pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: O Que é o Pecado Para a Morte?

O Que é o Pecado Para a Morte?

 


Há passagens bíblicas difíceis de interpretar, principalmente quando há poucos versículos falando sobre determinado assunto. O “pecado para a morte” se enquadra aqui. A Bíblia fala pouco sobre isso. Por isso, precisamos de cautela para entender o que a Bíblia está dizendo. Nesta breve reflexão, citarei algumas interpretações sugeridas por teólogos no decorrer da história e, então, apresentarei a interpretação que parece ter mais coerência. 

Primeiramente, leiamos o texto: Se alguém vir um irmão cometer pecado que não leva à morte, ore por ele, e Deus dará vida a esse irmão que pecou de maneira que não leva à morte. Mas há pecado que leva à morte, e não digo que se deva orar por aqueles que o cometem” (1Jo 5.16). Fica claro que João fala de duas categorias de pecado: (1) Pecado não mortal e (2) Pecado mortal. Também é evidente que irmãos em Cristo podem cometer o pecado não mortal. Quando isso acontece, é nosso dever orar por eles. 

Em contrapartida, existe pecado que leva à morte. João desaconselha que oremos pelas pessoas que cometem tal pecado. Observe que João diz que não devemos orar por “aqueles” que cometem o pecado mortal. Ele não fala de um “irmão” cometendo esse pecado, mas de um grupo diferente de pessoas. Isso significa que os cristãos podem cometer o pecado não mortal, mas eles não podem cometer o pecado mortal. Afinal, que pecado é esse? 

Alguns sugerem que o pecado mortal é a morte física. No Antigo Testamento, por exemplo, certos pecados eram punidos com a pena de morte (Nm 18.22). Orar por essas pessoas seria inútil, pois de qualquer forma a execução deveria ser aplicada sobre eles. Outros teólogos acreditam que João está falando do juízo de Deus que é derramado aqui neste mundo, através da morte física do transgressor. 

A Bíblia nos fornece alguns exemplos do juízo de Deus. Deus matou os filhos de Eli (1Sm 2.25), Ananias e Safira (At 5.1-11) e alguns irmãos da igreja de Corinto por terem profanado a Ceia do Senhor (1Co 11.30). Sem dúvida, essas interpretações são interessantes. Todavia, se o pecado mortal não pode ser cometido por crentes verdadeiros, como aceitar que esse pecado se refira à morte física de um irmão? 

À luz do contexto de toda a Escritura, creio que o pecado mortal significa uma atitude deliberada e irreversível de rejeição à salvação oferecida por Cristo. Essas pessoas decidiram, firmemente, rejeitar o único caminho de reconciliação com Deus. Na linguagem do autor de Hebreus, essas pessoas voltaram a pregar o Filho de Deus na cruz (Hb 6.6). Ora, é por esse motivo que João desencoraja a oração por tais pessoas. Não vai adiantar orar, pois elas já decidiram o que querem. 

Comentando sobre isso, John Stott (1921—2011) disse: Esse pecado leva quem o comete inexoravelmente a um estado de incorrigível embotamento moral e espiritual, porque pecou voluntariamente contra a própria consciência. Não pense que aqueles que cometem o pecado mortal poderão se arrepender depois. Visto que rejeitaram para sempre o Senhor Jesus, Deus decretou, de uma vez por todas, a ruína eterna deles. 

Portanto, o pecado mortal é um tipo específico de pecado, o qual não pode ser cometido por crentes genuínos. No entanto, o pecado não mortal é o que deve nos preocupar, pois, infelizmente, ainda caímos nele e, por isso, precisamos de orações. Diante disso, eu lhe pergunto: você ora pelos seus irmãos quando os vê caindo em pecado? Você roga pela restauração deles ou assume a postura de acusador? 

Se tivéssemos mais noção da profundidade do nosso pecado e da misericórdia de Deus, seríamos mais rápidos em ajudar aquele que caiu. Queremos a misericórdia para nós, mas queremos o juízo para o outro. Fazemos orações e cantamos louvores que, logo depois, são anulados pela forma como vivemos. E, obviamente, Deus não é glorificado com isso. 

 

Fabrício A. de Marque




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