pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Os Mortos Têm Memória das Coisas?

Os Mortos Têm Memória das Coisas?

 


Ao lermos a Bíblia, encontramos afirmações que parecem negar a consciência de uma pessoa após a morte física. Salomão disse: “[...] os vivos sabem que vão morrer, mas os mortos não sabem nada e não têm nenhuma recompensa a receber, porque a memória deles jaz no esquecimento” (Ec 9.5). O salmista afirmou: “[...] na morte, não há recordação [...]” (Sl 6.5). Diante destes textos, é correto dizer que os mortos — crentes e incrédulos — estão em um estado de “sono”, isto é, de total inconsciência?

Antes de responder a isso, vamos compreender o significado desses versículos.  Quando as pessoas morrem, elas partem deste mundo carregando consigo todas as experiências vivenciadas aqui. Os incrédulos, por exemplo, serão eternamente atormentados pela lembrança de terem rejeitado a Cristo enquanto estavam na terra. Todavia, uma vez mortos, não é possível vivenciar nenhuma outra experiência aqui na terra. É por isso que os mortos não têm nenhuma recompensa a receber. O tempo deles acabou.

É isso que Salomão diz na sequência: “[...] eles [os mortos] estão afastados para sempre de tudo o que se faz debaixo do sol” (Ec 9.6). É nesse sentido que na sepultura “[...] não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10). Colocando em outras palavras, o texto está dizendo que, quem morreu, não pode mais voltar para se envolver no mundo. Ali, dentro do túmulo, o falecido não pode acumular novas experiências de vida.

Portanto, Salomão não está falando da realidade pós-túmulo, na vida futura, mas sim, da realidade debaixo do sol, na vida presente. No outro texto (Sl 6.5), o salmista se referiu a Deus, dizendo que na morte não há recordação do Senhor. O poeta bíblico não está afirmando a inconsciência da alma após a morte. Antes, ele está dizendo que, dentro da sepultura, um corpo morto não pode louvar a Deus, pois, afinal, está morto.

É por isso que ele faz uma pergunta retórica na segunda parte do verso: “[...] no sepulcro, quem te dará louvor?”. Assim, ambos os textos estão argumentando a partir da perspectiva terrena, da realidade da vida presente. Agora, retomemos a pergunta inicial: os mortos estão em um estado de “sono da alma”, inconscientes de sua realidade? Bem, a resposta é não.

Quando a Bíblia usa a palavra “sono” em referência à morte (Lc 8.52), trata-se de uma figura de linguagem chamada eufemismo (uso de expressões mais suaves no lugar de expressões mais desagradáveis). Quando Lázaro morreu, Jesus usou essa figura de linguagem (Jo 11.11). Os discípulos interpretaram literalmente (eis o problema do extremo literalismo hermenêutico!), e chegaram a uma conclusão errada (Jo 11.13).

Em seguida, o próprio Jesus corrigiu esse erro, dizendo que Lázaro não estava dormindo, mas morto (Jo 11.14). Quando Jesus estava pendurado na cruz, entre dois ladrões, Ele garantiu que um deles estaria no paraíso naquele mesmo dia (Lc 23.43). Isso indica consciência da alma após a morte física. Paulo deixou claro que, na morte física, a alma se separa do corpo e vai direto para a presença de Deus: “[...] temos tal confiança e preferimos deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8).

Assim como a alma do crente vai direto para a presença de Deus em completa consciência, a alma do incrédulo vai direto para a punição, também em completa consciência: “[...] aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo.” (Hb 9.27). Vale destacar que não apenas a alma do crente será glorificada, mas o corpo físico também. Igualmente, não apenas a alma do incrédulo será punida, mas o corpo físico também.

Quando e como isso vai acontecer, sendo que os corpos deles estarão enterrados? Isso vai acontecer no Grande Retorno de Cristo e na Ressurreição Final. Sendo assim, concluímos que as pessoas que já partiram da terra estão conscientes de sua situação. Elas não podem influenciar (ou “atormentar”) os vivos do lado de cá. Da mesma forma, os vivos não podem fazer qualquer coisa em favor dos mortos. O ensino bíblico sobre a realidade depois da morte refuta tanto a doutrina do “sono da alma”, quanto a doutrina do “purgatório” e da “oração pelos mortos”.

 

 

Fabrício A. de Marque



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