pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Eli e Samuel: Dois Modelos de Liderança

Eli e Samuel: Dois Modelos de Liderança


I. A AMEAÇA FILISTEU

A ameaça do domínio filisteu pairava sobre Israel. Os filisteus invadiram as terras israelitas na época de Sansão. Os filisteus tinham vantagem no campo militar, político e agrícola. A Bíblia diz que “em toda a terra de Israel, não se achava um só ferreiro” (1 Samuel 13:19) [1]. No campo militar, porque os israelitas não podiam fabricar suas próprias armas. No campo político, porque os filisteus ocupavam pelo menos cinco cidades na planície marítima: Ascalom, Asdode, Ecrom, Gaza e Gate. E no campo agrícola, porque os israelitas dependiam dos filisteus para afiar as suas ferramentas de trabalho: “Por isso, todos os israelitas tinham que ir aos filisteus para afiar suas relhas, enxadas, machados e foices.” (1 Samuel 13:20).
O embate entre filisteus e israelitas durou várias gerações. Durante a liderança de Eli, Samuel e Saul o povo de Israel até que conseguiu resistir ao domínio dos filisteus. No entanto, o poder filisteu só foi eliminado no ano 1000 a.C., sob a liderança de Davi.

II. ELI COMO SACERDOTE E JUIZ

Os quatro primeiros capítulos de 1 Samuel ocorreram durante a liderança de Eli. O esboço desses capítulos ficará assim:

O Nascimento de Samuel
1:1 – 2:11
O serviço no tabernáculo
2:12-26
Duas advertências a Eli
2:27 – 3:21
O julgamento de Eli
4:1-22

Apostasia Religiosa
Eli servia como sumo sacerdote na cidade de Siló. Nessa cidade, ele cuidava dos assuntos civis e religiosos do povo. Quando Eli estava na liderança, a religião de Israel atingiu o seu pior nível. Eli fracassou na tarefa de instruir os seus filhos, Hofni e Fineias, a temer a Deus. A Bíblia diz que “os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam com o SENHOR” (1 Samuel 2:12).  Mesmo assim, Eli permitia que eles assumissem responsabilidades sacerdotais. Veja o que a Bíblia acerca do procedimento deles:

“13 O costume desses sacerdotes para com o povo era o seguinte: quando alguém oferecia um sacrifício, estando a carne ainda cozinhando, o auxiliar do sacerdote vinha segurando um garfo de três dentes 14 e o colocava na vasilha, ou no tacho, ou no caldeirão, ou na panela; e o sacerdote tomava para si tudo quanto o garfo tirava. Assim procediam com todos os de Israel que iam para Siló. 15 E, antes de queimarem a gordura, o auxiliar do sacerdote vinha e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para o sacerdote assar, pois não receberá de ti carne cozida, mas crua. 16 Se o homem lhe respondia: Deixa a gordura queimar primeiro e depois toma quanto desejares, ele lhe dizia: Tu me darás agora; do contrário eu a tomarei à força. 17 O pecado desses jovens era muito grave à vista do SENHOR, pois eles desprezavam a oferta do SENHOR.” (1 Samuel 2:13-17)

Era essa a atmosfera religiosa em Siló quando Samuel foi levado para lá ainda criança. Samuel estava sujeito à influência negativa dos filhos de Eli. Mas, graças a Deus, Samuel reagiu contra essas atitudes ímpias de Hofni e Fineias.

