pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Favores Graciosos (Rute 2:1-23)

Favores Graciosos (Rute 2:1-23)


ESBOÇO DO CAPÍTULO 02 DE RUTE

ACONTECIMENTO
TEXTO BÍBLICO
O campo de Boaz
vv. 1-3
Boaz chega ao campo
vv. 4-7
A conversa de Boaz com Rute
vv. 8-13
A refeição entre Rute e Boaz
vv. 14-16
Um parente de sangue
vv. 17-23

EXPOSIÇÃO DO TEXTO

O campo de Boaz (vv. 1-3)
Noemi estava viúva, mas ela tinha um parente por parte do marido. O nome desse parente é Boaz, homem rico e influente. O significado do nome é incerto, mas está ligado à força, podendo significar “filho da força”. Curiosamente, Boaz é o nome de um dos pilares do templo de Salomão: “Ele levantou as colunas na frente do pórtico do templo. Deu o nome de Jaquim à coluna ao sul e de Boaz à coluna ao norte” (1 Reis 7:21 NVI).
Certo dia, Rute decidiu sair para colher espigas. Ela se dispôs a colher no campo de quem a deixasse entrar: “[...] Deixa-me ir para recolher espigas no campo de quem permitir [...]” (v. 2). Observe que a palavra campo está no singular, indicando um campo grande e comum a todos os habitantes dali. Enquanto colhia as espigas, Rute acabou invadindo a plantação de Boaz. A Bíblia diz que isso aconteceu “por acaso” (NVI) ou “por coincidência” (A21): “Ela foi e, chegando ao campo, recolhia as espigas que os ceifeiros deixavam para trás. Por coincidência, aquela parte da plantação pertencia a Boaz, que era da família de Elimeleque” (v. 3). Comentando sobre este episódio, Leon Morris escreveu: “[Esse versículo] salienta a verdade [de] que os homens não controlam os acontecimentos, mas que a mão de Deus está por detrás deles, enquanto promove Seus propósitos. [...] A mão de Deus conduz a ação de Rute, e o autor não quer que nos esqueçamos disto” [1].
Precisamos entender que Deus dirige a nossa vida através de Sua bendita providência. Não existe acaso impessoal nem destino cego. O Senhor nos proporciona o emprego para nos alimentar. Ele usa pessoas para nos encorajar em momentos difíceis e tenebrosos. E até uma profunda dor pode ter um papel importante em Sua providência: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos” (Gênesis 50:20 NVI).

Boaz chega ao campo (vv. 4-7)
Naquele exato momento, Boaz chegou de Belém e viu Rute colhendo espigas. Então perguntou aos ceifeiros acerca dela: “[...] Quem é esta moça? (v. 5b). Os ceifeiros disseram que Rute é “a moça moabita” que tinha voltado com Noemi. O artigo definido (a moça moabita) pode indicar que a história ficou conhecida por todos. Rute tinha pedido para recolher as espigas que caíam do feixe. De acordo com a Lei, esse era um direito que ela possuía, tanto por ser viúva quanto por ser estrangeira: “Quando vocês estiverem fazendo a colheita de sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo. Deixem-no para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva, para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos” (Deuteronômio 24:19 NVI). Rute recolheu as espigas o dia inteiro e depois descansou um pouco: “[...] Então ela veio e está em pé desde cedo. Só agora descansou um pouco no abrigo” (v. 7b).
Falar de trabalho é importante, especialmente em nossa era da preguiça. Precisamos trabalhar com firmeza e excelência independentemente da profissão que possuímos. O lixeiro não deve se envergonhar de ser lixeiro. O patrão não deve se orgulhar por ser patrão. Também não podemos pensar que o trabalho intelectual é mais digno do que o trabalho braçal. Ora, Adão recebeu um trabalho braçal do Senhor: a tarefa de cultivar e proteger o jardim. Por outro lado, ele também recebeu um trabalho intelectual: a tarefa de dar nome aos animais. Ambas as áreas são importantes e necessárias. Se você tem um trabalho braçal e é desprezado por isso, não se importe com as pessoas. Concentre-se em agradar o Senhor que te colocou ali: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Colossenses 3:23-24 NVI).

