pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: O amor ao diploma e o desprezo do conhecimento

O amor ao diploma e o desprezo do conhecimento

 

Há uma frase, dita por Paulo Freire (1921-1997), que revela o declínio da educação brasileira: “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”. Muitos reproduzem essa afirmação como se fosse uma verdade cristalina. Com essa afirmação, Paulo Freire quis mostrar a importância do professor respeitar o conhecimento do aluno (conhecimento de vida, de experiências, etc.) e usar isso como ponto de partida no processo de ensino.

Sem dúvida, há saberes diferentes. Mas é evidente que algumas pessoas sabem mais do que outras. Ora, compramos livros e cursos justamente por reconhecer que o autor daquele conteúdo possui algum conhecimento que não possuímos. Além disso, se não há saber mais ou saber menos, por que há escolas e universidades com professores contratados?

A verdade, porém, é que ideias desse tipo só servem para desestimular a busca pelo conhecimento. Não é à toa que muitos diplomados não possuem a devida profundidade de conhecimento. Infelizmente, em nosso país existe a “cultura do diploma”. Para muitos, ter um certificado pregado na parede é mais importante do que a aquisição e aplicação do conhecimento.

Trazendo essa realidade para o contexto teológico, percebe-se a mesma postura em muitos seminaristas em processo de formação, e até mesmo em muitos pastores que foram ordenados para o ministério sem a devida formação teológica. Eles não querem debruçar sobre os volumosos livros de teologia e aprender com profundidade.

Sabendo disso, outros se aproveitam da situação e passam a vender “carteirinha de teólogo”, “diploma de bacharel em teologia”, e assim por diante. Quem compra essas mercadorias, engana a si mesmo. Por trás do diploma, existe uma pessoa que carece da profundidade teológica que o sagrado ministério requer. E não adianta esconder a superficialidade lançando mão de uma oratória persuasiva. Várias pessoas percebem quando alguém conhece bem ou não determinado assunto.

Além de enganar a si mesmo, agir dessa forma também promove o engano de outras pessoas, especialmente as pessoas leigas no assunto. Via de regra, temos a tendência de dar crédito às palavras de uma pessoa “formada na área”, sem averiguar a veracidade da afirmação. Temos que examinar toda afirmação feita. Afinal, uma grande mentira pode vir de uma pessoa “diplomada” também.

Eu encorajo você a buscar uma formação superior. Eu incentivo você a ser graduado em vários níveis. Contudo, mais do que isso, precisamos zelar pelo conhecimento verdadeiro e profundo. O conhecimento é uma arma poderosa. No entanto, a ignorância também é uma arma poderosa, mas voltada na direção do mal.

Graças a Deus que o conhecimento foi democratizado. Qualquer pessoa dedicada pode ser bem informada, ainda que não tenha um diploma formal em sua parede. Apesar disso, precisamos tomar muito cuidado com as fontes que consumimos. Nem toda fonte é confiável, mas se tivermos boas referências (pessoas) ao nosso redor, então elas nos conduzirão para fontes confiáveis. Sendo assim, não busque o diploma em detrimento do conhecimento. Se possível, tenha os dois. Se não for possível, opte sempre pelo conhecimento.

 

Fabrício A. de Marque



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