pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Marcas no Corpo: Uma Reflexão Sobre o Cristão e a Tatuagem

Marcas no Corpo: Uma Reflexão Sobre o Cristão e a Tatuagem


Várias pessoas poderão não concordar com este texto. Estou escrevendo não para que concordem comigo. Antes, escrevo na tentativa de ser coerente com as Escrituras e com o bom senso. Falar sobre ética e liberdade cristã é desafiador, pois muitos são legalistas em sua forma de pensar. Parece que os legalistas nunca alcançam a maturidade cristã. Não só os legalistas. Os libertinos também são assim. Por isso, ambos são grupos muito difíceis de dialogar abertamente. 

O versículo mais citado como “prova” de que a Bíblia proíbe a tatuagem é Levítico 19.28: “Não cortareis o corpo por causa dos mortos, nem fareis marca na pele. Eu sou o SENHOR” (A 21). É verdade que Deus está proibindo a nação de Israel de fazer tatuagens. As nações pagãs tatuavam os seus corpos com as imagens de seus deuses. Assim, Israel deveria rejeitar tal prática, para que não existisse nenhuma associação com os ídolos e com as religiões falsas. Todavia, essa proibição não se aplica a todos os tipos de tatuagens, até porque nem toda tatuagem é uma expressão ritualística dedicada aos ídolos.

Outro texto mal aplicado é 1 Coríntios 6.19: “Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos?” (NAA). Com base neste versículo, alguns concluem que devemos glorificar a Deus com o nosso corpo, mas tatuar o corpo é uma clara profanação do santuário do Espírito, isto é, do nosso corpo. Esse argumento não passa de uma retórica falaciosa chamada “petição de princípio”. O contexto não fala de tatuagem, mas sim, de imoralidade sexual (v. 18). É muito desonesto distorcer o texto para sustentar uma opinião pessoal.

Os versículos citados foram apenas dois exemplos. De qualquer maneira, não existe nenhuma proibição explícita que condene a tatuagem. Isso significa que as tatuagens não são inerentemente pecaminosas. Não há proibição como o “não matarás”, que proíbe claramente o assassinato. Em outras palavras, é permitido ao cristão fazer tatuagem. Todavia, isso não quer dizer que os cristãos devam fazer tatuagens. Espero que você tenha percebido que não estou encorajando ninguém a se tatuar. O que quero dizer é que, caso um cristão queira se tatuar, ele precisa examinar o seu coração à luz de alguns questionamentos.

A seguir, proponho alguns questionamentos. Cada indivíduo deve questionar a si mesmo e considerar seriamente as implicações da decisão de fazer uma tatuagem. Então, vamos lá. Reflita nas seguintes perguntas: (1) Por que você quer se tatuar? Você quer afirmar sua identidade perante o mundo? Se sim, a sua identidade não está em Cristo?; (2) Você quer chamar a atenção para si mesmo? Se sim, isso pode indicar um sério problema de coração. Não estamos mortos e a nossa vida não está escondida com Cristo em Deus (Cl 3.3)?;

(3) Você pode fazer isso com a consciência tranquila e glorificar ao Senhor com essa escolha? Se a resposta for não, não dê nenhum passo adiante; (4) A tatuagem pode criar um obstáculo desnecessário ao seu ministério e ao evangelho? Talvez, uma tatuagem pode impedir que você entre em determinados locais e, assim, não consiga compartilhar o evangelho com os incrédulos. Além disso, o mínimo já é suficiente para que os incrédulos criem barreiras e resistências contra a Palavra de Deus;

(5) O que seu cônjuge diz a respeito disso? Se você é solteiro, o que os seus pais pensam sobre isso? É importante ouvir o que essas pessoas têm a dizer. Ouça com o coração aberto; e (6) Outros cristãos podem se escandalizar? É claro que nem sempre o problema está na liberdade do cristão maduro, mas na consciência fraca de muitos que não crescem nunca, mesmo após anos de caminhada. Todavia, este princípio deve ser considerado: “[...] se a comida serve de escândalo ao meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1Co 8.13).

Devido à brevidade do texto, não pude abordar outros pontos. Mas espero ter ajudado de alguma forma. Também podemos mencionar o gasto financeiro e a dor física que envolvem todo o processo. Será que tudo isso vale a pena? Bem, muitos se arrependem de terem se tatuado. Não só pelo dinheiro investido ou pela dor sofrida, mas porque as pessoas mudam com o passar dos anos. Hoje, muitos não pensam do mesmo jeito que pensavam no passado.

Finalmente, uma alternativa que julgo interessante para quem está determinado a se tatuar, é a tatuagem de henna. Esse tipo de tatuagem não dói, custa pouco e o desenho sai em aproximadamente duas semanas. Por que fazer um desenho permanente e correr o sério risco de se arrepender mais tarde? Mas mesmo essa opção deve ser considerada com seriedade, levando-se em conta principalmente o ponto 2 e 6 ditos anteriormente. Que Deus nos dê sabedoria para exercermos a nossa liberdade com consciência limpa, de forma que glorifique o Seu nome, e não seja uma pedra de tropeço para os outros.


Fabrício A. de Marque



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