Em Apocalipse, lemos a seguinte declaração: “E [os gafanhotos] tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom” (Apocalipse 9.11).

Em hebraico e grego, as palavras "Abadom" (אֲבַדּוֹן) e "Apoliom" (Ἀπολλύων) têm o mesmo significado, que é "Destruição" ou "Destruidor". Tudo indica que esse anjo do abismo refere-se a uma entidade espiritual, ou seja, Satanás.

Satanás comanda um grupo de gafanhotos. No entanto, devemos entender esses gafanhotos simbolicamente. Eles representam um exército de invasores estrangeiros que trouxeram destruição e sofrimento ao povo judeu durante um período conhecido como a Grande Tribulação, ocorrida no passado.

Nesse contexto, é importante compreender que os gafanhotos não são insetos literais, mas uma representação figurativa das forças destrutivas que atuaram contra os judeus naquele momento histórico. Em outras palavras, os invasores estrangeiros referem-se aos romanos que, no ano 70 DC, cercaram e causaram total destruição à cidade de Jerusalém.

No Antigo Testamento, encontramos a palavra "Abadom" (אֲבַדּוֹן) pelo menos seis vezes (Jó 26.6; 28.22; 31.12; Sl 88.11; Pv 15.11; 27.20). Essa palavra está frequentemente associada à palavra "Sheol" (שְׁאוֹל), e essa conexão é de grande importância. Sheol, em sua tradução geral, pode ser entendido como "Além", "Inferno" ou "Sepultura" — um local associado aos mortos. Dentro da perspectiva preterista parcial, Abadom, Apoliom e os gafanhotos são símbolos da destruição iminente e do julgamento que se aproximava de Jerusalém e do templo durante a Primeira Guerra Judaico-Romana.

Essa interpretação ressalta a importância histórica desses eventos e o cumprimento das profecias apocalípticas dentro do contexto daquela época. Fica evidente, portanto, que o texto está descrevendo a aflição e o caos enfrentados pelos judeus naquele tempo. Trata-se de uma representação simbólica das forças do mal em ação.

Dessa forma, podemos concluir que "Abadom" e "Apoliom" são referências a Satanás, enquanto os “gafanhotos” simbolizam o exército romano. Ambos desempenharam papéis significativos na destruição de Jerusalém e na opressão do povo judeu durante o século primeiro. Essas representações devem ser compreendidas dentro do contexto histórico em que foram escritas, evitando, assim, uma interpretação estritamente futurista.

 

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