pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: ESTUDO 03: Oração Matutina: Sofrimento Familiar

ESTUDO 03: Oração Matutina: Sofrimento Familiar

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LEITURA DO TEXTO:

“1. Senhor, como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se levantam contra mim. 2. São muitos os que dizem de mim: ‘Não há em Deus salvação para ele’. 3. Porém tu, Senhor, és o meu escudo protetor, és a minha glória e o que exalta a minha cabeça. 4. Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde. 5. Eu me deito e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta. 6. Não tenho medo dos milhares que tomam posição contra mim de todos os lados. 7. Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu, pois desferes um golpe no queixo de todos os meus inimigos e quebras os dentes dos ímpios. 8. Do Senhor é a salvação. A tua bênção esteja sobre o teu povo!” (Salmos 3.1-8, NAA)

INTRODUÇÃO

Você já passou por algum tipo de sofrimento que te deixou sem chão? Todos passam por sofrimentos, embora a causa deles não seja sempre a mesma. O sofrimento é parte fundamental do nosso crescimento e amadurecimento. Pessoas de Deus sofreram no passado, e continuam a sofrer no presente.
O salmo 3 relata o sofrimento do maior rei de Israel: Davi. O salmo foi escrito quando Davi fugia da perseguição de Absalão, seu filho. Há uma conspiração do filho contra o pai, por causa do pecado de Davi. O contexto maior do salmo 3 pode ser lido em 2 Samuel 15—17. Assim, podemos dividir esse salmo da seguinte forma:

O Sofrimento de Davi
(vv. 1-2)
A Confiança de Davi
(vv. 3-6)
O Pedido de Davi
(vv. 7-8)

I. O SOFRIMENTO DE DAVI (vv. 1-2)

O salmo começa mostrando dois lamentos de Davi. Ele lamenta pelo número dos seus adversários (v. 1), e lamenta pela maledicência dirigida contra ele (v. 2). Por que Davi está passando por esse tipo de situação? Precisamos entender o contexto maior. Todo sofrimento pertence a um tipo de situação.
Depois de cometer adultério e assassinato, Deus pune Davi. As consequências dessa punição produziram as seguintes situações:

(a) o filho do adultério com Bateseba faleceu;
(b) o filho mais velho de Davi, Amnon, estuprou a própria irmã, Tamar;
(c) Absalão, o irmão da moça estuprada, assassina Amnon, o irmão estuprador;
(d) Absalão conspira contra Davi, o seu próprio pai.

Dessa forma, se cumpriu a palavra de Deus, por meio da boca do profeta Natã:

“Agora, pois, a espada jamais se afastará da sua casa [...] Eis que farei com que de sua própria casa venha o mal sobre você [...]” (2 Samuel 12.10-11, NAA)

Por causa dessas coisas é que Davi apresenta os dois lamentos no início do salmo. Spurgeon disse que o povo maldizia Davi com as seguintes palavras:

“Hipócrita! Canalha! Como ele pode reivindicar seguir a Deus? Sua alegação de que Deus o ungiu como rei é uma piada! Deus não está do lado deste falso!”

Embora Davi tenha colhido as consequências de seu pecado, ele foi perdoado por Deus. A graça de Deus não se apartou de Davi, mesmo durante a sua dor.

Que tipo de sofrimento você está enfrentando no momento? Talvez o seu sofrimento não seja a consequência de um pecado pessoal. Entenda que Deus não desperdiça o sofrimento em nossa vida. O sofrimento tem como objetivo produzir virtudes em nosso coração.

“Deus usa o sofrimento para nos desmamar da autoconfiança e nos fazer depender exclusivamente dEle.” (John Piper)

“Deus prefere que tenhamos dor santa a prazer profano. Dor e sofrimento não são necessariamente sinais da ira de Deus; podem ser exatamente o contrário.” (John Blanchard)

II. A CONFIANÇA DE DAVI (vv. 3-6)

Apesar do sofrimento que está enfrentando, Davi não se deixa abater. Mas a força não está nele, e sim, no Senhor. Davi olha para o Senhor e, ao fazer isso, ele contempla seis verdades preciosas:

(1) o Senhor é o nosso escudo.

“Porém tu, Senhor, és o meu escudo protetor [...]” (v. 3a)

Deus também disse para Abraão que era o seu escudo (cf. Gn 15.1). Essa metáfora se repete ao longo do Saltério (5.12; 18.2, 30, 35; 28.7; 33.20 et al.). Davi sabia que Deus era o seu protetor. Igualmente, Deus nos protege de nossos inimigos espirituais:

“Sabemos que os nascidos de Deus não vivem no pecado, pois o Filho de Deus os protege e o maligno não os toca.” (1 João 5.18, NVT)

(2) o Senhor é a nossa glória.

“[...] és a minha glória [...]” (v. 3b)

Pense na posição que Davi ocupava. Davi era rei e, certamente, podia desfrutar de toda a glória de sua posição. No entanto, ele diz que o Senhor é a sua glória. Não existe glória maior do que o conhecimento de Deus. Será que o Senhor é a nossa glória, assim como era para Davi? Ou será que nos gloriamos em nossos feitos e em nossas capacidades?

“Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.” (2 Coríntios 10.17)

“Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas. Mas aquele que se gloria, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” (Jeremias 9.23-24, NAA)

(3) o Senhor é o nosso restaurador.

“Porém tu, Senhor, és [...] o que exalta a minha cabeça” (v. 3c).

A expressão “exaltar a cabeça” é tipicamente hebraica. Indica restauração e alívio das angústias. Mas também indica que Davi seria restaurado à função de rei da nação. Precisamos clamar ao Senhor em tempos de angústia. Ele é poderoso para restaurar a nossa sorte.

“Alguém de vocês está sofrendo? Faça oração. Alguém está alegre? Cante louvores” (Tiago 5.13, NAA)

(4) o Senhor responde à nossa oração.

“Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde” (v. 4)

O verbo clamar, aqui, está no tempo imperfeito, indicando uma ação repetida. Poderíamos traduzir o verso assim: “Sempre que clamei ao Senhor, Ele me respondeu”. Note que Davi ainda está vivenciando o sofrimento. Ele ora com a esperança de que Deus haverá de livrá-lo dessa situação. Davi, pela fé, antevê o seu livramento.
Qual é o tamanho da nossa expectativa quando oramos? Vislumbramos o Deus grande da Bíblia, ou um deus diminuído pela nossa dor?

“Não há nada pequeno em Deus.” (C. H. Spurgeon)

“Não precisamos temer um mundo carrancudo enquanto nos regozijamos em um Deus que ouve a oração.” (C. H. Spurgeon)

(5) o Senhor nos sustenta.

“Eu me deito e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta” (v. 5)

Apesar do sofrimento, Davi repousa em tranquilidade. Ele sabe que Deus cuida de sua vida e o sustenta em sua dor. Muitos irmãos não conseguem dormir por causa de tribulações que estão enfrentando. A vontade de Deus não é que você perca o sono, mas que descanse nEle. Jesus dormir durante uma tempestade (cf. Mc 4.38). Pedro dormiu quando estava preso (cf. At 12.6). Podemos dormir também, porque o Guarda de Israel não dorme (cf. Sl 121.3-4). Deus trabalha em nós e por nós enquanto dormimos (cf. Sl 127.2).

(6) o Senhor nos encoraja.

“Não tenho medo dos milhares que tomam posição contra mim de todos os lados” (v. 6)

Perceba que Davi tem consciência da quantidade de inimigos que o odeiam. Ele diz que “milhares” tomam posição contra ele. De fato, quando se rebelou contra Davi, Absalão foi apoiado por muitas pessoas. Mas Davi não se sente intimidado diante disso. Deus o encoraja a enfrentar essa situação. Em que direção olhamos durante o sofrimento? Olhamos mais para o Senhor ou mais para os problemas?

III. O PEDIDO DE DAVI (vv. 7-8)

Davi pede para que Deus se levante e o salve de seus inimigos. Note o pedido que Davi faz no verso 7. Primeiro, ele pede para Deus desferir um golpe no queixo dos inimigos. Depois, pede para Deus quebrar os dentes dos ímpios. A primeira figura (“desferir um golpe no queixo”), indica a humilhação do inimigo. A segunda (“quebrar os dentes”), indica a eliminação da força e do poder do inimigo.
Por fim, no verso 8, Davi termina o salmo dizendo que “do Senhor é a salvação”. O Senhor salva temporalmente, e também espiritualmente. A salvação temporal envolve livramentos de perigos físicos, tribulações, perseguições, etc. A salvação espiritual diz respeito à libertação do pecado, de Satanás, da morte eterna, etc.    
Davi conclui, dizendo: “A tua bênção esteja sobre o teu povo”. Não é uma afirmação apenas, mas uma petição do salmista. Apesar de todo sofrimento, Davi pede que Deus abençoe o seu povo.

CONCLUSÃO

Os pecados têm consequências. Não ignore o tipo de semente que você está plantando. Todavia, se você caiu em algum pecado, saiba que isso não é o fim, se você se arrepender. Arrependa-se, confesse a Deus, e abandone o seu pecado.

“Quem encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e abandona alcançará misericórdia.” (Provérbios 28.13, NAA)



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Fabrício A. de Marque






Concluiu sua formação acadêmica em Teologia (Bacharel) pelo Centro Universitário Filadélfia (Unifil), em Londrina/PR. Possui pós-graduação em Docência do Ensino Religioso pelas Faculdades Batista do Paraná (Fabapar), em Curitiba/PR. Cursou Hebraico Bíblico no Seminário Martin Bucer, em São José dos Campos/SP. É autor do livro "As Vaidades da Vida e o Caminho de Deus" (comentário do livro de Eclesiastes, volume 1). É professor universitário na UCESP (Faculdade União Cultural do Estado de São Paulo). Possui um canal no Youtube chamado "Pensando as Escrituras", onde posta conteúdo bíblico e teológico para a instrução e edificação do povo de Deus.
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