pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Coisas Ocultas; Coisas Reveladas

Coisas Ocultas; Coisas Reveladas

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Certo dia eu estava caminhando pelo centro da cidade onde moro e, de repente, fui abordado por uma “adivinhadora”; dessas que fazem “revelações” nas praças quanto ao futuro das pessoas. Sem dizer sequer uma palavra, ela fez gestos como que pedindo a minha mão para ser lida. Respondendo também com gestos, eu disse que não, e prossegui caminhando.
Após o ocorrido, fiquei pensando sobre os motivos que levam as pessoas a buscarem respostas ocultas para os eventos futuros, e concluí que não compete ao ser humano desvendar os minuciosos detalhes da vida. Sendo assim, tanto a pessoa que procura tais respostas, quanto a que faz as supostas “revelações”, estão em postura reprovável.
Olhando para a Bíblia, obtemos, basicamente, três verdades dadas por Deus:

1)      Algumas coisas Deus ocultou dos homens (Dt 29.29a);
2)     Outras coisas Deus revelou com vistas à obediência (Dt 29.29b);
3)     Os dias da humanidade estão determinados no livro de Deus (Sl139.16).

O problema de alguns cristãos consiste na confusão que eles fazem da revelação de Deus. Por exemplo, em vez de buscar saber o que acontecerá no futuro, eles deveriam confiar na bondade de Deus em cada dia. Em vez de questionar as ordens reveladas, eles deveriam obedecer. Por último, em vez de enveredar-se por caminhos indevidos, fazendo mau uso de sua liberdade [1], eles deveriam descansar na soberania de Deus.
As verdades ocultas que estão limitadas ao conhecimento de Deus não nos pertencem. Não sabemos, por exemplo, o que nos acontecerá amanhã ou daqui uma hora, pois Deus impôs um limite cognitivo entre nós (criaturas) e Ele (Criador). Portanto, “as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus” (Dt 29.29a) [2].
Por outro lado, determinadas coisas foram reveladas e registradas por Deus. A Sua vontade preceitual [3] nos foi dada de uma vez por todas. É possível agradá-lo e amá-lo pela obediência às ordens reveladas na Bíblia. Por exemplo, é possível saber o que Deus espera de nós quando alguém nos ofende. Os sentimentos dizem: “Não perdoe, vire o rosto e declare vingança!”. Contudo, a vontade revelada de Deus diz: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo.” (Ef 4.32) [4]. Neste caso específico, precisaremos de graça para perdoar, mas saberemos perfeitamente por onde caminhar.
Por fim, Deus também revelou que os nossos dias estão determinados em Sua agenda. Cada dia, do primeiro ao último, está bem anotadinho no caderno divino. Sabemos que Ele determinou os nossos dias, mas não sabemos o processo detalhado pelo qual tudo isso se desenrolará. O texto de Salmos 139.16 parece conter pequenas gotas de Deuteronômio 29.29. Vejamos:
“[...] Todos os dias determinados para mim foram escritos no Teu livro antes de qualquer deles existir.” (Sl 139.16) está conectado com “as [coisas] reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre [...]” (Dt 29.29b).
Em outras palavras, sabemos que Deus determinou os nossos dias. Essa verdade foi transmitida a nós. Todavia, o processo pelo qual as determinações de Deus acontecem está conectado com “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus [...]” (Dt 29.29a).
Não sabemos dizer com total precisão como que a soberania de Deus e a nossa responsabilidade de obedecê-lo se relacionam ao mesmo tempo. Sabemos que Deus é soberano e que temos o dever de obedecê-lo a partir de Sua vontade revelada.
Portanto, em vez de buscarmos o conhecimento que não está disponível, devemos abraçar o conhecimento que está disponível e procurar, com total diligência, fazer aquilo que traz glória ao nosso Deus. Ele é o Senhor do futuro, mas também é o Senhor do presente!

Fabrício A. de Marque.

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Notas:
[1] Liberdade aqui não é o mesmo que livre-arbítrio. Embora os homens tenham liberdade e responsabilidade na sua caminhada, o pecado deixa a sua marca em cada pegada.
[2] Almeida Corrigida e Revisada Fiel (ACRF).
[3] Preceitual se refere às ordens, isto é, regras de como devemos proceder nesta terra. Por exemplo: faça isto; não faça aquilo; ande por aqui; não anda por ali, etc.
[4] Nova Versão Internacional (NVI).


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Fabrício A. de Marque

Meu nome é Fabrício e sou apaixonado pelo ensino bíblico. Cursando Teologia no Centro Batista de Educação, Serviço e Pesquisa (CEBESP), me graduei em Teologia pelo Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL). Completei minha pós-graduação em Docência do Ensino Religioso pelas Faculdades Batistas do Paraná (FABAPAR) e também possuo um curso de Hebraico Bíblico Instrumental pelo Seminário Martin Bucer. Como professor, já lecionei disciplinas como: Teologia Sistemática, Seitas e Heresias, Introdução à Língua Hebraica, Ciências e Religião, Tipologia Bíblica, Filosofia, Escatologia, Homilética, Hermenêutica, Panorama do Antigo e Novo Testamento, entre outras. Durante anos, também atuei como professor de Escola Bíblica Dominical. Atualmente, sou professor universitário na Faculdade UCESP. Além da minha atuação acadêmica, tenho o privilégio de servir minha igreja local por meio da pregação do Evangelho e do ensino.

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