pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: A Torre de Babel

A Torre de Babel


Texto Bíblico: Gênesis 11.



Abandonar os próprios planos para obedecer a vontade de Deus exige fé da nossa parte. Nem todos são capazes de fazer isso, pois nem todos querem priorizar e agradar a Deus. Como resultado, os homens caminham na contramão da vontade de Deus. E por caminharem na contramão da vontade de Deus, eles colhem consequências que poderiam ser evitadas, caso fossem obedientes.
O capítulo 11 de Gênesis é a conclusão da primeira parte desse precioso livro bíblico. Estudamos, até aqui, a história da Criação, da Queda e do Dilúvio. Neste capítulo, daremos atenção ao episódio histórico da Torre de Babel.

(1) O Evento de Babel.
Os versículos 1-9 relatam que os homens pós-diluvianos falavam a mesma língua, de maneira que não havia outro idioma para ser falado. Esses homens migraram para uma planície na terra da babilônia e ali decidiram ficar.
Após se estabelecerem naquela região, esses homens passaram a fabricar o seu próprio material de construção para a execução de seus planos egoístas. Os tijolos eram endurecidos no fogo a fim de substituir as pedras, e o betume era utilizado no lugar da argamassa. Esses materiais foram as ferramentas utilizadas para alcançar o seguinte objetivo: “Vamos edificar uma cidade para nós, com uma torre cujo topo toque no céu [1], e façamos para nós um nome, para que não sejamos espalhados pela face de toda a terra” (Gênesis 11.4, A21). Perceba que essa atitude foi pecaminosa, visto que a ordem divina era para que se multiplicassem e povoassem a terra (Gn 9.1, 7).
Todavia, Deus impede que esse plano seja bem sucedido. Eles queriam “subir”, mas Deus “desceu” para confundi-los: “Vamos descer e confundir-lhes ali a linguagem, para que um não entenda a língua do outro” (Gênesis 11.7, A21). O plural “vamos” aponta para a ação soberana da Trindade Santa. O resultado dessa confusão causada pela Trindade provocou a cessação da construção da cidade e espalhou aqueles homens pela terra. A cidade ganhou o nome de “Babel”, do hebraico בָּבֶל, que significa “confusão”. Itamir Neves diz que “este nome deu origem a Babilônia, uma cidade, um estado, uma sociedade ateísta, mas ao mesmo tempo idólatra, com grandes pretensões, conforme o capítulo 11 de Gênesis nos mostra. Uma nação perseguidora (Dn 3); um povo que buscava os prazeres, os pecados e as superstições (Is 47.8-13); uma cidade que queria chegar ao céu com sua torre, mas que chegou até o céu por sua enorme quantidade de pecados (Ap 18.5)” [2].

(2) Os Descendentes de Sem.
Os versículos 10-26 apresentam, mais uma vez, a genealogia de Sem. Qual a intenção do autor ao inserir novamente essa genealogia aqui? Perceba que vários nomes são omitidos nessa genealogia. Apenas dez gerações são mencionadas por nome: Sem, Arfaxade, Salá, Héber, Pelegue, Reú, Serugue, Naor, Terá, Abrão. O escritor bíblico está “podando” a árvore genealógica a fim de concentrar a nossa atenção em Abraão, o pai das nações. Ele está montando o cenário para a apresentação da segunda parte do livro de Gênesis (capítulos 12-50). Na segunda parte do livro, Abraão será o personagem principal, visto que o Salvador do mundo é “filho de Abraão”.
Além disso, o objetivo dessa “podagem” também é mostrar a diminuição da duração de vida. Enquanto a expectativa de vida, antes do Dilúvio, era entre 900 e 700 anos, agora, depois do Dilúvio, a expectativa caiu para os 175 anos de Abraão e os 110 anos de José.

(3) Deus Começa Uma Nação.
Os versículos finais do capítulo 11 revelam que Terá teve três filhos: Abrão, Naor e Harã. Harã teve um filho chamado Ló; depois, morreu em Ur dos Caldeus. Ur dos Caldeus tem esse nome por causa dos caldeus que a dominaram por volta do século 6 e 7 antes de Cristo. Nesta cidade, a lua era adorada como deus.
Abrão casou-se com Sarai e seu irmão Naor casou-se com Milca. No entanto, Sarai, esposa de Abrão, não podia ter filhos. O texto faz menção da esterilidade de Sarai, pois Deus usará essa impossibilidade humana para cumprir Sua promessa na vida de Abraão.
Em seguida, o texto diz que Terá pegou toda a sua família e, juntos, se mudaram de Ur dos Caldeus [3]. Eles foram em direção à terra de Canaã, porém, antes de chegar ao seu destino, fizeram uma parada em Harã. E ali em Harã, o pai de Abrão, Terá, morreu aos 205 anos de idade.

Aplicações práticas

1) O coração do homem é sempre inclinado a transgredir as ordens do Senhor. Não confie em seu coração. Não busque nele as orientações para sua vida. O coração do homem é enganoso e, portanto, ele não pode servir de bússola orientadora.

2) É melhor enfrentar divisão a enfrentar apostasia coletiva: “Vocês pensam que vim trazer paz à terra? Não! Eu vim causar divisão!” (Lucas 12.51, NVT).

3) Quando os nossos planos pessoais desrespeitam a vontade de Deus, Ele age soberanamente para impedir que os nossos planos sejam concluídos.

4) A vontade do Senhor é sempre cumprida, seja por meio de nossa submissão obediente, seja através de nosso orgulhoso pecaminoso. Temos a opção de experimentarmos a Sua bênção que vem através de nossa obediência ou de experimentarmos o Seu desfavor que nos sobrevém através da desobediência.



Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] “A torre construída era um tipo de templo típico da Mesopotâmia, conhecido como ‘zigurate’, que tinha uma base quadrada e as quatro paredes laterais iam sendo construídas em degraus, com cada degrau superior sendo menor que o inferior. No topo dessa torre era colocado um altar para oferecer sacrifícios ao sol, à lua e as estrelas. O desejo daquela geração era construir uma torre, uma espécie de escadaria que, conforme supunham, levaria o homem até o céu para dali dominar toda a criação e se proteger de um futuro dilúvio.” (Itamir Neves de Souza & John Vernon McGee, Comentário Bíblico Através da Bíblia, Gênesis, p. 85).

[2] Ibidem, p. 86.

[3] “A Bíblia não apresenta as razões que levaram Terá a sair de Ur em direção a Canaã. Embora tenha parado em Harã, é provável que essa saída tenha sido provocada por sua insatisfação em relação à adoração prestada à lua, ou por precaução antecipada, pois conforme os relatos históricos, Ur foi destruída pelos elamitas por volta de 1950 a.C. Pode ter sido também por prévio aviso divino, tendo em vista a preservação da linhagem de Abraão.” (Itamir Neves de Souza & John Vernon McGee, Comentário Bíblico Através da Bíblia, Gênesis, p. 88).



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