pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: O Espiritismo Kardecista

O Espiritismo Kardecista


A palavra “espírito” no grego é pneuma (πνεμα). Significa também: “sopro”, “vento” e “respiração”. O sufixo “ismo” junto à palavra “espírito” indica um sistema religioso, a saber, o Espiritismo. Mas há vários tipos de Espiritismo, como veremos a seguir.

I. TIPOS DE ESPIRITISMO

1. Espiritismo Comum
1.1. Quiromancia: Adivinhação pelo exame das linhas da palma da mão. Também chamado de “quiroscopia”.
1.2. Cartomancia: Adivinhação pela decifração de combinações de cartas.
1.3. Grafologia: Estuda a personalidade a partir da análise da escrita.
1.4. Hidromancia: Arte de adivinhar por meio de água.
1.5. Astrologia: É a busca de informações a partir da posição dos corpos celestes. Crê em signos [1].

2. Baixo Espiritismo (ou Espiritismo Pagão)
2.1. Vodu: Culto que mistura animismo, espiritismo, magia, etc. Creem que os espíritos dos ancestrais circulam entre os vivos.
2.2. Candomblé: Cultua as forças da natureza que são personificadas em vodun, orixá, etc.
2.3. Umbanda: Religião sincrética que mistura espiritismo, catolicismo e religiões indígenas.
2.4. Quimbanda: Trabalha com exus e pombas giras. Tentam manipular as forças negativas.
2.5. Macumba: Tem ligação com o candomblé. Trabalha com oferendas para os espíritos, buscando proteção e outros favores.

3. Espiritismo Científico (Alto Espiritismo, Ortodoxo, Profissional)
3.1. Ecletismo: Não segue nenhum sistema específico. Escolhe de cada segmento aquilo que julga ser verdade.
3.2. Esoterismo: Crença que afirma que a verdade está limitada a um número restrito de pessoas, sendo elas escolhidas por sua inteligência ou pelo seu valor moral.
3.3. Teosofismo: Possui uma visão mística da natureza de Deus e das leis do universo. Mistura religião, ciência e filosofia. Afirma que o verdadeiro conhecimento acontece pela comunhão direta da alma com a realidade divina [2].
Além desses três tipos, ainda há o Espiritismo Kardecista, segmento que será resumidamente abordado neste estudo.

II. O ESPIRITISMO KARDECISTA, ALGUMAS DE SUAS DOUTRINAS E O ENSINO BÍBLICO.

1. Origem do Movimento
O Moderno Espiritualismo começou com as irmãs Fox: Margaret, Kate e Leah, no século XIX. Porém, foi Allan Kardec quem codificou a Doutrina Espírita em seus livros. Kardec foi um francês que viveu de 1804 — 1869. O seu nome original era Hippolyte Léon Denizard Rivail. O pseudônimo Allan Kardec “foi uma homenagem a uma reencarnação em que viveu na Gália antiga entre os druidas como sacerdote daquele povo” [3]. Kardec era educador, escritor e tradutor. Foi casado com uma mulher nove anos mais velha do que ele, com quem não teve filhos. Ele morreu aos 64 anos vítima de aneurisma.

2. Algumas Doutrinas do Espiritismo Kardecista

A. A possibilidade de comunicação com os mortos.
Os mortos são chamados de Espíritos desencarnados. Os Espíritos pertencem a categorias diferentes:

“Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, a pureza de seus sentimentos e seu amor pelo bem: são os anjos ou puros Espíritos. As outras classes afastam-se cada vez mais dessa perfeição: os das ordens inferiores são inclinados à maioria de nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc.; eles se comprazem no mal. Entre estes, há os que nem são muito bons, nem muito maus; mais perturbadores e intrigantes do que malvados, a malícia e as inconsequências parecem ser sua característica: são os Espíritos inconsequentes ou levianos.” [4]

