus? Você tem a firmeza necessária para assumir uma postura impopular, a fim de honrar a Deus?

1.2. O justo é bem-aventurado por aquilo que ele faz.

(a) ele sente prazer na Lei do Senhor.
O homem feliz tem prazer na Lei do Senhor. Ele não considera a Bíblia um livro qualquer, no mesmo patamar de importância que outros livros bem escritos. A Bíblia é o seu alimento espiritual de cada dia, porque ela é a bendita revelação do Deus vivo.

(b) ele medita na Lei do Senhor.
O homem feliz medita na Lei do Senhor. Meditar significa “refletir” e “pensar sobre” o que foi lido. Na meditação, usamos a mente e o coração ao mesmo tempo (cf. Lc 2.19). Quando aflito, o justo medita nas promessas de Deus. Quando confuso, ele busca orientação nos conselhos de Deus. Ele medita na Lei do Senhor.

(c) ele medita na Lei do Senhor de dia e de noite.
O homem feliz, não apenas medita na Lei do Senhor, ele o faz de dia e de noite. Ele não medita na Palavra de Deus quando sobra tempo. Ele enfrenta as batalhas da vida com a espada do Espírito na mão. A expressão “de dia e de noite” indica constância.

Quanto tempo gastamos com a Palavra de Deus? Passamos tempo suficiente pensando em suas afirmações? O que podemos fazer para cultivamos mais tempo com a Palavra de Deus?

1.3. O justo é bem-aventurado por aquilo que ele é.

Note que o justo é comparado a uma árvore. Quais as características dessa árvore?
Þ   Ela tem raiz: é forte e sólida;
Þ   Ela é frutífera;
Þ   Ela é firme: não sucumbe em dias de dificuldades;
Þ   Ela é próspera: se submete aos preceitos do Senhor.

Você tem sido uma árvore frutífera? Está vencendo os seus pecados? Está falando de Cristo? Está amando os inimigos? Tem confiado mais e se preocupado menos? Tem colocado os seus dons a serviço de Deus e do próximo?

II. A INFELICIDADE DOS ÍMPIOS (vv. 4-6)

E os ímpios, como são? A Bíblia diz que eles são “como a palha que o vento dispersa” (v. 4). Essa imagem nos remete à debulha do trilho. O agricultor lançava o trilho para cima, e o vento dispersava a palha, por ser mais leve. A metáfora indica que Deus vai abater o ímpio com o sopro de Sua boca. Por isso, os ímpios não vão prevalecer diante do juízo de Deus (v. 5). O caminho deles é perdição eterna (v. 6).

Portanto, não tenha inveja dos ímpios. A prosperidade deles não significa aprovação divina. Eles serão julgados, a menos que se arrependam de seus maus caminhos. A vida abundante só pode ser vivida na presença do Senhor.

CONCLUSÃO

Encerro esse estudo, apresentando uma paráfrase do Salmo 1, escrito por Charles R. Swindoll:

Feliz, muitas e muitas vezes feliz o homem que temporariamente, ou mesmo casualmente, não imita o plano de vida daqueles que vivem na atividade de confusão pecaminosa, nem se detém em meio àqueles que erram o alvo em termos espirituais, nem se estabelece e mora na habitação da multidão blasfema. Mas (em contraste com este tipo de estilo de vida) tem grande prazer na Palavra de Deus, refletindo sobre ela e meditando nela todos os momentos em que está acordado, de dia ou de noite. O resultado: Ele tornar-se-á como uma árvore — firme, frutífera, que não murcha, e cumprindo na vida os propósitos que Deus determinou para ele. Não são assim, os ímpios! Eles são como cascas sem valor batidas e castigadas pelos ventos da vida (espalhando-se e vagando sem propósito). Portanto, em razão da sua inutilidade interior sem o Senhor, os ímpios não serão capazes de se levantar no dia do juízo, nem possuem qualquer direito de serem contados entre a congregação daqueles declarados justos por Deus, porque o Senhor está inclinado na direção dos seus justos e está ligado a eles através de amor e cuidado especiais; mas o caminho daquele que vivem sem o Senhor conduzirá apenas à ruína eterna. [2]




Fabrício A. de Marque

_____________________________

Notas:
[1] SPURGEON, Charles. Os Tesouros de Davi, vol. 1. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2017. p. 16.
[2] SWINDOLL, Charles R. Vivendo Salmos: motivação para os desafios da vida moderna. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2014. p. 23.



Nenhum comentário:

Se você foi edificado, deixe-nos um comentário!
Obrigado pela visita!