pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: A Ordo Salutis (7/10): Santificação

A Ordo Salutis (7/10): Santificação

 

Você é santo? Você sabe o que é santificação? É possível viver em santidade? Ouvimos, com frequência, a palavra santificação. Pregadores declaram que a vida do cristão deve ser marcada pela santidade, e eles estão cobertos de razão. O problema, porém, é que o conceito bíblico de santificação nem sempre é explicado adequadamente. Como resultado, muitas distorções surgem em nossa mente, e isso produz ideias que não têm fundamento na Palavra de Deus.

Podemos definir santificação com as seguintes palavras: “Santificação é uma obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez mais livres do pecado e semelhantes a Cristo em nossa vida presente” [1]. Um dos aspectos mais importantes da santificação é que ela continua por toda a vida. É por isso que o Novo Testamento enfatiza a importância de lutarmos contra a carne, a terrível vilã que milita contra o Espírito.

Bem, se a santificação continua por toda a vida, isso significa que ela tem um início. Onde começa o processo de santificação? Tudo começa no novo nascimento [2]. Quando nascemos de novo, ocorre uma mudança radical em nosso ser. A Bíblia chama isso de “[...] lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tito 3.5). Nesse estágio inicial da santificação, Deus remove a culpa imposta pelo pecado e transforma o nosso coração.

O segundo estágio da santificação é o mais longo de todo o processo. Ele dura a vida toda. Se, depois do novo nascimento, Deus permitir que você viva 30 anos, então sua santificação durará 30 anos. Nesse sentido, a santificação é progressiva. Nesse estágio, Deus remove o domínio que o pecado exercia sobre nós (Rm 6.14). Pelo poder de Deus, abandonamos os pecados que faziam parte da nossa velha vida. Essa mudança moral impede que continuemos vivendo na prática do pecado: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado, porque nele permanece a semente divina; esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 João 3.9).

Jamais podemos afirmar que é impossível vencer determinado pecado. Dizer isso, é admitir que o pecado ainda tem domínio sobre nós. E isso não é verdade, porque fomos libertos do domínio do pecado. Há pecados mais difíceis de serem vencidos do que outros, mas nenhum pecado é maior que o poder de Deus.

Os meios de graça, como a leitura bíblica e a oração, por exemplo, são praticados nessa segunda etapa da santificação: “Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes [...]” (Tiago 1.22). Quando você pratica a Palavra de Deus, você está progredindo em sua santidade. Vários pecados estão sendo deixados pelo caminho à medida que andamos com o Senhor. Embora haja muitos pecados em nós, sem dúvida é bem menos do que havia no comecinho da vida cristã. Se não for assim, precisamos examinar a nossa vida.

O terceiro e último estágio da santificação será concretizado no Retorno de Cristo. Quando um cristão morre, o corpo e a alma se separam. O corpo vai para o túmulo, e a alma vai para a presença de Deus. Lá no céu, a alma é completamente aperfeiçoada e purificada de todo pecado. O corpo também será purificado de todo pecado, mas isso vai acontecer somente quando Jesus retornar. Assim, no Retorno de Cristo, o nosso corpo será ressuscitado, transformado e unido novamente à alma. Nesse estágio, Deus removerá para sempre a presença do pecado.

Para concluir, é importante dizer que a santificação jamais será perfeita durante essa vida. No meio cristão, existe uma visão equivocada de santificação, chamada de “perfeição cristã”, “perfeccionismo” ou “total santificação”. O criador dessa visão foi John Wesley (1703—1791). Essa linha ensina que é possível atingirmos a santidade completa nesta terra, antes da glorificação final. À medida que crescemos, é possível chegar num patamar de crescimento em que não pecamos mais. Essa teoria está longe da verdade e devemos descartá-la.

Assim, a santificação possui três estágios. Ela começa no novo nascimento (Deus remove a culpa do pecado). Ela se desenvolve durante a vida cristã, pois é progressiva (Deus remove o domínio do pecado). Por fim, ela será perfeita no Retorno de Cristo (Deus removerá a presença do pecado). Ansiamos por esse glorioso dia!


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Notas:

[1] GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática: Atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 622.

[2] Ou regeneração, se preferir.

 


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