Os Espíritos Superiores instruem aqueles que estão em busca da verdade. Foram eles que revelaram o Espiritismo para Allan Kardec. Segundo o Espiritismo, as pessoas podem se comunicar com os mortos:

“A possibilidade de entrar em comunicação com os Espíritos é uma consolação muito doce, visto que nos proporciona o meio de conversarmos com nossos parentes e nossos amigos que deixaram a Terra antes de nós. Pela evocação nós os aproximamos de nós; eles estão ao nosso lado, nos ouvem e nos respondem; não há mais, por assim dizer, separação entre eles e nós. Eles nos ajudam com seus conselhos, testemunham-nos sua afeição e o contentamento que experimentam pela nossa lembrança. É uma grande satisfação, para nós, sabê-los felizes, saber, através deles mesmos, os detalhes de sua nova existência e, por nossa vez, adquirir a certeza de reencontrá-los.” [5]

RESPOSTA BÍBLICA

v A Bíblia revela que não existe comunicação entre os vivos e os mortos.
“Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem de nada; não haverá recompensa para eles e não se tem mais lembrança deles. O amor, o ódio e a inveja deles já desapareceram; nunca mais terão parte alguma no que se faz debaixo do sol” (Eclesiastes 9:5-6 A21).
O versículo não nega que haverá realidade na vida futura. A recompensa aqui se refere aos esforços produzidos na terra. Os mortos não podem fazer coisas próprias de pessoas fisicamente vivas.

v A Bíblia revela que Deus detesta qualquer pessoa que consulte os mortos.
“Não haverá contigo quem sacrifique o filho ou a filha no fogo, nem adivinho, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois o SENHOR detesta todo aquele que faz essas coisas, e é por causa dessas abominações que o SENHOR, teu Deus, os expulsa de diante de ti” (Deuteronômio 18:10-12).
No Antigo Testamento Deus falava por meio dos profetas, por isso não havia necessidade dos Espíritos para a comunicação. Hoje, Deus nos fala por meio da Bíblia, por isso não precisamos dos “Espíritos Superiores”.

B. A afirmação de o Espiritismo ser o Consolador prometido.
O Espiritismo não crê no Espírito Santo como a Terceira Pessoa da Trindade. Dizem que esse ensino foi uma invenção da Igreja. Para eles, o Espiritismo é o Espírito Santo prometido em João 14:

“[...] reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador.” [6]

O Espiritismo arroga para si o papel do Espírito Santo:

“O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.” [7]

RESPOSTA BÍBLICA

v A Bíblia deixa claro que o Consolador é uma Pessoa, não um conjunto de ensinos.
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique para sempre convosco, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, pois ele habita convosco e estará em vós” (João 14:16-17) [8].
Além disso, a Bíblia mostra o Espírito Santo executando funções pessoais:
« Orientando: “Enquanto cultuavam o Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra para a qual os tenho chamado” (Atos 13:2).
« Conduzindo: “Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá a toda a verdade. [...]” (João 16:13a).
« Ensinando: “Também falamos dessas coisas, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais” (1 Coríntios 2:13).

C. A Reencarnação como o meio para alcançar a perfeição
Reencarnar significa “entrar uma alma num corpo que não era o que ocupava numa existência anterior” [9]. A Doutrina da Reencarnação também é chamada de “pluralidade de existências”. Segundo a própria definição do Espiritismo, reencarnação é a “volta do Espírito à vida corpórea, pluralidade das existências” [10].
Observe o que é ensinado no Livro dos Espíritos, nas questões 166 e 167:

