pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Lutero Nem Sempre Tinha Razão

Lutero Nem Sempre Tinha Razão

 


O reformador alemão Martinho Lutero (1483—1546) não acertou em tudo que ensinou. A verdade é que nenhum teólogo acertará em tudo, pois eles não são inspirados tal como os escritores bíblicos. Em que ponto Lutero se equivocou? Obviamente, não me refiro à doutrina da justificação somente pela fé, a principal controvérsia doutrinária que redundou na bendita Reforma Protestante. Creio que Lutero se equivocou em sua compreensão sobre a Ceia do Senhor. 

Lutero ensinou aquilo que ficou conhecido como Consubstanciação. Sua tentativa foi refutar o ensino católico da Transubstanciação, isto é, a ideia de que o pão e o vinho da Ceia são literalmente transformados no corpo e no sangue de Jesus. Assim, Lutero também interpretou ao pé da letra as palavras de Jesus: hoc est corpus meum (“Isto é o meu corpo”). Desse modo, o reformador afirmou que o pão e o vinho não se transformam em corpo e sangue, mas o corpo e o sangue estão literalmente presentes em, com e sob o pão e o vinho. 

Para ilustrar esse conceito, pense em uma esponja após ser mergulhada em uma bacia cheia d’água. A esponja não sofre nenhuma mudança aparente, mas a água se faz presente em, com e sob a esponja. De modo semelhante, o corpo e o sangue do Senhor se faz presente nos elementos. Não há transformação dos elementos, mas sim, um “acréscimo” do corpo e do sangue nos elementos. 

Diante desse ensino, surge uma pergunta: se Cristo está fisicamente à destra de Deus Pai no céu, como Ele pode estar presente fisicamente nos elementos da Ceia? Os adeptos desse ensino apelaram para o entendimento da communicatio idiomatum (“comunicação de atributos”). Cristo tem duas naturezas: divina e humana. Cada natureza possui seus próprios atributos. No entanto, na Ceia, a natureza divina de Cristo comunica o atributo da onipresença à natureza humana. 

Isso ficou conhecido como a doutrina da ubiquidade, palavra que significa, basicamente, onipresença. Assim, por causa dessa comunicação, é possível que Cristo esteja fisicamente presente em, com e sob os elementos da Ceia. 

Por que Lutero não tinha razão? Bem, Jesus disse que voltaria ao Pai, o que indica Sua ausência física entre nós: “Vim do Pai e entrei no mundo, mas agora deixo o mundo e vou para o Pai” (João 16.28). Além disso, Lutero confunde realidades físicas com realidades espirituais. Quando Jesus fala de Seu corpo como sendo pão, Ele aponta para o significado espiritual de Sua morte. O corpo físico de Jesus permanece no céu. Ele não está fisicamente entre nós em nenhum sentido, embora esteja verdadeiramente entre nós espiritualmente. 


Fabrício A. de Marque




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