pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: O que significa crermos que a Bíblia é suficiente?

O que significa crermos que a Bíblia é suficiente?


A “suficiência” é um dos atributos da Bíblia. O que significa dizer que cremos que a Bíblia é suficiente? A Bíblia é suficiente para conhecermos o que Deus quer que pensemos e façamos? As palavras da Bíblia nos bastam ou precisamos recorrer a outras fontes para compreendemos a vontade do Senhor?

Quando declaramos que as Escrituras são suficientes, estamos dizendo que a Bíblia possui todas as palavras divinas que Deus quis dar ao Seu povo em cada etapa da história da redenção. Portanto, temos à nossa disposição toda informação necessária para a salvação: “Desde a infância, você conhece as sagradas letras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Timóteo 3.15). [1]

A Bíblia é suficiente não apenas para a salvação, mas também para o viver cristão, que deve ser marcado pela prática de boas obras: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Timóteo 3.16-17). [2]

Você já Imaginou se tivéssemos que buscar a vontade de Deus em todos os livros que já foram escritos durante a história? Que tarefa impossível! A boa notícia é que não precisamos fazer isso, porque a Bíblia é suficiente para nos orientar em cada decisão. Podemos saber o que Deus pensa acerca da igreja, da salvação, do casamento, da criação de filhos, do dinheiro, e assim por diante. Por isso, não estamos perdidos sem o conhecimento do caminho em que devemos andar.

Diferente dos protestantes, os católicos dizem que, além da Bíblia, também é preciso conhecer o ensino oficial da igreja, ou seja, é indispensável saber o que a igreja, no decorrer da história, disse sobre determinado assunto. Contra essa ideia, respondemos que a Bíblia é suficiente. O ensino da igreja pode nos ajudar a compreender o que já está na Bíblia, mas o ensino da igreja não está em pé de igualdade com a Palavra de Deus.

Outro ponto importante sobre a suficiência da Bíblia é que Moisés não teve o privilégio de ler o livro de Salmos e Provérbios, pois esses livros foram escritos depois de sua morte. Na realidade, nenhuma pessoa do AT teve o privilégio de ler qualquer livro do NT. A razão disso é que a revelação de Deus aconteceu de maneira progressiva. O cânon sagrado não foi redigido de uma só vez. Cada porção da Escritura foi revelada em certo período da história.

No entanto, depois que os 66 livros bíblicos foram concluídos, a revelação escrita cessou de uma vez por todas. Nada pode entrar nem sair da biblioteca de Deus: Toda palavra de Deus é pura. Ele é escudo para os que nele confiam. Não acrescente nada às suas palavras, para que ele não o repreenda, e você seja achado mentiroso” (Provérbios 30.5-6) [3]. Somos privilegiados, pois temos em nossas mãos o que Moisés teve apenas em parte.

Diante disso, eu quero deixar algumas aplicações práticas da doutrina da suficiência das Escrituras. Em primeiro lugar, é nosso dever buscar o que Deus quer que pensemos e façamos. Devemos buscar a doutrina e a ética de Deus. Vamos encontrá-las tão somente na Bíblia Sagrada. Em segundo lugar, não devemos acrescentar nada à Bíblia nem colocá-la no mesmo patamar de importância de qualquer outro escrito. São as seitas que fazem isso. No entanto, os evangélicos não estão isentos desse erro grosseiro. Por exemplo, colocar a opinião de um pastor, teólogo ou cantor acima ou no mesmo nível da Bíblia, é declarar que a Bíblia não é suficiente.

Em terceiro lugar, tudo aquilo que devemos crer a respeito de Deus e a respeito da obra redentora de Cristo, encontra-se na Bíblia. No passado, livros eram escritos e atribuídos a homens de Deus conhecidos, no intuito de validar aquelas obras. Como a Bíblia é nossa regra de fé, não temos a obrigação de crer em outros escritos. Pense, por exemplo, nos livros que narram a infância de Jesus. Devemos acreditar que tais livros são verdadeiros? É claro que não. Visto que a Bíblia não revela o período da infância de Cristo, então essas obras são especulativas e meramente humanas.

Em quarto lugar, se algo é pecaminoso, então a Bíblia deixará isso claro, quer explícita ou implicitamente. Em outras palavras, o que Deus considera pecado é declarado na Bíblia como pecado. Proibições extrabíblicas são fruto do legalismo. Em assuntos mais delicados, porém, precisamos decidir a partir dos princípios gerais da Palavra de Deus e da sabedoria que vem do alto.

Em quinto lugar, se temos o dever de praticar algo, então a Bíblia deixará isso claro para nós. Não precisamos buscar a vontade de Deus fora das Escrituras, pois Deus revelou todos os Seus preceitos para o Seu povo. Por isso, se algum líder ordenar que você faça algo, busque a vontade de Deus nas Escrituras. Se algo não está ordenado nas Escrituras, então estamos livres da obrigação de cumprir com aquilo.

Por fim, em sétimo lugar, devemos nos contentar com a revelação de Deus que nos foi dada nos 66 livros sagrados. A Bíblia não poderia ser mais completa do que já é. Se Deus não revelou algo que gostaríamos de saber, devemos confiar nEle, pois o Senhor é infinitamente Sábio. Absolutamente tudo que precisamos saber nos foi revelado. Assim, ao invés de ficarmos chateados ou afoitos em busca de revelações fora da Bíblia, nossa tarefa é mergulhar na Palavra de Deus a fim de compreendermos qual é a vontade do Senhor (cf. Efésios 5.17).


Confira o estudo da Confissão de Fé Batista de 1689 sobre as Escrituras Sagradas

https://youtu.be/oX4JQUCJFaY


 

Fabrício A. de Marque


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Notas:

[1] Nova Almeida Atualizada (NAA).

[2] Ibid.

[3] Ibid.



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