pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: A Ordo Salutis (2/10): O Chamado do Evangelho

A Ordo Salutis (2/10): O Chamado do Evangelho


No texto anterior, falei sobre a primeira etapa da Ordem da Salvação: a eleição. Seguindo a sequência lógica dos eventos redentores, agora falarei sobre o Chamado do Evangelho. Paulo escreveu sobre essas etapas: “E aos que predestinou, a esses também chamou [...]” (Rm 8.30). Depois de eleger, Deus Pai chama o eleito à salvação.

Nas Escrituras, há dois tipos de chamados: (1) o chamado geral e (2) o chamado particular. Os teólogos podem utilizar outras palavras para se referir a esses chamados. Às vezes, o chamado geral também é intitulado de “chamado externo e o chamado particular pode receber o nome de “chamado interno ou “chamado eficaz. A diferença básica é que o chamado geral é proclamado a todas as pessoas sem exceção. Já o chamado particular é efetuado somente nos eleitos de Deus.

João Calvino explicou com as seguintes palavras: “Há o chamado geral, pelo qual Deus convida todos igualmente a si mesmo por meio da pregação externa da Palavra — mesmo àqueles a quem Ele a entrega como um cheio de morte (2Co 2.16) e como ocasião para uma condenação mais severa. O outro tipo de chamado é especial, o qual na maioria das vezes Ele escolhe conceder somente aos crentes, enquanto pela iluminação interior do seu Espírito faz com que a Palavra pregada habite em seus corações” (Institutes of the Christian Religion, 3.24.8).

Em outras palavras, todos ouvem a pregação das boas-novas (chamado geral), mas somente os eleitos respondem positivamente, porque o Espírito Santo os habilita para isso (chamado particular). Além disso, o chamado particular não é um simples convite feito por Deus. É o poderoso chamado do Rei do universo que sempre produzirá respostas positivas. É particular e eficaz porque os resultados pretendidos por Deus são plenamente alcançados.

Observe como Deus chamou Lídia eficazmente à salvação: “Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia” (At 16.14). O chamado particular não anula a resposta humana. No caso dos eleitos, a resposta positiva que eles dão ao chamado é, na verdade, o efeito da ação de Deus. Por isso, Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer [...]” (João 6.44).

Lídia não foi arrastada contra a sua vontade. O que aconteceu é que Deus abriu o seu coração, capacitando-a a ouvir a pregação do Evangelho. Se Deus não fizesse isso, o véu da ignorância continuaria sobre o coração dela. Graças ao chamado particular, a pregação do Evangelho produz convertidos: “[...] o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção [...]” (1Ts 1.5).

Vale destacar que, ao chamar uma pessoa à salvação, Deus não a chama somente à vida eterna. O chamado particular de Deus também envolve o chamado à santificação (Rm 1.7; 1Ts 4.7), à luz (1Pe 2.9), à comunhão com Jesus (1Co 1.9), à paz (1Co 7.15), à liberdade (Gl 5.13), à esperança (Ef 1.18), à paciência no sofrimento (2Pe 2.20-21) e, então, à vida eterna (1Tm 6.12; 1Pe 5.10).

Assim, considere um imenso privilégio o fato de você ter compreendido o Evangelho e ter respondido com fé salvadora. Se isso aconteceu com você, saiba que não foi por qualquer mérito ou capacidade intelectual de sua parte. Deus não olha para essas credenciais. Ele simplesmente quis que você fosse o objeto de Seu amor e de Sua graça. Concluo com as palavras de Lutero (1483—1546): “Os salvos são escolhidos não por seus próprios méritos, mas pela graça do Mediador.



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