166. Como a alma, que não atingiu a perfeição durante a vida corporal, pode terminar de depurar-se?
“Experimentando a prova de uma nova existência”.
a) — Como a alma realiza essa nova existência? Será por sua transformação como espírito?
“A alma, depurando-se, experimenta, certamente, uma transformação, mas, para isso, é-lhe necessária a prova da vida corporal”.
b) — Então, a alma tem várias existências corporais?
“Sim, todos temos várias existências. Os que dizem o contrário querem vos manter na ignorância em que eles próprios se encontram; este é o desejo deles”.
c) — Parece resultar deste princípio que a alma, depois de ter deixado um corpo, toma um outro; ou, melhor dizendo, que ela reencarna num novo corpo; é assim que se deve entender?
“É evidente”.
167. Qual é o objetivo da reencarnação?
“Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade; sem isto, onde estaria a justiça?” [11]

Além disso, eles ensinam, com “base” na Bíblia, que João Batista foi a reencarnação de Elias. Usando a passagem do Monte da Transfiguração (leia Mateus 17:10-13), dizem: “Visto que João Batista era Elias, houve, portanto, a reencarnação do Espírito ou da alma de Elias no corpo de João Batista” [12].

RESPOSTA BÍBLICA

v A Bíblia deixa claro que João Batista cumpriu o ministério de Elias profeticamente.
Não era o mesmo espírito em um corpo diferente. Ora, o próprio João Batista negou ser a pessoa de Elias: “E perguntaram-lhe: Então, quem és tu? És Elias? Ele respondeu: Não sou. [...]” (João 1:21). O ministério de João Batista seria exercido no mesmo poder que o ministério de Elias. Os dois profetas convocaram as pessoas ao arrependimento e sofreram perseguição severa em virtude dessa postura. Por isso, a Bíblia diz: “irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para reconduzir o coração dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de constituir um povo preparado para o Senhor” (Lucas 1:17). Não tem nada a ver com reencarnação.
Se essas evidências não são suficientes, considere a contradição do pensamento espírita. De acordo com o ensino deles, uma pessoa só pode reencarnar se primeiro ela morrer. Todavia, Elias não morreu, mas foi arrebatado pelo Senhor: “Enquanto eles estavam caminhando e conversando, um carro de fogo, com cavalos de fogo, separou-os um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2 Reis 2:11).

v A Bíblia revela que esta vida física precede o destino eterno de uma pessoa.
O livro de Jó afirma que um morto não pode voltar e desfrutar as experiências comuns do ser humano:

“Assim como a nuvem se desfaz e some, aquele que desce à sepultura nunca voltará a subir. Nunca mais voltará à sua casa, nem mesmo o seu lugar o conhecerá mais” (Jó 7:9-10)

Embora a Bíblia não ensine a reencarnação, ela ensina a ressurreição. Isso significa que o espírito de uma pessoa voltará para o próprio corpo que ela tinha durante sua existência terrena:

“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2)

Por fim, depois da morte, vem o julgamento, e não a reencarnação:

“E, como está ordenado aos homens morrerem uma só vez, vindo depois o juízo” (Hebreus 9:27)

Não podemos brincar quando o assunto é doutrina bíblica. O Espiritismo nega outras doutrinas fundamentais, como a doutrina do pecado, do inferno, etc. Você está em Cristo? Você confia somente nEle para sua salvação? Somente Cristo pode nos levar à salvação eterna na presença de Deus.

Fabrício A. de Marque

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Nota:
[1] Para mais informações: https://missaoamerica.wordpress.com/espiritismo/.  
[3] Ricardo Orestes Forni. Descomplicando o Espiritismo: tudo o que você queria saber sobre Espiritismo de forma prática e objetiva. São Paulo: Petit, 2015. p. 37.
[4] Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, 1ª ed. — Rio de Janeiro: CELD, 2008. p. 27.
[5] Ibid., p. 299.
[6] Allan Kardec. A Gênese, 53ª ed. Brasília: FEB, 2013. p. 34.
[7] Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 131ª ed., Edição Histórica. Brasília: FEB, 2013. p. 106.
[8] O pronome grego “autos” τς) aponta para uma pessoa.
[10] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 71ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003. p. 578.
[11] Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, 1ª ed. — Rio de Janeiro: CELD, 2008. p. 96.
[12] Ibid., p. 115.



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