pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Cristianismo, aborto, compaixão e a garotinha de 10 anos

Cristianismo, aborto, compaixão e a garotinha de 10 anos

 

A maioria acompanhou o caso da criança de 10 anos que foi estuprada e, consequentemente, engravidada pelo próprio tio. Como sempre, o assunto gerou muita polêmica e discussão nas mídias. Li algumas postagens e notei que as pessoas enxergaram a situação de formas diferentes umas das outras, o que é absolutamente normal, dado o fato de que as pessoas não são orientadas pela mesma cosmovisão. 

De um lado, as pessoas criticaram a decisão dos pais da menina, pois optaram pelo aborto. Do outro lado, as pessoas apoiaram a decisão, pois um parto na infância geraria maiores riscos para a mãe do que um aborto seguro. Ambos os grupos, inclusive, não se manifestaram apenas pela internet. Muitos foram ao hospital onde a garota estava internada, e ali fizeram calorosos protestos e bateram boca uns com os outros.

Em toda essa história, notei que vários defensores de ambas as opiniões caíram em exageros. Às pessoas contrárias ao aborto, faltou-lhes misericórdia e compaixão para com a garotinha, vítima de um crápula que merece somente a pena capital. Às pessoas favoráveis ao aborto, faltou-lhes misericórdia e compaixão para com o bebê que, assim como a garotinha, não teve culpa de absolutamente nada. Ora, penso ser possível se posicionar contra o aborto e, mesmo assim, acolher a garotinha de 10 anos.

Todavia, penso que esse não é o ponto mais complexo na história. O ponto mais complexo é: o que poderia ser feito? O aborto seria a melhor opção? Ou, em respeito à vida do bebê inocente, seria melhor arriscar o parto, confiando na soberania divina que controla todos os acontecimentos? Sem dúvida, trata-se de um conflito ético-moral muito difícil. É mais fácil se posicionar quando se trata do filho de outra pessoa. Quando o problema se vira em nossa direção, as coisas mudam.

Espero jamais passar por isso, e espero que você não passe também. Mas, diante desta situação que, de alguma maneira, afetou todos nós, sinto-me no dever de dar minha opinião. Bem, acredito que o aborto foi errado e não resolveu o problema. Além do trauma causado pelos anos de estupro e pela intensa pressão social sofrida nos últimos dias, o aborto acarretou mais um trauma para a garota. Esse trauma virá à tona no decorrer dos anos à medida que ela amadurecer.

Sugiro que assista o documentário O Grito Silencioso, do Dr. Bernard N. Nathanson (1926—2011). Conhecido pela alcunha de “rei do aborto”, ele abandonou a posição abortista, e tornou-se um ativista pró-vida. Bem, uma gestação na infância pode trazer riscos para a mãe? Claro que sim. Todavia, esse tipo de risco não é tão comum como as pessoas pensam. O avanço da medicina é notório. Se um bebê oferece riscos à saúde da mãe, é possível retirá-lo prematuramente e, assim, poupar a vida de ambos.

Você sabia que a mãe mais jovem da história tinha somente 5 anos de idade quando deu à luz? Refiro-me à peruana Lina Medina. O parto foi um sucesso e o bebê nasceu saudável com 2,4 quilos! Isso aconteceu em 1939, época em que a medicina não tinha avançado na proporção que avançou no século presente. Não foi um caso isolado na história. Várias outras garotas foram mães antes dos 10 anos de idade.

Não podemos pensar que uma decisão errada poderá corrigir um problema. Abortar um bebê é uma decisão moralmente errada? À luz da Bíblia, é evidente que sim. Levar adiante uma gravidez supostamente arriscada, é uma decisão moralmente errada? Creio que a resposta é óbvia: “O Senhor é quem tira a vida e quem a dá; ele faz descer à sepultura e faz subir” (1Sm 2.6).

Confesso que senti tristeza pela garotinha e também pelo bebê que foi abortado. Eu orei por ela. Pedi ao Senhor que a curasse, restaurasse e lhe conduzisse à salvação em Cristo. Quanto ao bebê, não posso orar por ele, pois ele está morto. No entanto, carrego comigo a convicção de que esse bebê foi recebido no céu e acolhido pelo nosso bondoso Salvador Jesus Cristo.


 

Fabrício A. de Marque



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