pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Existe Pecado, Pecadinho e Pecadão?

Existe Pecado, Pecadinho e Pecadão?


Uma das funções da teologia é estabelecer distinções. É simplesmente impossível negar a importância e a necessidade dessa tarefa. Através das distinções, erros teológicos e heresias grosseiras são evitadas. Estou falando isso, porque a pergunta-título deste texto deve ser respondida, inicialmente, com uma distinção.

Sendo assim, a resposta à pergunta-título é sim num sentido, e não noutro sentido. Vou explicar melhor. Pense, por exemplo, em dois pecados específicos: a mentira e o homicídio. Contar uma mentira é suficiente para que uma pessoa seja culpada diante de Deus? A resposta é sim. E quanto ao homicídio? Cometer um assassinato é suficiente para que uma pessoa seja culpada diante de Deus? A resposta é sim também.

O que quero dizer é que qualquer pecado nos torna legalmente culpados perante o Senhor. Uma mentira não é diferente de um assassinato no que diz respeito à culpa legal que atinge o transgressor. A Bíblia diz que o juízo de Deus sobre a raça humana “veio de uma só ofensa para condenação” (Rm 5.16). Uma só ofensa. Diz também que aquele que “tropeçar em um só ponto [da lei], tornou-se culpado de todos” (Tg 2.10).

Assim, a primeira resposta à pergunta inicial é que não existe pecado, pecadinho e pecadão. Qualquer pecado (grande ou pequeno) nos torna legalmente culpados. Todos os pecados são suficientes para nos tornar pecadores e merecedores da ira de Deus.

Em contrapartida, existem pecados maiores e piores do que outros. As consequências advindas deles são maiores e o desprazer de Deus em relação a eles são maiores também. Jesus disse a Pilatos que o pecado de Judas Iscariotes (a traição do Filho de Deus) foi maior: “aquele que me entregou a ti maior pecado tem” (Jo 19.11). Jesus disse aos fariseus que eles desprezavam a justiça, a misericórdia e a , que são “os preceitos mais importantes da Lei” quando comparados ao dízimo (Mt 23.23). Jesus estava dizendo que negligenciar a justiça, a misericórdia e a fé é um pecado maior do que negligenciar o dízimo.

A sabedoria de Provérbios afirma que Deus se aborrece de determinados pecados, mas simplesmente abomina outros (Pv 6.16). Isso indica que há pecados maiores, capazes de gerar maior desprazer em Deus e maiores consequências sobre aquele que os pratica. O apóstolo João afirmou que existe pecado que não é para a morte, mas ele também disse que existe um tipo de pecado que é para a morte. O pecado para a morte é tão maior que os outros, a ponto de João ordenar que não oremos por tal pessoa (1Jo 5.16-17). Leia também sobre as maiores abominações que são reveladas a Ezequiel (Ez 8.6-17).

Portanto, a segunda resposta à pergunta inicial é sim: existem pecados maiores e pecados menores. O que aprendemos com tudo isso? Gostaria de destacar duas aplicações para encerrar. Primeiro, todos nós ainda carregamos pecados maiores do que outros. Devemos tratar de todos eles, obviamente. Todavia, os pecados mais graves devem receber um tratamento maior a fim de aprofundarmos a nossa santidade e para preservarmos o evangelho de escândalos.

E segundo, pecados maiores exigem que conversemos em particular com a pessoa faltosa. Não precisamos, o tempo todo, ficar apontando a menor falta cometida. Contudo, faltas maiores devem ser mencionadas sempre que necessário, para o bem do pecador e para o bem da verdade (Tg 5.19-20).


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