pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Como identificar uma igreja verdadeira?

Como identificar uma igreja verdadeira?


quantidade de igrejas evangélicas que existe no mundo hoje é muito grande. Dependendo da cidade e do bairro em que você mora, é bastante comum encontrar mais de uma igreja evangélica na mesma rua. Diante dessa diversidade de igrejas evangélicas, surgem algumas perguntas: Todas as igrejas evangélicas são verdadeiras? Todas pregam o verdadeiro evangelho da graça? Quais são as marcas que identificam uma igreja verdadeira? 

Para saber se uma igreja é verdadeira ou falsa, é preciso refletir sobre as marcas da verdadeira igreja. Assim como uma cédula de dinheiro possui marcas específicas que provam a sua autenticidade, a igreja verdadeira também possui marcas que a distingue das igrejas falsas. Quantas marcas uma igreja verdadeira possui? Quais são essas marcas? Na época da Reforma Protestante, no século 16, os teólogos discordaram em relação a essas marcas.

Alguns afirmaram que a igreja verdadeira tem somente uma marca: a pregação fiel do evangelho da graça. Essa posição foi defendida, por exemplo, pelo teólogo francês Teodoro de Beza (1519—1605). Outros teólogos apontaram duas marcas: a pregação fiel do evangelho e a administração correta dos sacramentos (batismo e Ceia do Senhor). Essa posição foi defendida por João Calvino (1509—1564) e Heinrich Bullinger (1504—1575).

Ainda outros chegaram a defender três marcas da verdadeira igreja: a pregação, os sacramentos e a disciplina eclesiástica. Essa posição é defendida, por exemplo, pela Confissão de Fé de Westminster. Posto isso, vamos refletir sobre essas três marcas.

 

a. A verdadeira pregação da Palavra.

Em relação à primeira marca (a pregação fiel do evangelho), precisamos entender que a pregação é o elemento mais importante de uma igreja verdadeira, porque Deus salva pecadores mediante a pregação do evangelho: “Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, Deus achou por bem salvar os que creem por meio da loucura da pregação.” (1 Coríntios 1.21). [1]

A pregação fiel não consiste apenas em dizer que Jesus é o Salvador dos pecadores. Há mais do que isso. A pregação verdadeira é fiel a toda a Escritura Sagrada, o que significa que uma pregação verdadeira engloba o ensino de todas as doutrinas centrais da fé cristã. É por isso que uma igreja verdadeira é uma igreja apostólica. Ela não é apostólica no sentido de reconhecer a existência de apóstolos modernos, mas no sentido de ensinar a doutrina revelada por Deus através dos apóstolos de Cristo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (Atos 2.42). [2]

Por isso, para saber se uma igreja evangélica é verdadeira ou não, observe o tipo de mensagem que sai do púlpito. Quem é Cristo para essa igreja? Cristo é o verdadeiro Deus-homem? E quanto ao Espírito Santo? O Espírito é a terceira Pessoa da Trindade, coeterno com o Pai e com o Filho? Qual é a base da justificação? Obras, fé e obras, ou somente a fé? E quanto à Bíblia? A igreja crê que a Bíblia é a revelação especial de Deus, completamente correta em cada declaração? Se uma igreja consegue prevalecer diante desses critérios, então há evidências de que se trata de uma igreja verdadeira.

 

b. A administração correta dos sacramentos

A segunda marca é a administração correta dos “sacramentos” ou das “ordenanças”. Os dois principais segmentos da Reforma — o luterano e o reformado — reconhecem apenas duas ordenanças instituídas pelo Senhor: o batismo e a Ceia. A palavra grega βαπτζω (baptizo) significa “mergulhar, afundar e imergir” algo na água. Esse é o significado da palavra dentro e fora da Bíblia. Além disso, o batismo é tanto uma ordenança quanto um símbolo também. O ato de entrar e sair da água simboliza a nossa morte e ressurreição com Cristo: “No batismo, vocês foram sepultados com Cristo e, com ele, foram ressuscitados para a nova vida por meio da fé no grande poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.” (Colossenses 2.12). [3]

É importante destacar que o batismo não pode ser separado da fé da pessoa que se batizou. O batismo confere bênçãos espirituais desde que haja fé verdadeira no coração da pessoa. Além do mais, o batismo não é capaz de salvar o pecador. Somos salvos pela graça mediante a fé, e não pela graça mediante o batismo. O batismo é o sinal externo e visível da transformação interna que experimentamos pela graça de Deus.

Portanto, para identificar se uma igreja é verdadeira, procure conhecer o entendimento dela a respeito do batismo. O batismo salva? O batismo confere graça independente da fé?

Agora, vamos pensar sobre a Ceia do Senhor. Enquanto o batismo deve ser realizado uma única vez no início da vida cristã e depois do novo nascimento, a Ceia, por outro lado, deve ser celebrada regularmente durante toda a vida cristã. A Ceia possui um significado bastante amplo. Vários aspectos da nossa vida e da vida de Cristo são contemplados na Ceia do Senhor. Primeiro, a Ceia contempla a morte de Cristo. O pão partido no meio aponta para o corpo de Jesus que foi castigado por causa de nossos pecados. O cálice de vinho aponta para o sangue de Jesus que foi derramado. Por isso, a Ceia é um quadro vívido que representa o sacrifício perfeito de Cristo.

