pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: ESTUDO 02: O Senhor Reina

ESTUDO 02: O Senhor Reina

LEITURA DO TEXTO:

1. Por que se enfurecem as nações e os povos imaginam coisas vãs? 2. Os reis da terra se levantam, e as autoridades conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: 3. ‘Vamos romper os seus laços e sacudir de nós as suas algemas’. 4. Aquele que habita nos céus dá risada; o Senhor zomba deles. 5. Na sua ira, a seu tempo, lhes falará e no seu furor os deixará apavorados, dizendo: 6. ‘Eu constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião’. 7. O rei diz: ‘Proclamarei o decreto do Senhor. Ele me disse: ‘Você é meu Filho, hoje eu gerei você. 8. Peça, e eu lhe darei as nações por herança e as extremidades da terra por sua possessão. 9. Com uma vara de ferro você as quebrará e as despedaçará como um vaso de oleiro’ ’. 10. Agora, pois, ó reis, sejam prudentes; deixem-se advertir, juízes da terra. 11. Sirvam o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor. 12. Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.” (Salmos 2.1-12, NAA)

INTRODUÇÃO

O salmo 2 é chamado pelos teólogos de “salmo messiânico”. Como saber quando um salmo é messiânico? Quando o mesmo salmo é citado no NT, fazendo referência a Jesus, temos um salmo messiânico diante de nós. Há 12 salmos messiânicos dentro do Saltério (cf. Sl 8, 16, 22, 23, 40, 41, 45, 68, 102, 110 e 118).
O salmo 2 é considerado o mais messiânico de todos, uma vez que é citado 18 vezes no NT. Sabemos que seu autor foi o rei Davi, porque isso é mencionado em Atos 4.25. Esse belíssimo salmo responde à pergunta: quem é verdadeiro Rei de toda a terra? Por isso, o seu tema central é a soberania de Deus. Assim, podemos estruturar o salmo 2 em quatro partes:

A rebelião das nações
(vv. 1-3)
A tranquilidade de Deus
(vv. 4-6)
A vitória do Messias
(vv. 7-9)
O chamado ao compromisso
(vv. 10-12)

I. A REBELIÃO DAS NAÇÕES (vv. 1-3)

O salmo começa com uma pergunta: “Por que se enfurecem as nações e os povos imaginam coisas vãs?” (v. 1). A imagem retratada é de um mar enfurecido batendo contra a rocha. As nações estrangeiras estão enfurecidas contra Deus. Note que elas imaginam “coisas vãs”. Aqui, o salmista tem em vista os planos dos ímpios. São todos planos inúteis e fúteis. Quais são esses planos? Planos de conspiração contra o Senhor e contra o Ungido do Senhor (cf. v. 2). Esse texto, no sentido primário, fala do rei Davi, o rei segundo o coração de Deus, ungido pelo Senhor através do profeta Samuel. Todavia, no sentido profético, fala de Cristo, o Ungido de Deus. Sabemos disso, graças à revelação do NT, onde esse salmo é aplicado a Jesus:

“Disseste por meio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: ‘Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Os reis da terra se levantaram, e as autoridades se juntaram contra o Senhor e contra o seu Ungido’ — Porque de fato, nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, se juntaram contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (Atos 4.25-28, NAA)

Perceba a forma como as nações querem conspirar contra o Senhor e o seu Ungido. Elas dizem: Vamos romper os seus laços e sacudir de nós as suas algemas’ (v. 3). A imagem pintada é de um animal teimoso, querendo se livrar das amarras do seu dono. Colocando em outras palavras, as nações não querem o governo de Deus sobre elas. Assim são os homens naturais. Eles querem ser senhores de si mesmos.
Diante disso, surge uma pergunta: por que as nações não querem o governo de Deus sobre elas? Deus não é perdoador, bondoso e cheio de graça? Não há qualquer lógica em rejeitá-lo assim. A resposta está no início da Bíblia, e nos remete ao início da história da humanidade. O homem pecou e se corrompeu (cf. Gn 3). Já percebeu a expressão de alguns quando falamos de Cristo para eles? De Gênesis 3 em diante, os homens querem romper os laços e sacudir as algemas. As nações se enfurecem porque o homem se tornou espiritualmente depravado.
Aqui há uma lição especial para nós. Não podemos confiar nos empreendimentos humanos, como instituições, governos, ideologias, etc. Os homens são corrompidos, logo, a solução para o problema do pecado não está no homem. Também não podemos confiar em nós mesmos. Não podemos dar um jeito em nossa situação diante de Deus. O principal problema do mundo e das pessoas é o pecado.

“O coração do problema humano é o problema do coração humano” (John Stott)

II. A TRANQUILIDADE DE DEUS (vv. 4-6)

Qual a reação de Deus, diante da conspiração dos ímpios rebeldes? Será que Deus fica intimidado? Será que Ele se sente acuado? Diz o texto: Aquele que habita nos céus dá risada; o Senhor zomba deles” (v. 4). Esse verso reflete outros versos do Saltério:

“O Senhor dá risada dos ímpios, pois vê que o dia deles está chegando” (Sl 37.13)

“Mas tu, Senhor, vais rir deles; zombarás de todas as nações” (Sl 59.8)

O quadro expresso é de um vencedor ridicularizando o oponente derrotado. Pode parecer estranho Deus agir dessa maneira, mas é exatamente assim que Ele está agindo. Afinal de contas, por que o Senhor dá risada dos ímpios? Observe:

“Na sua ira, a seu tempo, lhes falará e no seu furor os deixará apavorados, dizendo: ‘Eu constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião’.” (vv. 5-6)

Deus ri, porque o Seu Rei já foi estabelecido no monte Sião. As nações são pretenciosas e arrogantes, mas Deus estabeleceu o Seu Rei. Originalmente, o rei, evidentemente, foi Davi. Todavia, Davi foi tipo de um Rei futuro: o Rei Jesus. É importante ter isso em mente à medida que você medita no salmo 2.

