Você já teve a sensação de que Deus estava escondendo o Seu rosto de você? Isso, é claro, pode acontecer quando Deus quer amadurecer o nosso caráter e a nossa dependência dEle. No entanto, em outras ocasiões, a sensação de abandono é apenas resultado de nossas emoções oscilantes. Mesmo nessas situações, o Senhor está trabalhando em nossa vida. Deus é soberano até nas inconstâncias emocionais da alma humana.

A Bíblia revela que vários servos de Deus sentiram-se abandonados. Davi é um exemplo disso: “Por que, Senhor, te conservas longe? Por que te escondes nas horas de angústia?” (Salmos 10.1). Curioso é que Deus sempre esteve presente junto de Seu povo (Dt 31.8; Hb 13.5). Como é possível nos sentirmos solitários? Eis a prova de que os sentimentos humanos nem sempre caminham no ritmo das promessas de Deus. O Senhor afirma algo; os sentimentos dizem o contrário.

Por isso é tão perigoso pautarmos a vida cristã em sentimentos. Não devemos desprezá-los, pois o Senhor atua neles, santificando-os e aperfeiçoando-os. Todavia, visto que os sentimentos estão em processo de santificação, confiar cegamente neles é altamente arriscado. Por exemplo, há pessoas que duvidam da atuação divina durante um culto só porque suas emoções não foram tocadas pelo louvor ou pela pregação. Isso é um engano!

Se você colocar a experiência cristã no lugar errado, suas frustrações aumentarão. Em pouco tempo, sua percepção de Deus será afetada, levando-o a pensar que Deus está ausente de sua vida. Diante disso, é oportuno refletirmos sobre uma distinção fundamental. Trata-se da diferença entre a onipresença de Deus e a manifestação da presença de Deus.

Nas palavras de Millard J. Erickson, a onipresença de Deus refere-se “ao fato de que Deus está presente em todo lugar e tem acesso a todas as partes da realidade” [1]. Por outro lado, a manifestação da presença de Deus é algo esporádico que ocorre em momentos singulares, conforme a vontade soberana de Deus. Deus pode manifestar Sua presença sem o clamor prévio das pessoas, mas, em certas ocasiões, em resposta ao clamor do Seu povo.

Assim, a onipresença de Deus é um fato, enquanto a manifestação de Sua presença é um fato e uma sensação. A onipresença é contínua; a manifestação de Sua presença é esporádica. Com isso, aprendemos que Deus quer que Sua presença seja sentida por nós. No entanto, mais do que sentir Sua presença, Deus quer que confiemos em Sua Palavra. Precisamos confiar em Deus mesmo quando não existir nenhuma sensação de Sua presença.

Sabe aqueles momentos especiais em que Deus toca profundamente nossos sentimentos, levando-nos ao quebrantamento? Essas experiências funcionam como “arsenal” para os dias de batalha e escuridão. V. Raymond Edman disse: “Nunca duvide na escuridão do que Deus lhe disse na luz”. Não apenas as experiências, mas especialmente a Palavra de Deus é o nosso maior arsenal para os dias de adversidade. A Palavra é a espada do Espírito (Ef 6.17).

Quando você se sentir abandonado e solitário, sem compreender o que está acontecendo com sua vida, diga ao Senhor o que passa dentro de você. Não tenha receio de se abrir e falar ao Senhor sobre os seus medos e suas tristezas. Ele sabe que você é pó e, portanto, frágil e dependente do Seu socorro (Sl 103.14).

Por fim, depois de derramar seu coração diante de Deus, medite nas verdades bíblicas sobre o Senhor:  Deus é bom e amoroso (Jó 10.12); Deus é Todo-Poderoso (Jó 37.23); Deus repara em cada detalhe da nossa vida (Jó 31.4); Deus está no controle de tudo (Jó 23.10); e Deus tem um plano ordenado em nossa vida (Jó 23.14). Deus não está distante.

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Notas:

[1] ERICKSON, Millard J. Dicionário Popular de Teologia. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. p. 56.

 

 

 

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