pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: A Ordo Salutis (1/10): Eleição

A Ordo Salutis (1/10): Eleição


A expressão Ordo Salutis é de origem latina, cujo significado é Ordem da Salvação. Trata-se de um conceito teológico muito importante. Esse conceito apresenta o processo lógico pelo qual a obra da salvação é realizada na vida dos pecadores, do início ao fim. Esse processo lógico ocorre em etapas (ou em “degraus” progressivos).

Cada etapa explica um conceito fundamental da doutrina da salvação. Obviamente, não se trata de meros conceitos. Os conceitos explicam o que acontece nos decretos de Deus e em nossa experiência pessoal de salvação.

Existe certa divergência em relação à quantidade de etapas que abrange a ordem da salvação. Há também divergências em relação ao que vem primeiro nessa ordem. Por exemplo, o que vem primeiro: a regeneração ou a fé? Em outras palavras, você primeiro foi regenerado e, por isso, creu em Jesus, ou você primeiro creu em Jesus e, por isso, foi regenerado? A resposta que você der a essa pergunta revelará tua posição teológica.

Posto isso, iniciarei esta pequena reflexão apresentando a primeira etapa da Ordo Salutis: a eleição. O que ensina a doutrina bíblica da eleição? Segundo Wayne Grudem (Teologia Sistemática, p. 560), a eleição é um ato de Deus, antes da criação, no qual ele escolhe algumas pessoas para serem salvas, não por causa de algum mérito antevisto delas, mas somente por causa de sua suprema boa vontade.

Na Bíblia, a eleição é apresentada em pelo menos três sentidos: (1) A eleição da nação de Israel como povo (Dt 10.15); (2) A eleição de pessoas para o exercício de algum ofício (1Sm 10.24); e (3) A eleição de pessoas para a salvação eterna (Ef 1.4).

Muitos versículos deixam claro que Deus determinou de antemão quem seria salvo. Por exemplo, quando Paulo e Barnabé começaram a pregar o Evangelho aos gentios em Antioquia, Lucas escreveu: “Os gentios, ouvindo isto, se alegravam e glorificavam a palavra do Senhor. E creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48).

Na carta aos Romanos, Paulo fala de Jacó e Esaú. Por que Jacó foi aceito e Esaú foi rejeitado? Alguns afirmam que foi por causa da qualidade da oferta que cada um ofereceu a Deus. No entanto, a Bíblia diz algo diferente: “E os gêmeos ainda não eram nascidos, nem tinham feito o bem ou o mal — para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama [...]” (Rm 9.11). Jacó foi escolhido e Esaú rejeitado “para que o propósito de Deus quanto à eleição prevalecesse”.

Diante destes textos, é errado negar a doutrina da eleição. Uma pessoa pode não aceitar, mas ela não pode dizer que a Bíblia não fala sobre isso. Ademais, rejeitar tal ensino seria errado também, pois significa ir contra o que Deus revelou. Muitos dizem que a eleição é um tema teológico demais e, por isso, não possui relevância prática para a vida cristã. Isso é um equívoco e revela superficialidade de entendimento.

Além de servir de conforto nas tribulações e de incentivo à evangelização, a eleição deve nos levar ao louvor. Quando pensamos que Deus nos salvou por graça, misericórdia e amor — e não porque viu mérito em nós — o nosso coração se enche de louvor. É por isso que Paulo disse que Deus nos escolheu “a fim de sermos para louvor da sua glória [...]” (Ef 1.12). Por isso bradamos: Soli Deo Gloria!



Fabrício A. de Marque



Nenhum comentário:

Se você foi edificado, deixe-nos um comentário!
Obrigado pela visita!