Você já ouviu pessoas relatando experiências sobrenaturais de “viagens” ao céu e ao inferno? Em 2018, li um livro que ficou famoso no Brasil, chamado “A Divina Revelação do Inferno”, da autora Mary K. Baxter. Na obra, ela relata em detalhes tudo o que acontece no inferno. Além desse livro, a autora também escreveu “A Divina Revelação do Céu”. Diz a autora que Deus a escolheu para contar a todos que existe um céu e um inferno.

Segundo ela, Jesus lhe apareceu no mês de março de 1976, enquanto ela orava em sua casa. Jesus disse que estava lhe entregando uma revelação muito importante acerca do inferno que o mundo deveria conhecer.

Jesus disse: “Quero que escreva um livro e conte as visões e todas coisas que vou lhe revelar. Eu e você andaremos pelo inferno juntos. Anote estas coisas que eram, que são e que devem ser” (p. 6). A partir daí, a autora começa a contar em detalhes sobre a sua experiência. Lá no inferno, ela presencia a angústia de milhares de almas que desperdiçaram a oportunidade de salvação. Durante a narrativa, percebemos um Jesus triste que, infelizmente, “perdeu” a batalha pela salvação das pobres almas.

A pobreza teológica do livro fica evidente em cada página. É lamentável essa mania que muitos têm de colocar a experiência como norma absoluta da vida cristã. Devemos acreditar que as “revelações” do céu e do inferno, recebidas por ela, são verdadeiras? Francamente, duvido.

Ora, Paulo teve uma experiência de “viagem” até o céu, mas, diferentemente da senhora Baxter, Deus o proibiu de revelar qualquer informação: “Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até o terceiro céu [...] [ele] foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras indizíveis, que homem nenhum tem permissão para repetir.” (2Co 12.2, 4). Se o próprio Paulo foi proibido de relatar os detalhes do céu, por que Deus daria essa “missão” para alguém em nossa época?

A Bíblia é suficiente para nos dar as informações de que precisamos, seja sobre o céu ou sobre o inferno. Precisamos abandonar a ingenuidade teológica e voltarmos às Escrituras. A Bíblia deve julgar a nossa experiência, mas a nossa experiência jamais deve ser colocada acima da Bíblia.

 

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