pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: O final do evangelho de Marcos foi inspirado por Deus?

O final do evangelho de Marcos foi inspirado por Deus?

 

Em nossas Bíblias em português, o último capítulo do evangelho de Marcos termina no versículo 20: “E eles foram e pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam”. Todavia, no original grego, o evangelho termina no versículo 8: “E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam tomadas de temor e assombro. E não contaram nada a ninguém, porque estavam com medo”.

Isso significa que a porção de Marcos 16.9-20 não aparece em nenhum dos manuscritos mais importantes dos primeiros séculos. Os críticos afirmam que o estilo do grego dessa pequena porção é diferente do restante do evangelho, o que indica que o final do evangelho talvez não tenha sido escrito por Marcos. Sugerem que, antes de terminar a obra, Marcos foi martirizado e, por isso, a obra foi concluída por outra pessoa. Ou talvez, que, em algum momento, sobrou somente uma cópia do evangelho de Marcos, e o finalzinho do texto foi arrancado dessa cópia.

Os críticos também alegam que a porção final de Marcos foi acrescentada por algum escriba no intuito de “amenizar” a conclusão brusca da obra. As críticas não encerram por aí. Dizem ainda que há ensinos estranhos na porção final de Marcos. Por exemplo, os críticos acusam o texto de ensinar que o batismo é necessário para a salvação (Mc 16.16), que Jesus apareceu em forma diferente depois da ressurreição (Mc 16.12) e que pegar em cobras e beber veneno sem sofrer consequências (Mc 16.18) é um ensino estranho.

Dessa forma, os críticos concluem que a porção final do Evangelho de Marcos não foi inspirada por Deus. Apesar disso, os estudiosos, em sua maioria, têm defendido a autenticidade do final de Marcos. As críticas levantadas podem ser rebatidas. Quanto ao estilo da linguagem, vale destacar que a mudança de assunto a partir do versículo 9 levou o autor à mudança de linguagem também. Em outras palavras, a linguagem mudou porque o foco do assunto mudou.

Quanto às objeções teológicas, o texto não ensina que o batismo é requisito imprescindível para a salvação. O versículo diz: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. Observe que a palavra “batismo” é omitida na segunda parte do versículo. Se o texto estivesse ensinando que o batismo é necessário para a salvação, a segunda parte do versículo deveria estar assim: “mas quem não crer E NÃO FOR BATIZADO será condenado”. Portanto, o texto não ensina que o batismo é necessário para a salvação. O autor apenas relaciona a salvação ao batismo. O batismo é uma declaração pública de fé que acontece após a salvação, e não antes ou concomitante à salvação.

Em relação à aparência de Jesus após a ressurreição, é importante observar que os discípulos no caminho de Emaús não reconheceram o Senhor, pois os seus olhos foram impedidos de reconhecê-lo (Lc 24.16). A aparência do Senhor, possivelmente, não foi alterada. Mas os olhos deles foram impedidos de ver. Em outros relatos da ressurreição, o Senhor Jesus foi reconhecido imediatamente pelas pessoas que o viram. Sendo assim, me parece que Marcos 16.12 esteja simplesmente relatando que Jesus apareceu aos dois discípulos.

Finalmente, quanto a pegar em cobras e beber veneno sem sofrer danos, esse ensino não é estranho ao evangelho. Ora, o apóstolo Paulo foi picado por uma víbora na ilha de Malta, enquanto ele acendia uma fogueira. Apesar disso, nada lhe aconteceu, o que causou espanto nas pessoas (Atos 28.1-6). É claro que não devemos sair por aí pegando em cobras só para mostrar que somos pessoas de fé. Certo pastor imaturo fez isso e acabou morrendo.   

Portanto, apesar das objeções levantadas contra a porção final de Marcos, não há razão para descartarmos esse trecho da Palavra de Deus. O estudo avançado sobre esse assunto revela que o peso em favor da autenticidade dessa porção é muito maior do que as provas contrárias.

 


Fabrício A. de Marque



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