pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Seitas e Heresias

Seitas e Heresias


No final do século passado surgiram inúmeras seitas enganando e destruindo as pessoas. As seitas se aproveitam dos novos convertidos e prejudicam a causa do evangelho. Sem contar que elas também dividem famílias, racham igrejas e levam pessoas à perdição eterna. Por isso, as pessoas precisam de preparo para defender o evangelho, ou seja, elas precisam de boas ferramentas apologéticas. Parte desse preparo apologético se dá conhecendo como funciona uma seita. Como entender o funcionamento das seitas e heresias? Antes de compreender esses pontos, é necessário começar respondendo algumas dúvidas.

I. TIRANDO ALGUMAS DÚVIDAS.

1. O que é uma seita?
A palavra seita significa: partido e corrente de pensamento. Uma seita vive em torno das ideias de um líder humano que distorce a Palavra de Deus. Exemplo disso é visto no Reverendo Moon, fundador da Igreja da Unificação na Coreia do Sul. Moon controlava uma bilionária corporação de empresas de comunicação, automobilística, remédios, armas, turismo e publicidade. O Reverendo Moon tinha ideias absurdas, como veremos a seguir.

2. O que é heresia?
A palavra heresia significa: falso ensino. É uma distorção pervertida do Cristianismo. Reflita sobre alguns ensinos do Reverendo Moon: a) Jesus falhou em sua missão porque morreu na cruz; b) Moon é Deus e continuador da obra inacabada de Jesus; c) Jesus não é Deus porque Deus não pode ser limitado pelo corpo de um homem; d) Moon é o terceiro Adão [1]. A heresia não é uma invenção moderna, mas um ensino contra o qual a igreja vem lutando desde sempre. Apesar disso, vale destacar que nem todo aquele que fala heresia é membro de uma seita; mas, todo membro de uma seita fala heresia.

3. O que é tolerância religiosa?
Tolerância religiosa é o respeito pelas pessoas que fizeram uma opção religiosa diferente da nossa. Contudo, tolerância não significa que todas as religiões levam a Deus. Respeito não é sinônimo conivência [2].

4. É certo questionar a expressão religiosa de uma pessoa?
A própria Bíblia nos dá essa permissão. Precisamos questionar as ideias erradas, e não atacar as pessoas, pois, ao atacar uma pessoa, caímos no Argumentum ad hominem [3]. Quanto à permissão dada pela Bíblia, veja o que diz a Palavra de Deus: Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo” (Atos 17:11 NVI). Se um ensino estiver errado, precisamos questioná-lo à luz das Escrituras Sagradas.
Mas, afinal, quais os critérios para identificar uma seita? O que uma seita, de fato, ensina?

II. IDENTIFICANDO UMA SEITA.

1. Nega as doutrinas fundamentais do Cristianismo.  
Via de regra, as seitas comprometem o alicerce do Cristianismo, isto é, negam as principais doutrinas bíblicas e teológicas, a saber: (1) Trindade; (2) Justificação; (3) Expiação; (4) Regeneração; (5) Santificação; (6) Nascimento Virginal de Cristo; (7) Divindade de Jesus; (8) Encarnação de Jesus; (9) Ressurreição; (10) Personalidade do Espírito Santo; (11) Divindade do Espírito Santo; (12) Deus Pai; (13) Segunda Vinda de Cristo; (14) Bíblia como Regra de Fé e Prática; (15) Salvação pela Fé e outras.
No entanto, não devemos brigar por questões secundárias como o batismo e as interpretações apocalípticas, por exemplo. As questões secundárias são importantes, mas não interferem na salvação. Toda heresia é um erro teológico, mas nem todo erro teológico é uma heresia.

2. Utiliza várias fontes de autoridade.
Uma seita usa a Bíblia, mas não SOMENTE a Bíblia. Aliás, a causa da divisão na época da Reforma Protestante se deu por conta da palavra “sola” (somente). Os católicos não negaram a Bíblia, mas negaram a ideia de “somente a Bíblia” (Sola Scriptura). Apelavam para a tradição como fonte legítima de autoridade, em pé de igualdade com a Bíblia Sagrada. Podemos citar também a seita Testemunhas de Jeová, que utiliza a Bíblia como fonte de autoridade, mas também o Corpo Governante [4]. Igualmente, os Mórmons utilizam a Bíblia, contudo, também têm em alta conta a autoridade do “O Livro de Mórmon”.

3. Subtrai algo da Pessoa de Jesus.
Uma seita nega humanidade ou a divindade de Jesus. Quanto à humanidade do Filho de Deus, diz a Legião da Boa Vontade (LBV): Ele não é Deus, e jamais afirmou que fosse (Doutrina do Céu). Quanto à divindade do Filho de Deus, diz as Testemunhas de Jeová: “[...] não adoramos a Jesus nem acreditamos que ele é o Deus Todo-Poderoso” [5].
No entanto, biblicamente falando, Jesus é 100% Deus e 100% homem. O veredito bíblico é claro quanto a isso: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:5-8 NVI ênfase minha).

4. Ensina a salvação pelas obras.
A salvação pela graça mediante a fé em Jesus é algo exclusivo do Cristianismo. Por outro lado, as seitas negam a suficiência do sacrifício de Jesus. Isso é visto no ensino do Judaísmo, Mormonismo, Testemunhas de Jeová, Adventismo, etc. A Palavra de Deus diz: Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9 NVI).