Julgamento Iminente
A frouxidão de Eli provocou o julgamento de Deus. Eli foi advertido duas vezes. Primeiro, por um profeta anônimo e depois na visão dada a Samuel. O pecado de Eli foi colocar os filhos no lugar de Deus. Deus disse: “[...] Por que honras teus filhos mais do que a mim? [...]” (1 Samuel 2:29). No dia em que o julgamento de Deus se manifestou, a nação inteira foi afetada. Durante uma batalha contra os filisteus, Hofni e Fineias tiraram a arca da aliança do Santo dos Santos e levaram para a batalha. Resultado: a arca da aliança foi roubada e os filhos de Eli foram assassinados. Quando Eli recebeu a notícia, caiu da cadeira, quebrou o pescoço e morreu aos 98 anos de idade. É bem provável que a cidade de Siló tenha sido destruída também.
Depois desse episódio, não há menção na Bíblia de Siló nem do Tabernáculo. Quando a arca foi recuperada, ela permaneceu numa residência particular. Os profetas passaram a oficiar os rituais em Nobe. A derrota de Israel foi tão desencorajadora que, quando a nora de Eli deu à luz, ela colocou no bebê o nome de Icabode (אִי־כָבוֹד: ʼîkābôd): “sem glória”. Ela sentiu que a bênção de Deus havia sido retirada de Israel.
Aprendemos três lições preciosas com essa porção de 1 Samuel: (1) Honrar qualquer pessoa mais do que a Deus gerará sérias consequências; (2) Deus sempre envia pessoas para nos advertir de nossos pecados. Quando isso acontecer, devemos agir humildemente reconhecendo o nosso erro; e (3) Devemos colocar a nossa família em ordem enquanto ainda há tempo.

III. SAMUEL COMO PROFETA, SACERDOTE E JUIZ

Os capítulos que vão do cinco ao oito narram as mudanças políticas e religiosas que aconteceram durante a liderança do profeta Samuel. Um resumo desses capítulos ficará assim:

A arca retorna a Israel
5:1 – 7:2
Avivamento e vitória
7:3-14
Ministério de Samuel
7:15 – 8:3
O povo pede um rei
8:4-22

Samuel foi uma figura importantíssima na história de Israel. Ele foi o último dos juízes a exercer autoridade civil sobre o povo. Ele também foi sacerdote, mesmo não pertencendo à linhagem de Arão. Samuel foi um reconhecido profeta que fundou escolas de profetas que influenciaram as futuras gerações dos reis de Israel.

Uma liderança eficiente
Samuel levantou um altar ao Senhor em sua cidade natal: Ramá. Samuel criou um circuito de cidades para realizar as tarefas sacerdotais e para desenvolver um ministério de ensino. A Bíblia menciona essas cidades: Mispá, Ramá, Gilgal, Belém, Betel e Berseba. Com o passar do tempo, vários profetas começaram a seguir Samuel e em pouco todo o Israel reconheceu que Samuel tinha sido enviado por Deus. Além disso, Samuel pôs um fim na adoração aos falsos deuses em Israel. Durante uma convocação de oração, jejum e sacrifícios em Mispá, os filisteus atacaram Israel. No meio da batalha, Deus confundiu os filisteus através de uma tempestade: “Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram para atacar a Israel; mas naquele dia o SENHOR trovejou com grande estrondo sobre os filisteus, e os destruiu, de modo que foram derrotados pelos israelitas.” (1 Samuel 7:10).
Essa foi a última vez que os filisteus atacaram o povo de Israel.  Samuel reconheceu a ajuda de Deus e levantou uma pedra chamada Ebenézer: “Então Samuel tomou uma pedra e a pôs entre Mispá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o SENHOR.” (1 Samuel 7:12). Em hebraico, אֶבֶן הָעֶזֶר (ʼeben hāʽezer), significa: “Pedra de ajuda”.

O povo pede um rei
Já velho, o povo pediu um rei para o profeta Samuel. Ao pedir isso, o povo estava rejeitando a liderança de Deus. Samuel relutou em acatar o pedido, mas Deus disse: “Atende ao povo em tudo quanto te pedir, pois não é a ti que rejeita, mas a mim, para que eu não reine sobre ele.” (1 Samuel 8:7). Samuel, no fim das contas, concordou e escolheu um rei para liderar o povo.
Finalmente, aprendemos mais duas lições: (1) Homens e mulheres de Deus precisam de pulso firme para honrar a Deus e eles devem confiar que, se houver oposição, Deus vai cuidar de tudo; e (2) Quando uma pessoa, uma igreja, uma família ou um país rejeita Deus como governante, acaba colhendo sérios problemas que poderiam ser evitados.


Fabrício A. de Marque

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Notas:
[1] Almeida Século 21 (A21).



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