pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Agnosticismo escatológico

Agnosticismo escatológico

 

O que seria o “Agnosticismo escatológico”? Antes de explicar o que quero dizer com essa expressão, vamos pensar, rapidamente, no conceito da palavra “Agnosticismo”. O termo “agnóstico” é de origem grega e significa “não-conhecimento”. Temos, aqui, o prefixo negativo “a” ligado à palavra grega γνσις (gnōsis: conhecimento). A palavra “Agnosticismo” foi cunhada pelo biólogo evolucionista Thomas Henry Huxley (1825-1895).

Para ser exato, há dois tipos de agnósticos: o brando e o radical. O brando afirma que não sabe se Deus existe. Talvez Deus exista, talvez não. O agnóstico brando não pode ter certeza da possibilidade ou impossibilidade do conhecimento de Deus. A sua experiência pessoal simplesmente revela que ele não conhece a Deus. Já o agnóstico radical afirma que é impossível obter qualquer conhecimento de Deus. Se Deus existe, ninguém pode conhecê-lo. É impossível chegar ao conhecimento da divindade.

Tomo a liberdade de aplicar a ideia do “não conhecimento” à esfera escatológica. Vários cristãos, embora creiam na existência de Deus, afirmam que não é possível saber como se dará (ou como se deu) o cumprimento de certas passagens proféticas. Por exemplo, o abominável da desolação (cf. Mt 24.15) é o futuro Anticristo? Ou se trata de uma pessoa histórica, diferente do anticristo, que viveu no século primeiro?

Diante de interpretações diferentes, muitos dizem que não podemos ter certeza dessas coisas. Podemos apenas estudar essas questões, mas nunca bater o martelo, pois somente Deus conhece o futuro. Somente Deus sabe como se dará o cumprimento das profecias escatológicas. Assim, talvez sem perceber, essas pessoas se enroscam na teia do agnosticismo escatológico.

É claro que há passagens proféticas complicadas. É claro que, dependendo do texto, mais de uma abordagem parece fazer sentido. Não estou aqui afirmando que conhecemos tudo sobre a escatologia e que conseguimos resolver todos os problemas de interpretação que perduram há séculos na história da igreja.

O que quero dizer é que, apesar das dificuldades, há muitas passagens proféticas que são claras como a luz do sol. Devemos, então, tomar as passagens claras e usá-las para iluminar as passagens obscuras. Esse é um princípio hermenêutico que não pode ser abandonado. Não podemos nos entregar ao agnosticismo escatológico e dizer que não é possível conhecer o significado das profecias bíblicas.

Essa postura pode soar espiritual, mas não é. Essa atitude pode ocultar o pecado da preguiça ou do orgulho: preguiça em estudar a Palavra de Deus com dedicação ou orgulho por não querer admitir que há interpretações mais coerentes quando comparadas com a posição que defendemos. Voltando ao exemplo do abominável da desolação, podemos concluir, com base no contexto, que se trata de uma profecia cumprida.

Mais adiante, no mesmo contexto, Jesus afirmou: “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.” (Mateus 24.34). Se não distorcermos o significado de “geração”, ficará claro que Jesus estava falando para a audiência do século primeiro. Aquela geração já passou e, portanto, a profecia acerca do abominável da desolação já se cumpriu. Fujamos do agnosticismo escatológico e abracemos, com firmeza, o Sola Scriptura.

 

Fabrício A. de Marque



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