pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Gideão e o Pequeno Exército Israelita (Jz 7:1-25)

Gideão e o Pequeno Exército Israelita (Jz 7:1-25)


ESBOÇO DO CAPÍTULO 7 DE JUÍZES

ACONTECIMENTO
TEXTO BÍBLICO
Estranho generalato
vv. 1-8
Confirmação da vitória
vv. 9-15
A rota dos midianitas
vv. 16-22
Reforços para Gideão
vv. 23-25

EXPOSIÇÃO DO TEXTO

Estranho generalato (vv. 1-8)
Depois do milagre da porção de lã, Gideão e os israelitas se prepararam para a batalha. Todos se levantaram de madrugada e montaram acampamento junto à fonte de Harode. Os midianitas estavam acampados ao norte, perto do monte Moré (menos de 8 km de distância do exército israelita). O exército de Israel estava com 32 mil soldados. Todavia, Deus disse que tinha muita gente para lutar. Israel poderia cair no engano da autossuficiência, pensando que a vitória tinha acontecido porque o exército era grande e poderoso. O que Deus fez para guardar Israel da autossuficiência? “Vai e anuncia o seguinte ao povo: Quem for covarde e medroso volte e retire-se do monte Gileade. Então vinte e dois mil se retiraram, e dez mil ficaram (v. 3) [1]. Note que dos 32 mil soldados, sobrou apenas 10 mil soldados. Sabe o que aconteceu? Deus achou que ainda tinha muita gente. O Senhor, então, mandou Gideão levar os 10 mil homens até a fonte de águas. Ali, o próprio Deus escolheria os Seus homens para a batalha. Gideão obedeceu e levou todos os homens até a fonte de águas. A direção de Deus para Gideão foi: aqueles soldados que beberem água igual ao cachorro, você separará de um lado. E aqueles soldados que se ajoelharem para beber a água, você colocará do outro lado. Há duas formas de entender essa ordem: 1) Deus estava separando os soldados vigilantes dos soldados descuidados ou 2) Deus estava destacando o Seu próprio poder ao usar homens incapazes até mesmo de tomar água corretamente.
Depois desse teste, Gideão tinha dois grupos: os aprovados e os reprovados. Daqueles 10 mil soldados, 9.700 foram reprovados e 300 foram aprovados. Observe o que Deus disse a Gideão: “Eu vos livrarei e entregarei os midianitas nas tuas mãos com estes trezentos homens que lamberam a água; mas, quanto ao resto do povo, volte cada um ao seu lugar (v. 7). Gideão, então, despediu os demais homens e ficou com os 300 soldados.

Confirmação da vitória (vv. 9-15)
Nessa porção bíblica, Deus garante a Gideão que dará a vitória a Israel. O problema é que Gideão estava com medo e sentindo-se inseguro. Então, o Senhor deu uma orientação para ele. Gideão deveria pegar o seu servo Purá, e, juntos, descerem até o acampamento dos inimigos, e ficarem escondidos ouvindo a conversa deles. Purá (“um galho verde, um ramo”) era o escudeiro de Gideão. A Bíblia diz que eles foram e havia uma quantidade inumerável de homens e camelos acampados. Escondidos ali, Gideão e Purá ouviram a conversa dos inimigos: “No momento em que Gideão chegou, um homem estava contando um sonho ao seu companheiro: Eu tive um sonho em que um pão de cevada vinha rolando sobre o acampamento dos midianitas e, quando chegou a uma tenda, bateu nela e a derrubou. A tenda virou de cima para baixo e ficou estendida por terra. Quando o seu companheiro ouviu isso, respondeu: Isso não é outra coisa senão a espada de Gideão, filho de Joás, o israelita. Deus entregou nas mãos dele os midianitas e todo este acampamento” (vv. 13-14). O pão de cevada representava o agricultor pobre de Israel. A tenda que foi derrubada representava os nômades, ou seja, os midianitas. Quando Gideão ouviu a interpretação, ele adorou ao Senhor. Em seguida, ele retornou para o acampamento de Israel e encorajou o povo, dizendo que os midianitas seriam derrotados. Note que o texto fala no passado “O SENHOR entregou os midianitas” (v. 15). Essa forma de falar é muito comum no AT, apontando para a certeza do acontecimento.

