pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: ESTUDO 12: De que forma Deus quer ser adorado?

ESTUDO 12: De que forma Deus quer ser adorado?

 

Introdução

Com que frequência você faz uma pausa para considerar a bondade de Deus? Você reflete sobre o quanto você é bem-aventurado? Qual é o seu maior obstáculo para louvar a Deus? Afinal de contas, por quais motivos devemos adorar a Deus de todo o nosso coração? Vamos refletir sobre essas e outras questões no estudo de hoje. Acompanhe a leitura a seguir.

 

TEXTO: Salmos 100 (ARA)

1 Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.

2 Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.

3 Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.

4 Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.

5 Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.

 

O salmo 100 é conhecido como “Jubilai” [1]. É um salmo utilizado no culto litúrgico. Estudiosos acreditam, apesar da incerteza, que esse salmo foi escrito para acompanhar a apresentação de uma oferta de ação de graças (cf. Levítico 7.11-15) [2].

Durante a história da igreja, o salmo 100 foi usado para louvar ao Senhor em comunidade, ou seja, como igreja congregada. Além do mais, o salmo 100 também serviu de inspiração para a composição de alguns hinos modernos. Por exemplo, inspirado pelo salmo 100, William Kethe (?—1594) compôs uma paráfrase, em 1561, intitulada “Todos que na terra moram”. Isaac Watts (1674—1748), famoso compositor cristão, escreveu o hino “Diante do trono sublime de Jeová” [3]. E Louis Bourgeois (1510—1559), compôs um hino chamado “O Antigo Centésimo”, que apareceu pela primeira vez no Saltério Francês de Genebra de 1551 [4].

O nome do Senhor aparece 4 vezes no salmo 100, mesmo o salmo tendo apenas cinco versos. Além disso, o nome que aparece, no hebraico, é YHWH (יהוה), o nome pessoal de Deus no Antigo Testamento. Embora seja tão pequeno, o salmo 100 possui sete mandamentos, e termina com um resumo do caráter de Deus ao mencionar Sua bondade, misericórdia e fidelidade [5]. Assim, o salmo 100 pode ser dividido em duas partes:

 

I. Convocação ao culto solene (vv. 1-3)

O salmista começa o salmo com um convite de adoração. Essa adoração deve ser prestada com júbilo. No hebraico, não encontramos a expressão “com júbilo”. Ao invés disso, encontramos a expressão: “Gritai ao Senhor”. A palavra “gritar” traz a ideia de um barulho provocado por trombetas. A imagem é semelhante a uma torcida de futebol gritando pelo seu time, ou ainda, aos gritos da população quando um líder confiável é eleito para ocupar um cargo importante. Dessa forma, o salmista está dizendo: “Gritem ao Senhor! Exalte o nome dEle a plenos pulmões!”.

Ao refletir sobre isso, tente se lembrar quando foi a última vez que você praticamente gritou de tão empolgado que ficou após ler uma passagem bíblica? Quando foi a última vez que você praticamente gritou de gratidão a Deus por uma bênção recebida? Expressar as nossas emoções de alegria a Deus pode ser um excelente antídoto contra a frieza espiritual.

Note ainda que o convite de adoração do salmista é um tipo de convite missionário à adoração. Ele convida à adoração não apenas um grupo restrito de pessoas, mas todas as terras. A terra inteira deve adorar ao Senhor, porque o Senhor tem feito grandes coisas pelo Seu povo. João Calvino (1509—1564) enxerga um elemento de profecia no verso 1. Ele acredita que o salmista fala, profeticamente, de um período em que a Igreja seria formada por pessoas de diferentes nações [6].

No verso 2, o salmista nos convida a “servir” a Deus. A palavra “servir” também pode ser traduzida por “culto”. É por isso que a Nova Versão Internacional (NVI) traduz o verso assim: “Prestem culto ao Senhor com alegria”. Ademais, a palavra “culto” tem uma variedade de significados no Antigo Testamento. Por exemplo, a palavra se refere à atitude de um escravo em Jeremias 34.14. A palavra indica o exercício de súditos em favor de um soberano em Jeremias 27.7 e 28.14. E a palavra também é usada em referência ao serviço prestado ao Senhor em Êxodo 23.25 [7].

Aqui no salmo, o salmista está convidando todas as nações gentílicas a prestarem um culto alegre ao Senhor. Prestar culto ao Senhor é, sem dúvida, uma forma de servi-lo. Na verdade, é a primeira e mais importante forma de servir a Deus. Antes de servirmos a Deus com os nossos dons, devemos servi-lo com a nossa adoração.

Note, ainda no verso 2, que devemos servir ao Senhor com alegria. Com isso, o salmista está dizendo que a nossa adoração a Deus deve ser uma adoração feliz, porque Deus é feliz, e Ele fica satisfeito quando demonstramos alegria ao adorá-lo.

O comentarista bíblico Warren W. Wiersbe (1929—2019), ao comentar sobre adoração e serviço, disse: 


“A adoração conduz ao serviço, e o verdadeiro serviço é uma forma de adoração” [8]


O teólogo Myer Pearlman (1898—1943), comentando o Salmo 100, afirmou: 


“O Novo Testamento começa com o júbilo dos anjos que anunciam o nascimento de Cristo e termina com a descrição das incontáveis multidões cantando aleluias Àquele que venceu o pecado, a morte e o diabo” [9]


No verso 3, o salmista ordena que todos reconheçam que YHWH é Deus. Além de ser Deus, Ele também é o nosso Criador. Ele nos fez. Por isso, pertencemos a Ele; não somos de nós mesmos. O sentido dessa passagem é mais profundo do que aparentemente parece. É verdade que Deus criou a nação de Israel. Todavia, Deus criou as outras nações também, e não apenas Israel. Então, o salmista está dizendo que Deus não apenas criou Israel, mas também elegeu a nação de Israel para se revelar a ela.