A conversa de Boaz com Rute (vv. 8-13)
Boaz iniciou um diálogo com Rute. Note, no versículo 8, que ele a chamou de “minha filha”, indicando com isso que Rute era mais nova do que ele. Ele, então, disse para ela não colher espigas em outra lavoura, mas, sim, permanecer ali mesmo [2]. Rute estaria segura nos campos de Boaz junto com as outras servas. Em seguida, Boaz pediu para Rute seguir as outras moças e prometeu que daria ordens para que os rapazes não a tocassem. Homens e mulheres trabalhavam juntos nas plantações, assim como ocorre hoje na maioria das empresas. Além disso, Boaz deu liberdade para Rute beber água à vontade: “Quando tiveres sede, vai até os potes e bebe do que os moços tiverem tirado [...]” (v. 9b). Rute ficou tocada diante de tanta bondade e quis saber o motivo: “Então ela se inclinou, prostrou-se com o rosto em terra, e lhe perguntou: Por que achei favor aos teus olhos, para que te importes comigo, uma estrangeira?” (v. 10). Boaz respondeu dizendo que a atitude que Rute teve para com Noemi foi louvável. Rute ficou ao lado de Noemi, deixando para trás o seu povo e a sua terra natal. Será que Boaz se lembrou da atitude semelhante que Abraão teve? Em seguida, Boaz fez uma oração em favor de Rute: “Que o SENHOR recompense o que fizeste, que recebas grande recompensa do SENHOR, Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar abrigo” (v. 12). Se refugiar debaixo das asas pinta o quadro de um pássaro sob as asas da mãe. É uma linguagem bastante usada no Saltério: “Protege-me como à menina dos teus olhos; esconde-me à sombra das tuas asas” (Salmos 17:8 NVI) [3]. Em resposta, Rute demonstrou apreciação pela oração de Boaz. É como se ela dissesse: “Muito obrigada, Boaz”! Note que essa foi a primeira coisa boa que Rute experimentou desde a morte de seu marido.
Quando recebemos gestos de bondade das pessoas, isso significa que Deus está demonstrando a Sua bondade conosco. Recentemente, assisti a uma reportagem em que um pai, juntamente com a polícia, encontrou sua filha que estava desaparecida há vários dias. O triste nessa história é que a garota foi encontrada morta. Uma telespectadora de outra cidade se comoveu com a história e viajou para dar um abraço naquele pai enlutado e lhe dizer algumas palavras de conforto. Deus demonstra Sua bondade utilizando-se de vários meios. Confie no Senhor.

A refeição entre Rute e Boaz (vv. 14-16)
Na hora da refeição, Boaz convidou Rute e ela se sentou junto com os ceifeiros. Ela comeu pão molhado no vinagre e grãos tostados. Pão molhado no vinagre era uma comida simples e os grãos tostados consistia de espigas recém colhidas e assadas em panela. Rute se alimentou até ficar totalmente satisfeita, e, depois da refeição, voltou a trabalhar. Boaz deu mais algumas ordens favoráveis a Rute: “Quando ela se levantou para recolher espigas, Boaz deu ordem aos seus servos: Deixai que recolha até entre os feixes; não a impeçais. Tirai também dos feixes algumas espigas e deixai-as cair, para que ela as recolha, e não a impeçais” (vv. 15-16). A Lei permitia recolher a espiga depois do trabalho dos ceifeiros. No entanto, Boaz permitiu que Rute recolhesse as espigas durante o trabalho deles. Os servos não deveriam impedi-la de fazer isso. Boaz, mais uma vez, foi bondoso para com Rute.

Um parente de sangue (vv. 17-23)
Rute trabalhou durante a tarde toda e recolheu cerca de 18 litros de cevada. Ela levou toda essa quantidade para o seu povoado. Ao chegar, Noemi ficou admirada com a quantidade trazida para casa. Então, perguntou onde Rute havia trabalhado naquele dia. Noemi percebeu que a quantidade só podia ser resultado de uma generosidade incomparável. Rute respondeu dizendo que trabalhou com um homem chamado Boaz. Noemi, então, expressou louvor e gratidão a Deus: “Seja ele abençoado pelo SENHOR, que não deixou de mostrar benevolência nem para com os vivos nem para com os mortos [...] (v. 20a). Em seguida, ela disse à Rute que Boaz “é um dos nossos resgatadores” (NVI). Mas as bênçãos não param por aí: “Então Rute, a moabita, respondeu: Ele me disse também: Seguirás de perto os meus ceifeiros, até que tenham acabado toda a minha colheita” (v. 21). Em outras palavras, Rute recebeu autorização para colher até o fim da colheita, e não apenas naquele dia. Noemi, então, aconselhou-a a ficar no campo de Boaz até o fim da colheita. Ela assim o fez, mas permaneceu morando com sua sogra.
É consolador saber que Deus está comprometido em suprir as necessidades do Seu povo. Ele cuida de nós. O que é necessário não nos faltará. Mais do que isso. Às vezes, a provisão do Senhor é maior do que a nossa necessidade. Jesus alimentou cinco mil pessoas ao multiplicar alguns pães e peixes. É dito que depois do suprimento, recolheu-se doze cestos repletos de pães e peixes (cf. Marcos 6:41-44). A bênção de Deus extravasa a nossa necessidade. Descanse nessa verdade.

“O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipenses 4:19 NVI)



Fabrício A. de Marque

_____________________________

Notas:
[1] Artur E. Cundall & Leon Morris. Juízes e Rute: Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 1986. p. 254-55.
[2] O texto utiliza e expressão hebraica que é um advérbio de negação enfático (aparece no Decálogo), ao invés de utilizar a outra expressão ‘al.
[3] Veja também Salmos 36:7; 63:7 e 91:4.


Nenhum comentário:

Se o conteúdo te ajudou, deixe-nos um comentário!
Obrigado pela visita!