Por que chamamos alguns profissionais de “doutores”, sendo que eles não possuem um diploma de doutorado? A maioria das pessoas dirige-se ao advogado, ao médico e a vários outros profissionais com o título de “doutor”. Todavia, grande parte desses profissionais não subiu os degraus do conhecimento para pegar o tão cobiçado doutorado.

Inicialmente, o título de “doutor” foi concedido a doutores de teologia e filosofia, no fim do século XI, na Europa. Essas pessoas mostraram-se aptas para o exercício do ensino e da docência. Atualmente, porém, o termo foi banalizado e qualquer profissional, dependendo do ramo de sua formação, é chamado de "doutor".

É verdade que essa é uma questão cultural. No entanto, acredito que chamar qualquer profissional de “doutor”, sem que ele possua um doutorado, cria a falsa mensagem de que a maioria dos profissionais é altamente capacitada, podendo atrapalhar a nossa análise crítica. Sabemos que nem todos são capacitados. Há muitos incompetentes por aí sendo chamados de “doutores”.

Felizmente, há médicos e advogados que preferem ser chamados pelo nome próprio, ao invés de “doutor”. Por outro lado, há outros profissionais, recém-formados ou não, que adoram ser chamados de “doutores”, mesmo não sendo. Afinal, a sociedade, em sua maioria, deposita uma fé cega nos “doutores”, pensando que eles são homens infalíveis. O ego gosta disso.

Todos os profissionais são falíveis, possuindo um doutorado ou não. Mas esse não é o ponto. O ponto é: quem tem doutorado, é doutor; quem não tem, não é doutor. Simples assim.

 

Fabrício A. de Marque