Se você não está familiarizado com esses termos técnicos, permita-me explicá-los, rapidamente, antes de prosseguir. A Escatologia é o ramo da teologia sistemática que estuda as últimas coisas. O termo está fundamentado na Palavra de Deus, em ambos os Testamentos (cf. Dt 4.30 Is 2.2; 1Pe 1.20; 1Jo 2.18).

A Cosmovisão, por sua vez, significa, grosso modo, “visão de mundo”. É o alicerce de crenças que um indivíduo possui. É o fundamento de convicções que dita a maneira de você pensar e agir no mundo. Para usar uma comparação, podemos dizer que a cosmovisão é semelhante a um óculos, pois ele faz com que você enxergue a realidade a partir de uma lente específica.

Com isso, o que eu quero dizer é que as crenças que carregamos sobre as últimas coisas moldarão a maneira de vivermos neste mundo. Quando você crê, convictamente, em determinado conceito, a sua visão do mundo será afetada de alguma maneira. Jamais subestime o poder de uma ideia enraizada na mente e no coração.

Dentro do campo escatológico, temos vários sistemas e várias abordagens interpretativas. Embora o debate seja amplo e haja eruditos sérios em todas as vertentes, apenas uma está correta. E, claro, cada estudioso acredita que a sua própria corrente é a correta. Eu também creio que a escatologia que sigo é a correta; caso contrário, eu não a ensinaria.

Todas as vertentes escatológicas — com exceção de uma — possuem um ponto em comum: o pessimismo histórico quanto ao futuro da humanidade. Em outras palavras, essas linhas ensinam que o mundo irá de mal a pior, até que Cristo rasgue os céus e coloque um ponto final no caos mundial. Agora, se uma pessoa crê nisso convictamente, quais serão os efeitos dessa crença em sua vida?

Serão inúmeros. Por exemplo, se tudo irá de mal a pior nesse mundo, por que os cristãos deveriam se engajar na cultura ou na política? Todo empreendimento, cedo ou tarde, terminará em fracasso, pois as profecias bíblicas declaram que o mal aumentará mais e mais.

Alguém pode protestar: “Eu conheço cristãos que creem que o mundo vai piorar e, mesmo assim, trabalham para o progresso da sociedade”. Ótimo! Mas o ponto é que, neste caso, a crença e prática estão em oposição. Não faz sentido trabalhar para que tudo fique melhor e crer que tudo ficará pior, especialmente quando há profecias infalíveis dizendo que tudo vai piorar.

Em oposição às linhas pessimistas, há uma linha otimista quanto ao futuro. Ela se chama Pós-Milenismo. Essa vertente escatológica, fundamentada na Palavra de Deus e na exegese séria dos textos bíblicos, ensina que o evangelho triunfará na terra, antes mesmo do Retorno glorioso de Cristo. O otimismo pós-milenista não é igual àquelas pessoas que cruzam os dedos, torcendo para que algo dê certo.

O otimismo pós-milenista descansa nas promessas bíblicas de vitória do Reino de Deus na terra. Agora, reflita sobre os efeitos que essa convicção produzirá em nossa vida cristã. Se o evangelho triunfará, então devemos pregar o evangelho a toda criatura, devemos nos engajar na cultura, na política e nos demais setores da sociedade. Enfim, nenhum esforço em prol do Reino será inútil e nenhum investimento será desperdiçado.

Enfim, nenhum esforço em prol do Reino será inútil e nenhum investimento será desperdiçado. Qual é a sua visão do mundo? O que você crê acerca do triunfo do evangelho? O evangelho triunfará somente depois do Retorno de Cristo, ou o evangelho já começou a triunfar? Qual a postura que você tem perante a sociedade: isolamento ou engajamento? Repito: jamais subestime o poder de uma ideia enraizada na mente e no coração. Pense nisso.

 

Fabrício A. de Marque