pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Quem Endureceu o Coração de Faraó: Deus ou o Próprio Faraó?

Quem Endureceu o Coração de Faraó: Deus ou o Próprio Faraó?


Logo nos primeiros capítulos do livro de Êxodo, somos introduzidos na narrativa do comissionamento de Moisés. Deus o convoca para libertar o povo de Israel que está sofrendo sob o domínio do Faraó egípcio. Como sabemos, inicialmente Faraó se recusa a deixar o povo ir. Deus, então, envia uma série de pragas devastadoras sobre a nação. Somente depois da última praga — a morte dos primogênitos — é que Faraó deixa o povo de Israel ir embora (Êx 12.31).

Enquanto a narrativa se desenrola, encontramos várias afirmações acerca do endurecimento do coração de Faraó. A Bíblia diz que Deus endureceu o coração de Faraó (Êx 4.21; 7.3, 13; 9.12; 10.1, 20, 27; 11.10; 14.4, 8, 17), mas também diz que Faraó endureceu o seu próprio coração (Êx 7.13, 22; 8.15, 32; 9.7, 34; 13.15). Afinal de contas, quem endureceu o coração de Faraó? Em certo sentido, é correto afirmar que foram os dois: Deus e Faraó. Mas surge um problema: quem primeiro endureceu o coração de Faraó?

Uma opinião bastante conhecida diz que primeiro Faraó endureceu o seu coração e, depois, Deus também o endureceu como ato de julgamento. Assim, ao endurecer o coração de Faraó, Deus estava simplesmente respondendo com julgamento à atitude rebelde de Faraó. É como se Deus estivesse intensificando a dureza do coração de Faraó como consequência de sua atitude de endurecer a si mesmo.

Essa conclusão segue a seguinte lógica: primeiro Faraó endureceu o seu próprio coração: “Vendo, porém, Faraó que havia alívio, continuou de coração endurecido e não os ouviu [...] Mas ainda desta vez Faraó endureceu o coração e não deixou o povo ir” (Êx 8.15, 32). Só depois disso é dito que Deus endureceu o coração dele: “Porém o Senhor endureceu o coração de Faraó, e este não os ouviu [...]” (Êx 9.12). Sendo assim, a ordem é: primeiro Faraó, depois Deus.

No entanto, quero que você observe algo importante no contexto maior. Antes de Moisés confrontar o Faraó do Egito, Deus havia dito para ele: “[...] Quando você voltar ao Egito, trate de fazer diante de Faraó todos os milagres que pus em sua mão. Mas eu vou endurecer o coração de Faraó, para que não deixe o povo ir” (Êx 4.21). Deus não simplesmente previu que Faraó endureceria o coração. Deus disse que causaria tal endurecimento. A linguagem do texto é clara.

Além disso, quando Faraó endurece o seu próprio coração, a Bíblia deixa claro que isso acontece em cumprimento às palavras de Deus: “[...] o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito” (Êx 7.13). Portanto, quando a Bíblia diz que Faraó endureceu o seu próprio coração, precisamos entender que as coisas estão acontecendo conforme os desígnios de Deus. O Senhor disse, por isso aconteceu. Não se trata de uma previsão passiva de Deus, mas de uma determinação ativa.

Mas com qual propósito Deus fez isso? A Bíblia diz que Deus fez isso para mostrar as Suas maravilhas, para tornar evidente o Seu senhorio e para ser glorificado em Faraó e no exército egípcio (Êx 7.3-5; 14.4). Sabemos que o propósito de Deus foi alcançado. Afinal, quem pode frustrar os planos do Senhor? Ele disse: “[...] o meu conselho permanecerá em pé, e farei toda a minha vontade” (Is 46.10).

O apóstolo Paulo utilizou esse episódio do endurecimento do coração de Faraó e aplicou à doutrina da eleição (Rm 9.14-23). Deus tem misericórdia de quem quer e endurece a quem Ele quer (Rm 9.18). Alguns podem protestar dizendo que é injusto Deus agir dessa maneira. Prevendo essa reação, Paulo diz: “Mas quem é você, caro amigo, para discutir com Deus? Será que o objeto pode perguntar a quem o fez: Por que você me fez assim?” (Rm 9.20).

Diante disto, devemos nos humilhar diante do Senhor e reconhecer que Ele é o Senhor de todas as coisas. Contudo, Deus não é apenas soberano. Ele também é bondoso, amoroso, misericordioso e justo em todos os Seus caminhos. É difícil reconhecer isso, principalmente em momentos de tribulação. Por isso, precisamos pedir que o Senhor trabalhe em nossos corações e nos ajude a confiar nEle em todas as circunstâncias.



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