pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Como se “Vingar” Biblicamente?

Como se “Vingar” Biblicamente?

 

A vingança está estampada em nosso mundo caído. Basta o menor motivo para que os homens coloquem em prática os seus planos vingativos. Nós, cristãos, buscamos obedecer ao Senhor, o que implica abrir mão da vingança pessoal. Esse fato, contudo, não nos livrará da presença dos inimigos. Devido à nossa obediência a Deus, muitos inimigos surgirão. Eles poderão surgir até mesmo no seio de nossa família (Mt 10.36).

Quando se pensa em vingança, fica evidente que devolver o mal é a resposta lógica e imediata da carne, principalmente do homem natural. Contudo, nós que fomos regenerados pelo Espírito Santo, também estamos sujeitos ao pecado da vingança pessoal, embora, é claro, de uma forma diferente dos ímpios, visto que o pecado não tem domínio sobre nós. Apesar disso, a advertência bíblica contra esse pecado não é diminuída:

Paulo escreveu: 17 A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. 18 Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. 19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. 20 Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.17-21).

À luz da Bíblia, de que maneira devemos lidar com as ofensas recebidas? Devemos retribuir o mal fazendo o bem (v. 21). Por exemplo, quando proferirem mentiras a nosso respeito, podemos orar pelo difamador. Quando formos ofendidos pelo nosso cônjuge, não devemos estabelecer privações de carinho e sexo. Quando o nosso patrão agir com injustiça em relação a nós, não devemos prejudicar a empresa deixando de fazer o nosso trabalho ou executando-o de maneira indevida.

Observe que Paulo faz uma citação ipsis litteris do livro de Provérbios. No versículo 20 ele cita Provérbios 25.21-22: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça”. As brasas de fogo fazem alusão ao ritual egípcio de expiação, em que o homem, arrependido, carregava sobre a cabeça uma panela com brasas de fogo, que serviam de sinal de seu arrependimento [1].

Uma situação enfrentada por Abraham Lincoln ilustra bem o princípio bíblico. Um advogado chamado Edwin M. Stanton odiava Lincoln. Certa vez, ele chegou a dizer que era tolice ir para a África em busca de gorilas, sendo que o gorila original (Lincoln) poderia ser encontrado em Springfield. Lincoln agiu calmamente. Mais tarde, Lincoln nomeou Stanton para o cargo de ministro da guerra, dizendo que ele era a pessoa mais competente para ocupar a posição. Depois que Lincoln foi assassinado, Stanton o nomeou como o maior líder.

William Barclay estava coberto de razão quando disse: “Ceder diante da vingança é ser conquistado pelo mal. O mal nunca pode ser vencido pelo mal. Se ao ódio se opõe mais ódio, ele aumenta; mas se ao ódio se opõe amor, achou-se o antídoto para o veneno”. Ser vencido pelo mal significa retribuir a maldade recebida. Sempre que devolvemos o mal que nos fizeram, caímos em pecado.

Quando você for tentado à vingança, imite os bons exemplos de personagens da Bíblia: José (Gn 50.15-21); Eliseu (2Rs 6.20-23); Estevão (At 7.59-60) e Jesus (1Pe 2.21-23). Lembre-se também que a vingança não é um direito nosso, mas do Senhor: “Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor” (v. 19. Cf. Dt 32.35). Deus não é indiferente aos seus problemas relacionais. Ele vê tudo o que acontece e age com justiça.

Termino essa reflexão com duas citações. Calvino disse: “[...] aquele que tenta vencer o mal com outro mal, talvez até consiga vencer seu inimigo com algum dano, mas tal coisa será sua própria ruína, pois, ao agir assim, estará participando da batalha do Diabo”. Barclay afirmou: “A única maneira de destruir verdadeiramente um inimigo, é fazê-lo nosso amigo”. Portanto, confie no Senhor fazendo Sua vontade. Ele cuidará de sua situação.


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Notas:

[1] CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo (Volume 4). São Paulo: Hagnos, 2001. p. 2667.

 

 

Fabrício A. de Marque



2 comentários:

  1. Excelente, meu irmão! É reconfortante ler: "Deus não é indiferente aos seus problemas relacionais. Ele vê tudo o que acontece e age com justiça."

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    1. Amém, meu irmão! Muito grato pela sua leitura e participação aqui no blog. Deus abençoe! Forte abraço.

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