pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: ESTUDO 05: Superando o Sentimento de Abandono

ESTUDO 05: Superando o Sentimento de Abandono

LEITURA DO TEXTO:

1. Até quando, Senhor, te esquecerás de mim? Será para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? 2. Até quando estarei relutando em minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim? 3. Olha para mim e responde-me, Senhor, meu Deus! Ilumina os meus olhos, para que eu não durma o sono da morte; 4. para que o meu inimigo não diga: “Prevaleci contra ele”; e não se alegrem os meus adversários, se eu for abalado. 5. Quanto a mim, confio na tua graça; que o meu coração se alegre na tua salvação. 6. Cantarei ao Senhor, porque ele me tem feito muito bem” (Salmos 13.1-6, NAA)

INTRODUÇÃO

Um dos sentimentos mais cruéis que existe é o sentimento de abandono. O abandono é tão cruel, a ponto de ser considerado crime perante a lei:

Artigo 229 da Constituição Federal de 1988:
“Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

Na vida cristã, haverá momentos em que parecerá que Deus nos abandonou. Jesus sentiu, literalmente, o abandono do Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Como podemos enfrentar o sentimento de abandono a partir do salmo 13?

SOBRE O SALMO 13

Davi é o autor do salmo 13. Ele escreveu esse salmo quando estava sendo perseguido por Saul. Isso aconteceu antes mesmo de Davi ocupar o trono de Israel. O pano de fundo encontra-se em 1 Samuel 18.9-15, 28-29:


“Daí em diante Saul olhava com inveja para Davi. No dia seguinte, um espírito maligno mandado por Deus apoderou-se de Saul e ele entrou em transe profético em sua casa, enquanto Davi tocava harpa, como costumava fazer. Saul estava com uma lança na mão e a atirou, dizendo: "Encravarei Davi na parede". Mas Davi desviou-se duas vezes. Saul tinha medo de Davi porque o Senhor o havia abandonado e agora estava com Davi. Então afastou Davi de sua presença e deu-lhe o comando de uma tropa de mil soldados, e Davi a conduzia em suas campanhas. Ele tinha êxito em tudo o que fazia, pois o Senhor estava com ele. Vendo isso, Saul teve muito medo dele. [...] Quando Saul viu claramente que o Senhor estava com Davi e que sua filha Mical o amava, temeu-o ainda mais e continuou seu inimigo pelo resto de sua vida.”

ESTRUTURA DO SALMO 13:

Os Sentimentos Internos do Abandonado
(vv. 1-2)
O Clamor do Abandonado
(vv. 3-4)
A Restauração do Abandonado
(vv. 5-6)

I. OS SENTIMENTOS INTERNOS DO ABANDONADO (vv. 1-2)

Davi começa o salmo apresentando questionamentos ao Senhor. Note que o salmista faz 5 questionamentos em apenas dois versículos:

ü  Até quando, Senhor, te esquecerás de mim?
ü  Será para sempre?
ü  Até quando esconderás de mim o teu rosto?
ü  Até quando estarei relutando em minha alma, com tristeza no coração cada dia?
ü  Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim?

A expressão “até quando” aparece 22 vezes em todo o Saltério. Em meio à sua angústia, Davi se esconde em quatro fugas mentais. Não se esqueça que fazemos o mesmo quando estamos sofrendo forte pressão.

1.1. Deus se esqueceu de mim” (v. 1a).
Pode Deus se esquecer de alguma coisa? O sofrimento de Davi era tão intenso, que parecia que Deus o abandonara. Nós já passamos por momentos assim também. No entanto, Deus nunca se esquece de nós. Mas nós, sim, nos esquecemos dEle.

1.2. Deus não se importa comigo” (v. 1b).
Davi questiona: “Até quando o Senhor vai esconder o Seu rosto de mim?” O salmista está experimentando um profundo sentimento de abandono. Alguns fazem o mesmo: “O Senhor não prometeu cuidar de mim?”. Deus sabe que precisamos dEle para viver. Não permita que os teus sentimentos coloquem o caráter de Deus em dúvida.