Em seguida, o salmista diz que somos o povo e o rebanho de Deus. Toda essa ideia de não pertencermos a nós mesmos e de sermos o rebanho de Deus, é ampliada no Novo Testamento:

 

“Porque vocês estavam desgarrados como ovelhas; agora, porém, se converteram ao Pastor e Bispo da alma de vocês.” (1Pedro 2.25)

 

“Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês.” (1Coríntios 6.20)

 

II. Convocação à ação de graças (vv. 4-5)

No verso 4, o salmista diz que os adoradores de YHWH devem entrar pelas portas do templo “com ações de graças”. Isso significa que Deus requer não apenas adoração, mas também gratidão. Ora, a ingratidão é uma marca presente na vida do ímpio. E não só isso. A ingratidão é a consequência de não glorificar a Deus, apesar da Sua revelação geral:

 

“Porque, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças [...]” (Romanos 1.21a)

 

Ainda no verso 4, o salmista também diz que os adoradores de YHWH devem entrar pelas portas do templo “com hinos de louvor”. Perceba que “ações de graças” e “hinos de louvor” são coisas diferentes. E qual é a diferença entre essas atitudes de adoração? Ações de graças é o reconhecimento daquilo que Deus fez por nós. É a adoração focada nas bênçãos recebidas. Hinos de louvor, por sua vez, é o reconhecimento daquilo que Deus é. É a adoração focada no caráter de Deus.

O último verso do salmo 100 menciona a bondade, a misericórdia e a fidelidade do Senhor. É provável que essa tenha sido a confissão que os adoradores proclamavam toda vez que compareciam no templo para adorar [10]. Neste último verso encontrarmos os motivos de Deus ser adorado. Em outras palavras, por que devemos adorar a Deus com ações de graças e com hinos de louvor? O salmista nos oferece 3 motivos:

 

(1) Porque Deus é bom: se você tem dúvida quanto à bondade de Deus, a Bíblia, então, te convida a provar e ver que isso é verdade:

 

“Provem e vejam que o Senhor é bom [...]” (Salmos 34.8a)

 

(2) Porque a misericórdia de Deus é eterna: a palavra “misericórdia”, no hebraico, é חֶסֶד (esed) e pode significar “gentileza” e “favor”. O salmista está dizendo que o favor de Deus para com o Seu povo é eterno, não tem fim. A maior demonstração da misericórdia de Deus foi enviar Jesus para nos redimir da culpa e da condenação eterna.

 

(3) Porque a fidelidade de Deus perpassa as gerações: a fidelidade de Deus não ficou restrita à nação de Israel no Antigo Testamento. Deus é fiel à aliança que Ele firmou com aqueles que estão em Cristo Jesus.

 

Assim, gostaria de terminar essa reflexão no Salmo 100 trazendo algumas aplicações práticas para a nossa vida cristã.

 

Aplicações práticas

1) As igrejas devem colocar o Senhor no centro do culto e da adoração. O centro do culto não são as pessoas. As pessoas devem ir à igreja para prestarem um culto racional e espiritual a Deus.

 

2) Valorize o privilégio que você tem de adorar o único e verdadeiro Deus. Todos os dias várias pessoas se curvam diante de falsos deuses. Infelizmente, elas estão em pecado e debaixo da ira de Deus. Nós, por outro lado, adoramos o único Deus verdadeiro e isso não tem nada a ver com méritos pessoais. Deus se revelou a nós e nos convenceu de nossa miséria. Por isso, temos o maior privilégio de todos que é adorar o verdadeiro Deus.

 

3) Ofereça a Deus uma adoração e um culto repleto de alegria. A alegria é o resultado da adoração, e não a motivação da adoração. Primeiro adoramos, depois recebemos alegria. Primeiro vem o dever, depois a recompensa.

 

 

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Notas:

[1] KIDNER, Derek. Introdução e Comentário aos Livros III a V dos Salmos. São Paulo: Vida Nova & Mundo Cristão, 1981. p. 375.

[2] HARMAN, Allan. Comentários do Antigo Testamento: Salmos. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. p. 350.

[3] KIDNER, Derek. p. 376.

[4] HARMAN, Allan. p. 350.

[5] SWINDOLL, Charles R. Vivendo Salmos: motivação para os desafios da vida moderna. Rio de Janeiro: CPAD, 2014. p. 191.

[6] CALVINO, João. Série Comentários Bíblicos: Salmos, vol. 3. São José dos Campos: Fiel, 2009. p. 573.

[7] HARMAN, Allan. p. 350.

[8] WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento, Volume III, Poéticos. Santo André: Geográfica, 2006 p. 257.

[9] PEARLMAN, Myer. Salmos: Orando com os Filhos de Israel. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 199. p. 146.

[10] HARMAN, Allan. p. 351.

 

 

 

Fabrício A. de Marque



Um comentário:

  1. Fabrício, como poderia falar com o irmão? É que gostaria de publicar seus textos escatológicos reunidos em forma de e-book. Caso se interesse meu e-mail para contato é ultimachamada@bol.com.br

    Grato,
    César F. Raymundo
    Editor da www.revistacrista.org

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