Quem é esse Rei que foi estabelecido?
« Ele é o centro das Escrituras;
« Ele é o centro do culto público e privado;
« Ele é o centro de toda a história da humanidade;
« Ele é o centro da nossa vida;
« Ele é o Criador de todo o universo;
« Ele é o Rei que nos fez geração eleita, sacerdócio real e nação santa;
« Ele é o Rei que tocou e transformou completamente a nossa vida;
« Ele é a Pessoa mais importante do mundo;
« Ele é o Rei que perpassa nossa profissão, família, nossos diplomas, e nosso ser.
« Ele é a razão da nossa vida.

Há um Rei estabelecido. Por isso, Deus dá risada e zomba dos ímpios. Aqui aprendemos mais uma lição importante para o nosso coração. Deus não pode ser pressionado nem ameaçado por ninguém. Deus está em Seu trono, no controle de todas as coisas. Você confia na Sua força e na Sua bondade?

"Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor." (Pv 21.30, ACF)

III. A VITÓRIA DO MESSIAS (vv. 7-9)

Note que o discurso sofre uma mudança. Davi começa falando de si mesmo, mas na terceira pessoa (“o rei”). Profeticamente, porém, Davi está falando do Messias. O que o Messias diz?

“O rei diz: ‘Proclamarei o decreto do Senhor’ [...]” (v. 7a)

Que decreto é esse, afinal?

“Ele [o Senhor] me disse: ‘Você é meu Filho, hoje eu gerei você. Peça, e eu lhe darei as nações por herança e as extremidades da terra por sua possessão. Com uma vara de ferro você as quebrará e as despedaçará como um vaso de oleiro’.” (vv. 7b-9)

Perceba isso. Os reis da terra se rebelam, mas Deus estabeleceu o Seu Rei. Deus estabeleceu o Seu Rei, e ainda deu a Ele as nações da terra como herança. Não só isso. O Rei Jesus também recebeu do Senhor o poder e a autoridade para despedaçá-las. Em outras palavras, é como se Deus estivesse dizendo para as nações: “Baixa a bola! O Rei tem poder para destruir todas vocês, se Ele quiser”. Isso nos faz lembrar do que o próprio Jesus disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18). Comentando sobre esse trecho do salmo 2, João Calvino escreveu:

“O sopro de sua boca substitui todas as demais armas [...]. Ainda que Cristo não mova sequer um dedo, no entanto, ao falar, ele troveja pavorosamente contra seus inimigos e os destrói só com a vara de sua boca. Podem lamuriar e protestar, e com o furor de um louco resisti-lo como nunca, mas finalmente serão compelidos a sentir que aquele, a quem se recusam honrar como seu rei, é seu juiz.” [1]

IV. O CHAMADO AO COMPROMISSO (vv. 10-12)

A parte final do salmo apresenta uma nota de misericórdia. Note que o salmista chama as autoridades ímpias à submissão e ao serviço:

“Agora, pois, ó reis, sejam prudentes; deixem-se advertir, juízes da terra. Sirvam o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor” (vv. 10-11)

A palavra “servir” significa “adorar”. Os reis da terra devem reconhecer que o Messias é o único Rei verdadeiro. Além disso, o salmista também chama os reis da terra a beijarem o Filho:

“Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (v. 12)

O beijo era sinal de submissão no Antigo Oriente Médio. O beijo, aqui, não é o beijo da traição, mas sim, da reconciliação.  Quem se refugiar no Filho, será bem-aventurado (note que é a mesma palavra que ocorre no início do salmo 1). Deus está dando uma oportunidade de arrependimento às nações rebeldes.
Observe o que está acontecendo aqui. O Deus Pai disse ao Deus Filho: “Peça, e eu lhe darei as nações por herança e as extremidades da terra por sua possessão”. Séculos mais tarde, o Filho encarnado está diante dos discípulos, e afirma:

“Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mateus 28.18-20, NAA)

Temos o privilégio de participar da história de Deus na terra. O Senhor Soberano está conduzindo as nações aos pés de Seu Filho. Ele está fazendo isso através da Sua Igreja, portadora do evangelho da graça, e representante de Deus na terra (cf. 2Co 5.20). As nações são a herança de Jesus. Que privilégio ser participante disso!

Quais as consequências que uma pessoa vai colher, caso não se submeta ao Filho?

(1) ela provocará Sua ira (“Beijem o Filho para que não se irrite”);
(2) ela perecerá para sempre (“E não pareçam no caminho”).

“E o Pai não julga ninguém, mas confiou todo julgamento ao Filho, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou” (João 5.22-23, NAA)

Concluo esse estudo, deixando uma pergunta para você: você já beijou o Filho? Se a tua resposta for “sim”, eu faço uma nova pergunta: você está pregando as boas-novas aos rebeldes? Espero que a sua resposta seja sim para as duas perguntas.




Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] CALVINO, João. Salmos, volume 1, São José dos Campos: Fiel, 2009. p. 63.



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