pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: 5 Pecados que Ameaçam os Calvinistas: Solano Portela

5 Pecados que Ameaçam os Calvinistas: Solano Portela


O presbítero Solano Portela pertence à Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (SP), e atua no ramo acadêmico como professor, escritor, educador, tradutor e conferencista. Em junho de 1997, Portela apresentou uma palestra na Conferência realizada pelo Projeto Os Puritanos, e o resultado dessa palestra é o opúsculo 5 Pecados que Ameaçam os Calvinistas.  

O livro não é uma crítica ao sistema teológico calvinista, como muitos gostariam que fosse. Antes, é uma crítica aos pecados que, de fato, ameaçam os calvinistas, bem como os cristãos de forma geral, e não exclusivamente aqueles que defendem as doutrinas da graça.

Assim, antes de comentar sobre os 5 pecados específicos, o autor deixa claro que estes não são os únicos pecados existentes, mas os únicos que ele selecionou para tratar do assunto. Quais são esses pecados? Vejamos um por um: (1) O Pecado do Orgulho Espiritual. Esse pecado nutre desprezo pelos demais irmãos na fé. Os calvinistas correm o sério risco de achar que são especialmente “iluminados” pelas verdades eternas de Deus. Isso pode levar à hierarquização entre crentes “iluminados” e “não iluminados”.

O autor chama essa postura de Gnosticismo Reformado, um péssimo testemunho da verdadeira fé reformada. Além disso, essa postura negativa de hierarquizar os cristãos sempre existiu na história da igreja. Seguem os exemplos apresentados pelo autor: no século 1 e 2, vemos o Gnosticismo separando os indivíduos em a) incrédulos, b) crentes rudimentares e c) crentes iluminados. No século 3, vemos os Alegoristas dividindo os crentes de a) mente simples, b) mente espiritual e c) mente profundamente espiritual.

No período dos Puritanos, surge os Quakers, que afirmavam possuir uma experiência fora do normal com o Espírito Santo, em contraste com aqueles que não possuíam tal experiência. Mais adiante na história, surge a ideia de crente carnal e crente espiritual. Em seguida, o Pentecostalismo introduz a ideia de primeira bênção e segunda bênção, bem como a cura divina, reservada para aqueles que atingiram um patamar de fé suficiente. Segundo o autor, o Gnosticismo Reformado reproduz o mesmo erro de hierarquização.

Na sequência, temos (2) O Pecado da Intolerância Fraternal. Isso significa não tolerar que outros cristãos pensem diferente de você em pontos secundários. Aqui, o autor mostra a diferença entre intransigência (zelo pela verdade) e intolerância (falta de amor e discernimento). A seguir, são fornecidos exemplos práticos de tolerância na vida de três pessoas: o apóstolo Paulo, o puritano John Owen (1616—1683) e o Senhor Jesus.

O terceiro é (3) O Pecado da Acomodação no Aprendizado. Muitos calvinistas, após aprenderem os cinco pontos, simplesmente estacionam, como se a fé cristã se resumisse a isso. Eles pecam, pois não crescem em outras áreas da piedade cristã. O quarto é (4) O Pecado da Falta de Ação. Esse pecado ocorre pela compreensão superficial, ou distorcida, da responsabilidade humana. O fato de Deus ser soberano não anula a responsabilidade de cada um. O autor, então, apresenta um exemplo bem interessante de um puritano, e depois do apóstolo Paulo (At 27.1-44).

O quinto e último é (5) O Pecado do Isolamento. Esse ponto não tem a ver com relacionamento social e comunhão. Antes, tem a ver com o pecado de estudar o passado, mas não relacioná-lo à realidade presente. O passado se torna apenas um material histórico, quando deveria ser aplicado para as pessoas de nosso tempo. Essa postura é antiquária (expressão que o autor usa citando Martyn Lloyd-Jones). Qual passado deve ser trazido para hoje? As doutrinas eternas da Palavra de Deus! Afinal, “Deus tem a palavra certa, na certeza de Sua Palavra, para a ocasião certa, na hora certa” (p. 44).

Portanto, se você se considera um calvinista, recomendo que leia este livro. Com bastante sabedoria, equilíbrio e amor, o autor coloca a realidade ameaçadora diante dos nossos olhos. Por isso, teologia e piedade devem ser buscadas por aqueles que confessam o nome do Senhor Jesus.



Fabrício A. de Marque



Nenhum comentário:

Se você foi edificado, deixe-nos um comentário!
Obrigado pela visita!