Diante disso, surge um problema. Quando lemos algumas passagens bíblicas, descobrimos que essas narrativas contam a história de pessoas que, antes de Cristo, morreram fisicamente, mas voltaram à vida. Por exemplo, o filho da viúva da cidade de Sarepta morreu e ressuscitou (1Rs 17.22) [1]. Um homem morto foi lançado na sepultura de Eliseu e ressuscitou depois que o seu corpo entrou em contato com os ossos do profeta (2Rs 13.21) [2].

Antes de Sua gloriosa ressurreição, Jesus trouxe seu amigo Lázaro de volta à vida (Jo 11.43-44) [3]. Um jovem, chamado Êutico, caiu do terceiro andar enquanto ouvia um sermão do apóstolo Paulo. Diz a Bíblia que o próprio Paulo desceu até o jovem e o ressuscitou (At 20.9-10) [4]. Uma discípula, chamada Tabita, ficou doente e morreu. O apóstolo Pedro, depois de ser informado acerca disso, foi ao local e ressuscitou-a dos mortos (At 9.36-43) [5].

Citei apenas cinco exemplos. Há vários outros episódios de pessoas que ressuscitaram dos mortos. Você pode consultá-los em sua Bíblia: a mulher sunamita (2Rs 4.32-37); o filho da viúva da cidade de Naim (Lc 7.11-15); a filha única de Jairo (Lc 8.41-42, 49-55) e vários santos que ressuscitaram quando Jesus entregou seu espírito na cruz (Mateus 27.50-52).

Diante dessas informações, como podemos afirmar que Jesus foi o primeiro a ressuscitar dos mortos? Será que a Bíblia caiu em contradição? Para chegarmos à conclusão adequada sobre esse assunto, precisamos entender que, embora Jesus e as pessoas antes dEle tenham voltado à vida, eles não vivenciaram o mesmo tipo de experiência. Jesus experimentou ressurreição. As pessoas antes dEle experimentaram ressuscitação [6].

A única semelhança entre ressurreição e ressuscitação é que, em ambas as situações, uma pessoa retorna da morte à vida. Apesar dessa semelhança, existem algumas diferenças. Por exemplo, na ressuscitação, uma pessoa volta a viver com a mesma mortalidade corporal que tinha antes de morrer. Isso significa que ela morrerá de novo em algum momento do futuro. A pessoa passa duas vezes pela morte física. Lázaro e as outras pessoas citadas anteriormente morreram fisicamente duas vezes.

Em contrapartida, na ressurreição, o corpo ressuscita imortal, glorioso e incorruptível, não mais sujeito à morte. Por isso, Jesus disse: “Estive morto, mas eis que estou vivo para todo o sempre e tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1.18). Outra diferença importante é que, na ressuscitação, o corpo retorna à vida com as mesmas características e limitações. O corpo não carrega nada de sobrenatural. Já na ressurreição, o corpo ressuscita com qualidades sobrenaturais, podendo, por exemplo, aparecer e desaparecer imediatamente (Lc 24.31) [7].

Portanto, é evidente que a ressurreição de Cristo foi a primeira e única em toda a história da humanidade. Ele ressuscitou literal e fisicamente dos mortos, demonstrando Sua divindade e Seu poder sobre a morte. A ressurreição de Cristo é o fundamento de nossa futura ressurreição física. É também a grande prova de que viveremos para sempre com corpos físicos, porém glorificados, no estado eterno.

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Notas:

[1] “O Senhor atendeu à voz de Elias, a vida foi restituída ao menino, e ele reviveu.” (1Reis 17.22).

[2] “Aconteceu que, enquanto alguns sepultavam um homem, eis que viram um desses bandos. Então jogaram o homem na sepultura de Eliseu e fugiram. Quando o cadáver tocou nos ossos de Eliseu, o homem reviveu e se levantou sobre os pés.” (2Reis 13.2)

[3] “E, depois de dizer isso, clamou em alta voz: — Lázaro, venha para fora!

Aquele que tinha morrido saiu, tendo os pés e as mãos amarrados com ataduras e o rosto envolto num lenço. [...]” (João 11.43-44)

[4] “Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormecendo profundamente durante a prolongada mensagem de Paulo, vencido pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo. Quando o levantaram, estava morto. Mas Paulo desceu, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: — Não fiquem alvoroçados, pois ele está vivo.” (Atos 20.9-10)

[5] “Mas Pedro mandou que todos saíssem, ajoelhou-se e orou; depois, voltando-se para o corpo, disse: — Tabita, levante-se! Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.” (Atos 9.40)

[6] Há outras expressões sinônimas, como “ressuscitamento” ou “revivificação”.

[7] “Então os olhos deles se abriram, e eles reconheceram Jesus; mas ele desapareceu da presença deles.” (Lucas 24.31)

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