pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Por que o cabrito não deveria ser cozido no leite de sua mãe?

Por que o cabrito não deveria ser cozido no leite de sua mãe?

 

Há uma proibição na Palavra de Deus que tem desafiado, há muito tempo, vários comentaristas bíblicos. A passagem encontra-se no segundo livro da Bíblia. Diz o texto: “[...] Não cozinharás o cabrito no leite de sua mãe” (Êxodo 23.19b). Por que Deus fez uma proibição desse tipo? Que prática seria essa que os israelitas não deveriam praticar?

Não há clareza quanto ao motivo de Deus ter proibido tal prática. Várias hipóteses foram apresentadas com o passar dos anos, sem unanimidade entre os estudiosos.

Uma das teorias encontra explicação em textos cananitas. Ali, lemos sobre um ritual de encantamento praticado pelos pagãos. Os pagãos ajuntavam os frutos da colheita, depois tomavam um cabrito e, então, fervia-o no leite de sua mãe. Após isso, saíam borrifando as árvores, os campos e os jardins, crendo que tal ato tornaria os pomares frutíferos para o próximo ano.

Além da superstição presente nessa prática pagã, também vemos uma crueldade terrível. Ferver um animal no leite de sua própria mãe é, sem dúvida, uma atitude maldosa, totalmente desprovida de misericórdia. Textos ugaríticos mencionam, inclusive, um cordeiro que foi assado na manteiga. Israel, portanto, não deveria imitar a atitude supersticiosa e cruel dos pagãos.

Diante disso, podemos extrair pelo menos duas lições para nossa vida cristã. A primeira lição é que Deus se importa com os animais. Deus criou todos os animais e, certamente, não quer que Sua criação seja maltratada. O abate impiedoso dos animais é errado, ainda que não seja pecaminoso incluir alguns animais em nossa dieta alimentar. O homem justo valoriza os bichinhos: “O justo tem consideração pela vida dos seus animais, mas as afeições dos ímpios são cruéis” (Provérbios 12.10).

Os animais são tão importantes e até necessários, que Deus mandou Noé separar um casal de cada espécie, deixando claro que Ele queria animais habitando na terra depois do juízo do Dilúvio. Assim, é pecado maltratar os animais, seja batendo impiedosamente neles, ou ainda, negligenciado os cuidados básicos com alimentação e cuidado veterinário.

E a segunda lição é que não devemos imitar as práticas do mundo. A Bíblia diz que devemos imitar a Deus: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Efésios 5.1). Diz ainda que “aquele que quiser ser amigo do mundo se torna inimigo de Deus” (Tiago 4.4). Os crentes devem adentrar o mundo a fim de mudá-lo pelo poder do Evangelho, e jamais se conformar com os padrões pecaminosos da presente era (Rm 12.2) [1].

Assim, façamos um autoexame: como tratamos os animais? Temos prazer em maltratá-los por pura maldade? Damos a eles o que necessitam, como alimento, cuidado e atenção? E quanto ao mundo? Estamos influenciando-o positivamente sem assumirmos o seu formato? Sentimos vergonha em assumir que seguimos a Cristo e Sua Palavra? Somos amigos de Deus ou amigos do mundo? Sejamos imitadores de Deus como filhos amados, dispondo-nos, se necessário, a sofrer o ódio desse mundo (Jo 15.19) [2].

 

Fabrício A. de Marque

 

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Notas:

[1] “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

[2] “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia” (João 15.19).



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