pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Há uma guerra dentro de mim

Há uma guerra dentro de mim

 

O conhecido filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712—1778) disse: “O homem nasce puro e a sociedade o corrompe”. Ao contemplarmos tanta maldade em nosso mundo, parece lógico concordar com Rousseau. Mas logo surge uma questão que revela a fraqueza dessa frase: a sociedade é composta do que? Se a sociedade corrompe o homem, sendo ela mesma formada por homens, logo o próprio homem corrompe o homem.

No entanto, existe outra falsidade na frase. Rousseau disse que o homem nasce puro. Isso não é verdade. Basta observarmos com atenção os primeiros anos de uma criança para concluirmos que ela não é pura. O tempo se encarrega de trazer à tona a pecaminosidade humana com a qual todos nós nascemos. A experiência cotidiana comprova que a Bíblia é verdadeira. Tudo aquilo que a Bíblia afirma acerca da humanidade pode ser comprovado pela observação da realidade.

Mas, afinal, qual é a origem de todo o mal que presenciamos diariamente? Deixemos que a Palavra de Deus responda: “De onde vêm as guerras e discórdias que há entre vós? Será que não vêm dos prazeres que guerreiam nos membros do vosso corpo?” (Tiago 4.1). Tiago só reproduziu o que Jesus havia dito durante o Seu ministério na terra: “Porque do coração é que saem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos e calúnias.” (Mateus 15.19).

O coração humano é um campo de batalha. Não foi por acaso que Tiago disse que os prazeres fazem guerra em nosso corpo. Ele usa um termo militar (στρατεύω). De fato, certos sentimentos e certas motivações que carregamos são verdadeiras máquinas de matar. Por exemplo, o ódio pode levar ao homicídio. Todavia, se não levar ao homicídio literal, o ódio pode matar alguém dentro do coração. A pessoa continua fisicamente viva, mas como seria bom se ela estivesse morta e sepultada.

Temos um sério problema em minimizar os malefícios de sentimentos não concretizados. Pensamos que não há problema em nutrir sentimentos pecaminosos, desde que tais sentimentos não se transformem em ações concretas. Errado! Os sentimentos pecaminosos são perversos também. Se eles não forem tratados, logo se manifestarão por meio das decisões. Os sentimentos pecaminosos nos devoram de dentro para fora.

Assim como Sansão, Davi, Moisés e outros, nós já tomamos muitas decisões erradas por seguirmos o velho homem escondido dentro do coração. É verdade que o pecado não tem domínio sobre nós. É verdade que estamos debaixo da graça. Contudo, o velho homem continua escondido ali dentro, esperando uma oportunidade para colocar sua cara feia para fora. Devemos subjugá-lo com ímpeto (1Co 9.27).

Dessa forma, o que podemos fazer a fim de vencermos a batalha que acontece dentro do coração? Se “o coração do problema humano é o problema do coração humano”, como disse muito bem John Stott (1921—2011), então o tratamento deve começar no coração. Comecemos, então, desconfiando do coração, e não depositando nele a nossa confiança. Você confiaria em uma pessoa mentirosa? Tenho que certeza que não. Então por que confiamos em nosso coração, visto que ele é enganoso e corrupto? (Jr 17.9).

Ao invés de confiarmos em nosso coração, confiemos na Palavra de Deus. Ela é luz que ilumina nossa jornada (Sl 119.105). A luz da Palavra clareia as pedras e armadilhas que estão em nosso caminho, ajudando-nos a não cair. Além da Palavra de Deus, confiemos nos conselhos bíblicos de pessoas maduras. Há bastante segurança na abundância de bons conselhos: “Não havendo direção sábia, o povo fracassa; com muitos conselheiros, há segurança.” (Provérbios 11.14).

Finalmente, consideremos as consequências do pecado. É claro que devemos chorar pelo pecado, e não meramente pelas consequências dele. No entanto, pensar sobre as consequências do pecado pode servir de estímulo para nos mantermos longe do mal. Ora, é evidente que você vai evitar o homicídio sabendo que poderá ser preso, não é mesmo? Não despreze as consequências de seus atos (Gl 6.7). Portanto, lutemos dignamente a guerra mais difícil de todas: a guerra que acontece no coração.

 

 

Fabrício A. de Marque



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