pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Olhares Escatológicos (1/4): Dispensacionalismo

Olhares Escatológicos (1/4): Dispensacionalismo


O Pré-Milenismo Dispensacionalista, ou simplesmente Dispensacionalismo, é o mais jovem de todos os sistemas escatológicos sobre as últimas coisas. O seu fundador foi o irlandês John Nelson Darby (1800—1882), chefe do Movimento dos Irmãos Plymouth (grupos de cristãos protestantes sem denominação). Depois dele, outros famosos eruditos ajudaram a disseminar o pensamento dispensacionalista: C. H. Mackintosh (1820—1896), C. I. Scofield (1843—1921), G. Campbell Morgan (1863—1945), Charles C. Ryrie (1925—2016) e outros.

É importante entender que existe um desdobramento do Dispensacionalismo Clássico, chamado Dispensacionalismo Progressivo. Obviamente, trata-se de uma corrente ainda mais recente, que surgiu no século XX, em meados da década de 8o. Neste breve texto, não vou explicar o Dispensacionalismo Progressivo, mas apenas a versão clássica, que é a mais conhecida e que se tornou popular, especialmente pelo filme “Deixados para Trás” e pela revista “Chamada da Meia Noite”.

O teólogo Scofield divide a história bíblica em sete dispensações: (1) A Inocência: desde Adão até a Queda; (2) A Consciência: desde a Queda até o Dilúvio; (3) O Governo Humano: desde Noé até Abraão; (4) A Promessa: desde Abraão até Moisés; (5) A Lei: desde Moisés até o Calvário; (6) A Graça: desde o Calvário até a Grande Tribulação; e (7) O Reino: desde a Grande Tribulação até o fim do reinado de Cristo por mil anos na terra.

Para o Dispensacionalismo, a Igreja do Novo Testamento é apenas um parêntese na história, ou seja, a Igreja é um mistério que os profetas do Antigo Testamento jamais imaginaram que surgiria e, por isso, eles não profetizaram a sua chegada. A Igreja surgiu após a nação de Israel rejeitar o Messias. Assim, as promessas que Deus fez para Israel foram adiadas para o tempo do Milênio.

Depois que o número dos gentios (Igreja) for completado, a nação de Israel será restaurada, e as promessas serão cumpridas durante os mil anos na terra. Isso significa que a Igreja não substituiu Israel. As promessas que Deus fez a Israel não foram transferidas para a Igreja. Israel e a Igreja são povos diferentes para Deus.

Outra característica peculiar desse sistema, é acreditar que vai existir um período de Grande Tribulação na terra que vai durar sete anos. No entanto, o povo de Deus não passará por isso. O povo de Deus será arrebatado antes da Grande Tribulação ser estabelecida. Se você já assistiu algum vídeo de pessoas desaparecendo do nada, deixando os carros desgovernados na rua, enquanto as pessoas ao redor ficam sem saber o que está acontecendo, saiba que isso é uma ilustração do arrebatamento “secreto” dispensacionalista.

Depois que a Grande Tribulação terminar, Cristo voltará com os crentes para estabelecer o reinado de mil anos na terra, período em que se cumprirá as promessas feitas à nação de Israel, que envolve a terra, os descendentes e as bênçãos. Quando o período de mil anos terminar, Satanás vai tentar uma rebelião contra Cristo, mas não terá sucesso. Após a derrota de Satanás, ocorrerá a ressurreição dos incrédulos, o julgamento final e o início do estado eterno.

A última característica que quero destacar, é o compromisso dispensacionalista com a interpretação literal das Escrituras. Toda profecia deve se cumprir literalmente, incluindo certos símbolos e certas figuras de linguagem. Dessa forma, a interpretação literal se torna a norma controladora de leitura. O termo “Israel”, por exemplo, sempre faz referência à nação de Israel propriamente dita, e nunca ao “Israel espiritual” (Igreja). Mas esse método de interpretação literal gera muitas inconsistências dentro do próprio sistema dispensacionalista.

Por que não sou dispensacionalista? O espaço é curto para expor todo o sistema e para explicar todas as razões da minha rejeição. Mas, em primeiro lugar, não é possível admitir que Deus tenha dois povos, e não somente um. Os crentes do Antigo Testamento juntamente com os crentes do Novo formam o único povo santo de Deus. E, finalmente, dizer que as profecias sempre se cumprem literalmente é um erro grosseiro. A própria Bíblia apresenta cumprimentos não literais de profecias do Antigo Testamento. Por esses motivos e por outros não subscrevo o pensamento dispensacionalista.



Fabrício A. de Marque



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