pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: O que é a Teologia Kenótica? Ela é bíblica?

O que é a Teologia Kenótica? Ela é bíblica?


A “Teologia Kenótica” (ou “Teoria da Kenosis”) ensina, basicamente, que Jesus, o Verbo de Deus, se transformou em homem na encarnação, abrindo mão de alguns atributos da divindade, como a onisciência, onipresença e onipotência. Quando Jesus ascendeu aos céus, após a ressurreição, Ele se transformou novamente no Verbo de Deus, reassumindo os atributos que haviam sido “abandonados”. Assim, entre a encarnação e a ascensão, Jesus foi plenamente homem e plenamente sem pecado, porém, durante esse curto período, Ele não foi plenamente Deus, pois se autolimitou voluntariamente.

Essa teoria foi defendida entre o período de 1860 e 1910 por teólogos alemães e ingleses. Antes dessa época, a Teologia Kenótica nunca foi ensinada durante a história da igreja. A palavra “Kenosis” procede do verbo grego kenoō, que significa “esvaziar-se”. Vemos o termo em Filipenses 2.7, geralmente traduzido como esvaziou-se: Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (ACF). Será que essa teologia está correta? Jesus abriu mão de alguns atributos da divindade durante a encarnação?

A resposta é não. A seguir, apresento cinco argumentos em refutação à Teologia Kenótica: (1) nenhum estudioso sério, durante 1800 anos de tradição teológica, compreendeu o termo “Kenosis” conforme a proposta dessa teoria. Nem mesmo os estudiosos gregos afirmaram que Jesus abriu mão de alguns atributos da divindade; (2) o versículo bíblico não diz que Jesus “abriu mão de alguns atributos” nem que Ele “deixou de ser plenamente Deus temporariamente”. Essa é uma pressuposição equivocada, pois atribui um significado diferente ao termo grego;

(3) o esvaziamento de Cristo é descrito pelo próprio texto: E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.8). Em outras palavras, Jesus se esvaziou ao assumir a natureza humana, e não ao abrir mão de alguns atributos divinos. Na encarnação, ocorreu uma mudança de função e condição, não de atributos. Jesus era verdadeiramente Deus; agora Ele se tornou verdadeiro Deus e verdadeiro homem;

(4) o objetivo do apóstolo Paulo era conduzir os filipenses a imitarem o exemplo de Jesus. Para isso, ele mostra que Jesus assumiu a natureza humana, demonstrando, com isso, Sua humildade incomparável. Semelhantemente, os filipenses deveriam abandonar a vanglória e a contenda, optando pela humildade comunitária. Paulo não diz para os filipenses abrirem mão de seus atributos pessoais (inteligência, força, habilidades, etc.). Assim, a passagem não ensina que Jesus abriu mão de alguns atributos, mas sim, que Ele abriu mão da condição e do privilégio que possuía no céu;

E (5) finalmente, o Teologia Kenótica deve ser rejeitada porque o contexto maior das Escrituras não apoia o seu ensino. Se fosse verdade que Jesus abriu mão de alguns atributos da divindade durante a encarnação, isso não deveria ser ensinado no restante das Escrituras? E por que a Bíblia não ensina? A Teologia Kenótica tem um só versículo como fundamento, e ainda mal interpretado.

Em última instância, essa teoria acaba negando a plena divindade de Jesus e o faz menor do que o Pai e o Espírito. Se Jesus abriu mão de alguns atributos durante determinado período, conclui-se que Ele não era verdadeiramente Deus durante determinado período. Isso é, claramente, uma heresia. Mesmo que a intenção dos defensores da Teologia Kenótica não seja negar a divindade de Cristo, a conclusão lógica da teoria é exatamente essa. Intencionalmente ou não, a teoria está errada.

Portanto, concluo essa breve reflexão com um excerto da Declaração de Fé Calcedônia (451 d.C.): “[...] ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade [...]”.


Fabrício A. de Marque



Um comentário:

  1. Graça E Paz. Para Glória do Deus Vivo Jesus O Cristo Esse Ressuscitado, estou, estudando, Teontologia, do livro de Chafer, Teologia Sistemática. E me deparei, com, Teologia Kenóticas. Quando, examei na internet, me deparei, com seu estudo. Para Glória do Deus Vivo, me, edifiquei, e vou seguir estudando, Lewis Sperry Chafe.

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