Segundo, a Ceia aponta para a nossa participação nos benefícios da morte de Cristo. Quando comemos o pão e bebemos o cálice com fé, estamos declarando, por meio desse ato, que recebemos todos os benefícios que Jesus conquistou para nós. Terceiro, a Ceia é alimento espiritual. O alimento físico fortalece a nossa vida biológica. De maneira semelhante, o alimento espiritual da Ceia fortalece a nossa vida espiritual. O próprio Jesus disse que, quando nos alimentamos dEle, permanecemos nEle: “Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu nele.” (João 6.56). [4]

Quarto, a Ceia aponta para a unidade dos cristãos. Cristo não morreu apenas por mim. Ele também morreu pelo meu irmão. Por isso, quando os cristãos se reúnem para celebrar a Ceia do Senhor, eles afirmam essa unidade conquistada por Cristo. Quinto, a Ceia é uma afirmação de que estamos em Cristo. Quando participamos regularmente da Ceia, estamos afirmando que permanecemos em Cristo. O oposto disso também é verdadeiro, ou seja, recusar-se participar da Ceia é uma afirmação de que não estamos em Cristo.

A Ceia do Senhor é uma celebração tão importante, porque durante a celebração o Senhor também afirma coisas a nosso respeito. Por exemplo, na Ceia Cristo afirma o Seu amor por nós. Quem nos convida à mesa é o próprio Cristo. Isso significa que, ao nos convidar para a mesa, Jesus está afirmando o Seu amor por nós. Ele nos ama pessoalmente e quer ter comunhão conosco. Além disso, ao nos convidar para a mesa, Jesus está dizendo que somos abençoados, privilegiados e que muitas bênçãos estão reservadas para nós.

Diante disso, uma dúvida pode surgir em nossa mente: de que forma Cristo se faz presente na Ceia do Senhor? Durante a história da igreja, houveram muitos debates e discussões a respeito disso. Até mesmo os reformadores não chegaram a um consenso em relação à presença de Cristo na Ceia. As teorias a respeito dessa doutrina são, pelo menos, as seguintes:

 

1. A posição católica: Transubstanciação.

2. A posição luterana: Consubstanciação.

3. A posição reformada: presença simbólica e espiritual de Cristo.

 

Neste artigo, não explicarei nenhuma das teorias, devido ao tamanho do texto. No entanto, se você deseja estudar o assunto, leia o excelente livro de R. C. Sproul: “O que é a Ceia do Senhor?”. Portanto, para saber se uma igreja é verdadeira, considere a Ceia do Senhor. A Ceia é celebrada regularmente? Existe um entendimento bíblico sobre essa doutrina? A Ceia é praticada de maneira digna?

 

c. A disciplina eclesiástica

Por fim, a terceira marca de uma igreja verdadeira é a disciplina eclesiástica. Muitas igrejas da atualidade são negligentes em relação à disciplina. Parte dessa negligência se dá pela compreensão equivocada da disciplina bíblica. Todavia, a disciplina foi estabelecida pelo próprio Deus. O objetivo da disciplina não é destruir a igreja, nem expor o povo de Deus ao desprezo e à vergonha. É evidente que existe um elemento de vergonha quando o pecado é exposto. No entanto, o objetivo da vergonha é corrigir o problema e conduzir o irmão faltoso ao arrependimento.

Podemos destacar três objetivos da disciplina bíblica: 1. Restaurar e reconciliar o cristão que está se desviando (Tg 5.19-20); 2. Impedir que o pecado se espalhe e contamine outras pessoas (Hb 12.15); e 3. Proteger a pureza da igreja e a honra de Cristo (Rm 2.24). Apesar disso, a igreja deve ter consciência de que a disciplina só terá efeito se o Espírito Santo operar no coração das pessoas.

Portanto, para identificar se uma igreja é verdadeira, observe se há disciplina bíblica. O pecado é levado a sério? A disciplina é aplicada dentro dos parâmetros bíblicos? A pessoa em pecado é acompanhada visando a restauração ou ela é simplesmente excluída das atividades ministeriais? Depois da disciplina, o amor por esse irmão é reafirmado e demonstrado?

As marcas mencionadas aqui são fundamentais e toda igreja, que se considera verdadeira, deve levar essas qualidades a sério. Caso contrário, estamos diante de uma falsa igreja que possui apenas nome de igreja verdadeira. Essas qualidades foram reveladas por Deus em Sua Palavra. Portanto, se Deus as relevou, devemos abraçá-las com zelo e piedade.

 

Confira o estudo em vídeo:

https://youtu.be/X2jYX895Cd8

 

Fabrício A. de Marque

 

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Notas:

[1] Nova Almeida Atualizada (NAA).

[2] Ibid.

[3] Nova Versão Transformadora (NVT).

[4] Ibid.



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