A rota dos midianitas (vv. 16-22)
Em seguida, Gideão dividiu os 300 soldados em três grupos de 100 homens. Curiosamente, essa estratégia foi adotada várias vezes no AT. Veja o exemplo de 2 Samuel 18:2: “Davi dividiu o exército em três companhias: uma sob o comando de Joabe, outra sob o comando de Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, e outra sob o comando de Itai, o giteu. Disse então o rei ao exército: ‘Eu também marcharei com vocês’.” [2].
Em seguida, os soldados saíram carregando trombetas, tochas e jarros escondendo a luz. Qual era a estratégia de Gideão? “Quando eu e todos os que estiverem comigo tocarmos a trombeta, tocai também as trombetas ao redor de todo o acampamento e gritai: Pelo SENHOR e por Gideão!” (v. 18). Então, logo depois da troca dos guardas, por volta das 22 horas, os 300 homens tocaram a trombeta e despedaçaram os jarros. Na mão esquerda eles tinham a tocha, e na mão direita tinham a trombeta. Eles não tocaram a trombeta e gritaram uma única vez. Houve repetição alternada para que a confusão dos inimigos aumentasse gradativamente. O que aconteceu com os inimigos? “[...] E gritaram: À espada! Pelo SENHOR e por Gideão! E cada um permaneceu no seu posto ao redor do acampamento. Então todos os midianitas, gritando, começaram a fugir. Quando as trezentas trombetas foram tocadas, o SENHOR fez com que todos no acampamento voltassem a espada uns contra os outros. Mas muitos fugiram até Bete-Sita, em direção de Zererá, até os limites de Abel-Meolá, perto de Tabate” (vv. 20b-22). Quanto a esse episódio, o comentarista Artur E. Cundall escreveu:

“Os soldados não envolvidos na primeira, nem na segunda vigílias, estariam imersos em profundo sono, no princípio da noite, enquanto aqueles que haviam acabado sua vigília ainda estariam movimentando-se pelo acampamento, aumentando, assim, o medo daqueles que foram acordados pelo barulhão, julgando que o inimigo já havia penetrado no arraial. Tal forte barulho também causaria pânico entre os numerosos camelos, induzindo-os, talvez, a um estouro. Não é de surpreender-se, pois, que na confusão resultante os soldados atacassem todos quantos surgissem na escuridão, não distinguindo quem era amigo e quem era inimigo.” [3]

Reforços para Gideão (vv. 22-25)
Depois que alguns midianitas fugiram, os israelitas foram convocados para persegui-los. Gideão também enviou mensageiros por toda a região montanhosa, mandando que os soldados cercassem os locais de fuga. Esses homens, que serviram de apoio, provavelmente faziam parte dos 32 mil soldados covardes. O texto diz que os efraimitas capturaram dois líderes midianitas: Orebe e Zeebe. Orebe (עֹרֵב: ʽōrēb) significa “corvo” e Zeebe (זְאֵב: zᵉʼēb) significa “lobo”. Orebe foi assassinado na rocha de Orebe, indicando, talvez, uma caverna de localização desconhecida. Ele aparece novamente em Isaías 10:26a: “E o SENHOR dos Exércitos a castigará com chicotadas, como a matança de Midiã junto à rocha de Orebe [...]”. E Zeebe foi assassinado no tanque e espremer uvas de Zeebe. Depois de matar esses dois líderes, o povo de Israel perseguiu o restante dos midianitas, e, em seguida, levou a cabeça de Orebe e Zeebe para Gideão.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

1) É a presença e o poder do Senhor que assegura o sucesso, e não a nossa capacidade: “Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por causa do teu amor e da tua fidelidade” (Salmos 115.1).

2) Precisamos compartilhar com as pessoas as experiências que tivemos com Deus. Deus nos concede experiências para que outros também sejam fortalecidos através da nossa experiência: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por alguma tribulação, por meio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus” (2 Coríntios 1:3-4).

3) O favor de Deus não nos isenta da responsabilidade de planejamento. Gideão e os 300 soldados foram vitoriosos por causa de Deus, mas Gideão foi estratégico.

4) Por vezes, a nossa fé será duramente provada pelo Senhor. O exército midianita tinha 135 mil homens. O exército de Israel tinha 32 mil soldados, mas o Senhor reduziu esse batalhão para 300 soldados. Fique firme quando Deus provar a tua fé: “Meus irmãos, considerai motivo de grande alegria o fato de passardes por várias provações, sabendo que a prova da vossa fé produz perseverança; e a perseverança deve ter ação perfeita, para que sejais aperfeiçoados e completos, sem vos faltar coisa alguma” (Tiago 1:2-4).



Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] Cf. Deuteronômio 20:8.
[2] Nova Versão Internacional (NVI).
[3] Artur E. Cundall & Leon Morris. Juízes e Rute: Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 1986. p. 110.



2 comentários:

  1. Parabéns pela análise. Deus o abençoe grandemente.

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    1. Obrigado pelo tempinho dedicado na leitura, Thiagão. Deus o abençoe! Abração.

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