pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: É Errado Discutir Teologia?

É Errado Discutir Teologia?


Existe um adágio popular que diz: “Religião não se discute”. Alguns cristãos reformularam a frase e trouxeram para o universo evangélico, dizendo: “Teologia não se discute”. Dizem que o apóstolo Paulo ensinou isso: “[...] evitem brigas a respeito de palavras, pois isso não serve para nada, a não ser para prejudicar os ouvintes” (2Tm 2.14). E mais: “Evite as discussões insensatas e absurdas, pois você sabe que elas só provocam brigas. O servo do Senhor não deve andar metido em brigas [...]” (2Tm 2.23-24a).

Essa postura de alguns evangélicos é estranha. O apóstolo Paulo discutiu questões teológicas com os judeus: “Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, discutiu com eles a respeito das Escrituras” (At 17.2). Não só com os judeus. Paulo também debateu com alguns filósofos de sua época: “E alguns dos filósofos epicureus e estoicos discutiam com ele [...]” (At 17.18). Paulo estaria pregando uma coisa e praticando outra? É óbvio que não. Vamos tentar entender essa questão um pouco melhor.

Debater ou discutir teologia não é o mesmo que contender. Devemos evitar brigas e contendas. Isso não combina com um servo de Deus que deve ser um pacificador (Mt 5.9). Às vezes, será melhor se retirar de um debate, principalmente se as emoções negativas estiverem tomando proporções indevidas. Muitos querem ganhar a discussão, e não chegar ao conhecimento da verdade. Em situações como essa, não perca seu tempo. Fique longe.

De fato, também a sabedoria, e não apenas o conhecimento, devem controlar um debate teológico. Se a postura de seu oponente sinalizar que é hora de parar, então pare. Definitivamente, há pessoas que, durante um debate, querem apenas polemizar e mostrar a sua inteligência. Prosseguir numa discussão assim é dar passos para trás. Portanto, Paulo está condenando as brigas e discussões insensatas; aquelas que não produzem qualquer benefício, seja para os debatedores, seja para os ouvintes.

Vimos um lado da moeda. Mas existe o outro lado também. O apóstolo Pedro escreveu: “[...] Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1Pe 3.15). Judas (não o Iscariotes) encorajou os irmãos, dizendo-lhes: “[...] senti que era necessário corresponder-me com vocês, para exortá-los a lutar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 1.3). Percebe a importância do bom debate e da boa discussão teológica?

Devemos nos preparar (o que significa estudar com zelo) para darmos boas respostas aos céticos. Igualmente, devemos lutar pela fé que nos foi entregue, o que também exigirá bastante preparo e dedicação. Foi isso que o apóstolo Paulo fez quando debateu com os judeus na sinagoga, e quando discutiu com os filósofos no Areópago em Atenas.

Em determinadas situações, ficaremos diante de hereges. Os hereges são diferentes dos nossos irmãos na fé. Alguns irmãos na fé pensam diferente de nós em pontos secundários da doutrina. Os hereges se rebelam contra um ou mais pontos primários da doutrina. Os hereges não são os nossos irmãos. Por isso, com base na autoridade das Escrituras, podemos censurá-los. Se eles não se arrependerem, devemos evitá-los: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o” (Tt 3.10).

Resumindo a reflexão: não é errado debater ou discutir teologia, desde que o debate seja saudável e edificante. Errado é discutir teologia e provocar contendas e brigas desnecessárias. O bom diálogo é sempre bem-vindo, especialmente da parte de bons conhecedores da Palavra de Deus. O bom debate conduz o povo à reflexão e à análise cuidadosa, além de dissipar as dúvidas que muitas pessoas carregam no coração.

Sejamos bons conhecedores e bons defensores da Palavra do Senhor. Sejamos também pessoas piedosas e sábias. Pessoas que não se preocupam apenas em pensar corretamente, mas também em viver corretamente para a honra e glória do nosso Senhor. Encerro com as palavras do teólogo inglês Matthew Henry (1662—1714): “Os que querem crescer na graça precisam ter sede de saber”.



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