pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: As Mentiras Que Nos Contaram Sobre Deus: William P. Young

As Mentiras Que Nos Contaram Sobre Deus: William P. Young


Com esse título provocativo, o autor chama nossa atenção. Será que fomos enganados? Será que Deus é diferente do que a tradição sempre ensinou? Antes de qualquer comentário, quero falar sobre a estrutura do livro em si. A obra possui 28 “mentiras” sobre Deus. Cada “mentira” é abordada em um capítulo, e assume o título do próprio capítulo. No fim do livro, logo após as “mentiras” apresentadas, há outras informações que falarei mais adiante.

O livro tem 160 páginas, e cada “mentira” é relatada em 5 páginas aproximadamente, o que torna a leitura leve e suave. Além disso, o autor emprega uma linguagem extremamente acessível e fácil de entender. Você não fica cansado nem perde a concentração. A obra foi publicada no Brasil em 2017, pela editora Sextante (RJ). Como escritor, o autor é realmente muito bom. Para quem não sabe, o famigerado livro “A Cabana” (que até virou filme), também foi escrito por ele, chegando a vender mais de 4 milhões de exemplares só em nosso país.

Posto isso, vamos falar do conteúdo do livro. Como você notou, o propósito principal deste texto não é elogiar a obra (embora isso possa ser feito em algum ponto), mas criticá-la. E por que criticá-la? Porque existe erros gravíssimos em seu conteúdo. Eu diria mais: existe heresias grosseiras que não podemos aceitar como verdade. William P. Young faz várias (não todas) afirmações verdadeiras sobre a Pessoa de Jesus.

Jesus é Deus-homem. Ele ressuscitou literalmente dos mortos e ascendeu aos céus. Todavia, ele conduz esse ensino ortodoxo a uma conclusão herética: a heresia do universalismo. Através dos eventos redentores de Jesus (vida, morte, ressurreição e ascensão), toda a humanidade e todo o cosmo foram unidos a Deus definitivamente. Não importa se alguém recebe a Jesus pela fé. O que garante tal união não é a fé em Jesus Cristo, mas sim, a fé de Jesus Cristo. Aliás, o nome de uma das “mentiras” é: “você precisa ser salvo” (cap. 13). Em outras palavras, não precisamos ser salvos (condição), pois já somos salvos (realidade).

Percebe-se, durante a leitura, que a doutrina central é o universalismo. Mas, infelizmente, outros absurdos também são ensinados. Por exemplo, no capítulo 3, o autor nega que Deus esteja no controle de todas as coisas. Segundo ele, “inventamos essa ideia como parte da nossa necessidade de dominar e manter o mito da certeza” (p. 25). No capítulo 15, ele nega a realidade do inferno como separação de Deus. O inferno assume uma concepção existencial: “Proponho a possibilidade de o inferno não ser a separação de Jesus, mas a dor de resistir à nossa salvação em Jesus sem sermos capazes de escapar dele, que é o Verdadeiro Amor” (p. 81).

Na última afirmação, o autor está dizendo que ninguém pode fugir da salvação em Jesus, pois a Sua obra redentora já garantiu a presença de todos ao lado de Deus. Por isso, resistir a esse fato é uma tentativa tola e vã, ou seja, não vai adiantar nada. E essa resistência inútil constitui o próprio “inferno”. No capítulo 17, o autor afirma que a cruz não foi ideia de Deus, e sim dos homens, pois a cruz é um instrumento perverso, uma manifestação de nosso compromisso com as trevas: “Quem deu origem à cruz? Se foi Deus, então cultuamos um agressor cósmico que, em sua Divina Sabedoria, criou uma forma de torturar seres humanos da maneira mais dolorosa e abominável possível” (p. 88).

Sinceramente, não sei que resposta o autor daria ao profeta Isaías que, sob inspiração do Espírito, disse que Deus se agradou em esmagar Jesus, fazendo-o sofrer, pois a Sua morte redundaria em vida (Is 53.10-11). Quase toda citação bíblica que Young faz, ele o faz fora do contexto e lançando mão de uma interpretação tendenciosa, para dizer o mínimo. A sua esposa disse (elogiando-o) que Young pensa fora da caixinha. Realmente, ele pensa fora da caixinha e fora da Bíblia também.

Após o último capítulo do livro, no tópico Uma catenaO drama da redenção de Deus, o autor oferece uma lista com mais de 30 versículos em defesa do universalismo. Todos tendenciosamente selecionados. No Posfácio, escrito pelo seu amigo teólogo C. Baxter Kruger (autor do livro “De Volta à Cabana”, uma explicação teológica de “A Cabana”), há um comentário condensado do pensamento de Young e, novamente, outra argumentação em defesa do universalismo.

Finalmente, no tópico “Últimas palavras”, o autor cita o famoso pastor luterano Dietrich Bonhoeffer (1906—1945). A citação é uma defesa do universalismo. E alguns fatos parecem indicar que, infelizmente, Bonhoeffer também endossava essa perversa teologia. Assim, considero o livro de Young uma péssima referência e um grande perigo, especialmente para os novos na fé. Nada é mais perigoso do que misturar algumas verdades com algumas falsidades. A convicção que fica é que o livro de William P. Young é uma grande mentira que ele escreveu sobre Deus.



Fabrício A. de Marque



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