pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Em Apocalipse, João comeu um livrinho que era “amargo” e “doce”. O que isso significa?

Em Apocalipse, João comeu um livrinho que era “amargo” e “doce”. O que isso significa?

 

Durante a singular experiência na ilha de Patmos, o apóstolo João recebeu uma ordem no mínimo curiosa. Um anjo do Senhor estava em pé sobre o mar e sobre a terra segurando um livrinho nas mãos. João deveria se dirigir até o anjo, pegar o livrinho de sua mão e comê-lo (cf. Ap 10.8-9).

Foi exatamente isso que ele fez. Ao comer o livrinho, João sentiu algo doce em sua boca e algo amargo em seu estômago. O apóstolo João não foi o único servo de Deus que passou pela experiência de “comer o livrinho”. O mesmo se deu com os profetas Jeremias e Ezequiel (cf. Jr 15.16; Ez 3.2-3).

Comer o livrinho não é, obviamente, algo feito no sentido literal. Comer o livrinho significa assimilar a Palavra de Deus em nosso íntimo. A Palavra de Deus deve ser interiorizada na mente e no coração. Por ser fonte de nutrientes espirituais, a Palavra de Deus é comparada a diversos alimentos: pão (Mt 4.4); leite (1Pe 2.2); carne (1Co 3.1-2) e mel (Sl 119.103).

Mas, afinal, por que o livrinho que João comeu tinha sabor doce e amargo? O que isso significa? Para entender o significado disso, é preciso, primeiro, identificar a mensagem central do livro de Apocalipse. Em outro texto, eu disse que um erro bastante comum, ao ler Apocalipse, é pressupor que esse livro fala somente sobre o fim do mundo.

A mensagem central do livro de Apocalipse não é sobre o fim do mundo, mas sobre o juízo de Deus contra a nação de Israel do primeiro século. O livro revela a transição da Antiga Aliança para a Nova Aliança em Cristo. A nação de Israel foi julgada e punida por causa de sua rejeição ao Messias prometido. Essencialmente, é disso que trata o livro de Apocalipse.

Tendo isso em mente, podemos, finalmente, compreender o “amargo” e “doce” que João experimentou ao comer o livrinho. Perceba: a mensagem é doce na boca de João, porque os inimigos de Cristo e da igreja serão, definitivamente, punidos. A paciência de Deus chegou ao fim. A justiça será feita. Isso é doce ao paladar. Ver a justiça sendo feita e o mal sendo punido é algo que nos alegra.

Em contrapartida, a mensagem é amarga no estômago, porque esses inimigos pertencem à própria nação de Israel. Deus escolheu Israel. Deus abençoou Israel. Deus fez promessas a Israel. Deus revelou Sua Palavra a Israel. O Salvador do mundo veio de Israel. Contudo, a nação rejeitou tudo isso e foi devidamente punida. Pense na tristeza que João sentiu ao ver o seu próprio povo sendo punido! De fato, o “sabor” da mensagem foi amargo e doce ao mesmo tempo.

Com isso, aprendemos que a Palavra de Deus sempre terá a mistura de amargo e doce no paladar. A mensagem divina transforma, mas também gera perseguição. A mensagem concede privilégios, mas também exige renúncias. A mensagem salva o humilde, mas condena o orgulhoso. A mensagem promete vida eterna para os crentes, mas juízo eterno para os incrédulos.

É nossa tarefa pregar a mensagem “doce” e “amarga” da Bíblia. Não podemos pregar as “caixinhas de promessas”, ou seja, somente as partes doces. Temos que pregar todo o conselho de Deus.

 

Fabrício A. de Marque



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