pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: “Ah, pelo menos ele está ganhando almas!”

“Ah, pelo menos ele está ganhando almas!”

 


Já ouviu essa declaração em algum lugar? Via de regra, essa frase é dita por pessoas pragmáticas, ou seja, por pessoas que acreditam que os fins justificam os meios. O pragmático é aquele que opta pelo caminho que certo, e não pelo caminho que é certo. Se o alvo a ser atingido é nobre, então você pode usar os meios que quiser para chegar lá. Assim, os pragmáticos criam estratégias espúrias para “ganhar almas”. No final, ousam dizer que o importante é que algumas almas “aceitaram Jesus”. Como responder a isso? 

Primeiramente, quero deixar claro que o propósito central da Grande Comissão (o Ide) não é ganhar almas, mas sim, fazer discípulos de Jesus. Se você isolar o texto de Marcos 16.15-16, pensará que o objetivo principal da igreja é ganhar almas. No entanto, você não pode ler Marcos passando por cima de Mateus 28.19-20. É necessário considerar as duas passagens. Ganhar almas é parte da Grande Comissão. Digo mais: ganhar almas vem antes do discipulado, pois sem salvação não há discipulado. 

Todavia, a tarefa não termina na salvação das pessoas. A salvação é apenas o início de tudo. Por ignorar o discipulado, muitas igrejas estão perdendo os seus membros para outras que, de fato, valorizam mais o pastoreio, o discipulado e o ensino. Em determinados lugares, o que importa é aumentar o número de pessoas na lista de membresia, fazer o orçamento da igreja crescer exponencialmente e ver o nome da igreja (ou dos líderes) se tornar famoso sobre toda a terra. 

Igrejas “ganhadoras de almas” e sem discipulado, não são igrejas que permanecem. Pode haver ajuntamento, campanhas, festas, batismos, “ministérios” dos mais variados, etc. Pode haver tudo, mas amor e obediência incondicional aos mandamentos de Cristo, não. Por quê? Porque os membros não são discipulados. Além do mais, a superficialidade bíblica e teológica é algo assustador. Você já conversou cinco minutos com membros de igrejas assim? A vontade que dá é de mudar de assunto. 

Posto isso, agora te faço uma pergunta: vale tudo para ganhar almas? Igrejas pragmáticas dizem que sim. Igrejas sérias dizem que não. Suponhamos que a resposta correta seja sim. Vou criar um cenário hipotético, aplicando o argumento lógico Reductio ad absurdum (“redução ao absurdo”), para chegarmos à conclusão. E se uma igreja construísse um “prostíbulo gospel”? Seria uma ideia muito atraente, não acha? 

Pense comigo: os homens mais imorais da cidade frequentariam o lugar. Eles pagariam o serviço das profissionais do sexo, se sentiriam o máximo e, então, surpresa! A prostituta sacaria uma Bíblia da gaveta para presentear o cliente, e pregaria as boas-novas da salvação para ele. Não é uma oportunidade incrível? Afinal de contas, pelo menos ela está tentando ganhar uma alma para Jesus. Percebe a contradição do pragmatismo? Com esse exemplo, eu quis levar o argumento deles às últimas consequências. 

Esse exemplo é grosseiro, eu sei. Mas por que muitos não consideram igualmente grosseiro os campeonatos de “Ultimate Fighting gospel”? Ah, sim! Deve ser porque espancar o próximo — criado à imagem e semelhança de Deus — e tirar sangue de seu rosto, não é tão grave assim. A hipocrisia mandou abraços! Espero, sinceramente, não ter que explicar 1 Coríntios 9.22 para os pragmáticos. Se existisse discipulado sério, esse texto não precisaria de tanta explicação. 

Por fim, quero deixar claro que não sou contra os meios lícitos e criativos como “ponte de acesso” para pregar o Evangelho aos não convertidos. Eu me posiciono contra tudo isso, quando o discipulado não é colocado como objetivo central. Se igrejas sérias usam estratégias puras, inteligentes e criativas visando a salvação e o discipulado, tudo bem. Tem todo meu apoio. Caso contrário, terá toda minha crítica. 

A razão de ser da igreja é a glória de Deus. A igreja não só evangeliza para ganhar almas para a glória de Deus. Ela também faz discípulos e os ensina visando a glória de Deus. Tudo deve ser feito visando esse objetivo (1Co 10.31). Perder isso de vista, gera miopia espiritual. Com os olhos míopes, fica mais difícil saber para que direção estamos indo. 

 

Fabrício A. de Marque



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