5. Ensina a salvação sectarista.
O sectarismo é marcado pelo comportamento intolerante e fanático. O sectário afirma que não há salvação fora do seu próprio sistema religioso. Soube de um membro das Testemunhas de Jeová que participou de uma das cruzadas do Billy Graham para “evangelizar” os evangélicos.
Além dos falsos ensinos, as seitas também possuem algumas armas de sedução e manipulação. Quais são elas?

III. DISCERNINDO AS TÁTICAS DE UMA SEITA.

1. Aliciação.
Em alguns segmentos, refeições gratuitas são oferecidas, presentes são dados e brindes são distribuídos. Tudo isso visando agradar os futuros integrantes da seita.  Lembro-me do ex-satanista Daniel Mastral dizendo que pagava pizza para os jovens da igreja, apenas para ganhar a confiança deles e, depois disso, jogá-los contra a liderança da igreja. A Bíblia diz: Quem adula seu próximo está armando uma rede para os pés dele” (Provérbios 29:5 NV; cf. 1 Ts 2:5).

2. Interesse exacerbado.
A simpatia dos hereges tem como objetivo atrair as pessoas. Afinal, as pessoas gostam de líderes carismáticos. Fique atento quanto a isso. Procure saber sobre as suas crenças, e não se são simpáticos e bacanas.

3. Isolamento.
As seitas isolam os seus membros do convívio social. Afastam-nos da família, dos amigos, do trabalho, etc. O objetivo disso é causar alienação, pois, quando acontece o isolamento, eles ficarão longe dos bons conselhos e das advertências de perigo.

4. Enfatização da figura do líder.
O juiz absoluto não é mais Deus, e sim, o líder. Note como o líder é frequentemente intitulado de Messias em quase todas as seitas. O líder passa a controlar a vida dos membros para que eles tomem decisões segundo a vontade dele, e não do Senhor Jesus. A função do líder é apascentar e orientar, e não controlar a vida dos seus liderados.

5. Bombardeio intelectual.
O bombardeio intelectual é marcado por falsas promessas. Consequentemente, a pessoa que está sendo constantemente bombardeada, perde a capacidade de avaliação crítica, passando a acreditar que a seita tem a palavra final em todas as coisas. Por exemplo, um membro da seita Testemunhas de Jeová negou a transfusão de sangue da própria filha, causando a morte da menina. Confira o relato da mãe: “Em 1983, em Ontário, no Canadá, os pais de Sara Cyrenne, de 12 anos, recusaram a transfusão de sangue, causando sua morte. Sua mãe declarou: ‘Nós o fizemos porque sabíamos que o que havíamos feito era a coisa certa e que tínhamos Jeová Deus do nosso lado’ [6].
Infelizmente, essas armas de sedução não são as únicas táticas utilizadas pelas seitas. Elas contam com fatores externos também. Esses fatores acabam gerando um crescimento explosivo. Vejamos quais são os fatores que cooperam para o crescimento das seitas.

IV. RAZÕES PARA O CRESCIMENTO DAS SEITAS.

1. Falha da igreja.
Quando a igreja deixa de anunciar a verdade, cria-se lacunas, e as seitas preenchem essas lacunas com heresias. Por essa razão, as igrejas precisam pregar e ensinar a verdade (cf. 2 Timóteo 4:1-5).

2. Imaturidade espiritual das pessoas.
Algumas pessoas não conseguem discernir o certo do errado, porque são lentas para aprender (Hebreus 5:11-14). Não podemos acreditar que tudo é verdade só porque carrega o nome de Deus. Compare tudo (pregações, leituras, conselhos, filmes, músicas) com as Escrituras.

3. Soberba espiritual.
Alguns acham que o evangelho é simples demais. Por isso, correm atrás de novidades, pensando que precisam fazer alguma coisa para serem salvos. Receber a salvação de graça é complicado demais. Isso é soberba espiritual. Deus jamais aceitaria boas obras de pecadores como requisito para salvá-los. Jesus Cristo é suficiente.

4. Amor às trevas.
Algumas pessoas têm prazer no erro. Elas amam coisas diabólicas e malucas. Simplesmente amam as trevas e estão dispostas a continuar nas trevas, mesmo diante de boas explicações quanto à verdade do evangelho. Tais pessoas sofrerão terrível condenação: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” (João 3:19-20 NVI).

Qual tem sido a nossa postura diante desse cenário caótico? Apatia? Desinteresse? Você tem ensinado a Palavra de Deus às pessoas?  Através das redes sociais e das conversas informais? O que você vai fazer a partir de hoje para crescer no conhecimento da Palavra de Deus?


Fabrício A. de Marque

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Nota:
[1] Para informações adicionais sobre a perniciosa seita Moon, acesse o artigo no link: http://www.cacp.org.br/a-seita-de-reverendo-moon/
[2] Um excelente material que trata muito bem desse assunto é o livro “ A Intolerância da Tolerância” (D. A. Carson).
[3] “Do latim: argumento contra a pessoa. É uma falácia identificada quando alguém procura negar uma proposição com uma crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo” (Wikipédia).
[4] Entenda melhor o que é o Corpo Governante e a “autoridade” que supostamente possuem: https://www.jw.org/pt/testemunhas-de-jeova/perguntas-frequentes/corpo-governante/.
[6] A Sentinela, 15/8/1983, p. 29.



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