1.3. Deus me deixou sozinho em minha tristeza” (v. 2a).
Davi estava mergulhado em profunda tristeza. Parece que o seu sofrimento nunca chegaria ao fim. Deus se compadece de nossa dor e tristeza. Deus não é indiferente ao nosso sofrimento. Por isso:

“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” (Provérbios 3.5-6, NVI)

1.4. Deus permitiu que os meus inimigos triunfassem sobre mim” (v. 2b).
Davi diz: “Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim?”. Davi está cansado de fugir das investidas de Saul. Por que Deus não coloca um ponto final nessa perseguição? Por que Deus não abate Saul e coloca Davi no trono? Algumas perguntas não serão respondidas por Deus. Quando isso acontecer, precisamos continuar caminhando em fé.

II. O CLAMOR DO ABANDONADO (vv. 3-4)

Verso 3:
No verso 3a, Davi pede para Deus olhar para ele e respondê-lo: Ele diz: “Olha para mim e responde-me, Senhor, meu Deus”. Davi sente que Deus fechou os olhos e não está vendo o seu sofrimento. Todavia, a Bíblia diz que os olhos do Senhor estão por toda parte. Diz também que Deus olha para o Seu povo de maneira especial:

“Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua miser9icórdia, para livrar a alma deles da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida.” (Salmos 33.18-19)

“Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor.” (Salmos 34.15)

Ainda no verso 3, Davi pede para Deus iluminar os seus olhos (v. 3b). Por que ele pede isso? Davi não está cego fisicamente.  Ele se refere aos olhos espirituais, os olhos do coração (cf. Ef 1.18). Ele está pedindo para Deus ajudá-lo a entender o que está acontecendo. Mas pode ser que Davi esteja pedindo por alegria também. Afinal, os olhos refletem a realidade do coração. Em outras palavras, se Deus não o restaurar, Davi sente que vai morrer (“durma o sono da morte”).

Verso 4:
Se Davi não vencer essa situação, os seus inimigos vão se alegrar. Davi deixa claro que não quer que seus inimigos se alegrem. Se Davi morrer, os inimigos dirão: “Prevaleci contra o rei”.

Não sabemos quanto tempo um sofrimento pode durar. No entanto, todo sofrimento terreno tem prazo de validade. Deus não se esqueceu de nós. Deus não fechou os olhos para a nossa situação.

III. A RESTAURAÇÃO DO ABANDONADO (vv. 5-6)

Verso 5:
Depois de clamar ao Senhor, Davi está mais confiante. Ele expressa sua confiança na graça de Deus, ou em Seu amor, conforme a NVI. Cabe refletirmos sobre algo: O sofrimento de Davi tinha terminado? Com certeza não. Então por que ele estava angustiado, mas agora está confiante? Porque ele orou, e a sua fé cresceu. A fé cresce dentro do ambiente da oração.
Em seguida, ele diz: “que o meu coração se alegre na tua salvação” (v. 5b). A salvação vem do Senhor. Refletir na misericórdia de Deus que nos salvou, gera alegria no coração.

Verso 6:
Depois de expressar confiança, Davi termina o salmo expressando gratidão. Ele diz: “Cantarei ao Senhor, porque ele me tem feito muito bem”. As atitudes de Davi no salmo 13 ilustram perfeitamente o princípio de Tiago:

“Alguém de vocês está sofrendo? Faça oração. Alguém está alegre? Cante louvores.” (Tiago 5.13)

Mas perceba que Davi ainda não recebeu o livramento de Deus. Ele põe o verbo no futuro (“cantarei”). Deus sempre foi bom com Davi, e o salmista sabe que não será diferente dessa vez. Davi se alegra antes de ser favorecido. Comentando sobre isso, Calvino disse:

“É possível que não vivamos totalmente livres de sofrimento, não obstante é necessário que essa fé regozijante se erga acima dele e nossa boca se abra em cântico por conta da alegria que está reservada para nós no futuro, embora ainda não seja experimentada por nós.” [1]

CONCLUSÃO

Por fim, a grande lição que aprendemos com o salmo 13 é a seguinte:

Não devemos confiar em nossos sentimentos nem nas circunstâncias externas. Devemos, sim, confiar no caráter imutável de Deus e na Sua bondade para com o Seu povo.




Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] CALVINO, João. Salmos, volume 1, São José dos Campos: Fiel, 2009. p. 241.


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