A expressão “o abominável da desolação” é usada nas Escrituras para descrever a profanação mais repugnante que ocorreria no Templo de Salomão em Jerusalém. Encontramos essa frase três vezes no livro de Daniel (Dn 9.27; 11.31; 12.11). Ela pode ser traduzida como “a abominação que causa horror”. Essa expressão é a mais intensa usada pelo profeta, pois aponta para a maior ofensa cometida contra Deus dentro de Seu próprio Templo. De fato, um ato extremamente desrespeitoso e profano.

A profecia do abominável da desolação foi cumprida no ano 167 AC, quando o rei da Síria, Antíoco IV Epifânio, profanou o Templo de Jerusalém. Ele construiu um altar e sacrificou um porco ao deus Zeus (Júpiter). Esse foi um ato de profanação extrema. Nada poderia ser pior do que isso.

Nos evangelhos de Mateus 24.15-16 e Marcos 13.14, Jesus faz referência ao abominável da desolação, dizendo que ele estaria no lugar sagrado. Então, Jesus pede ao leitor que entenda o significado dessa profecia (“quem lê, entenda”). É importante dizer que Jesus não estava negando o cumprimento passado da profecia de Daniel, nem sugerindo um duplo cumprimento profético do abominável da desolação.

Ao invés disso, Jesus queria dizer que algo semelhante à profanação de Antíoco aconteceria novamente durante a geração do primeiro século da era cristã. Isso de fato ocorreu no ano 70 DC, quando as forças romanas invadiram Jerusalém e destruíram tudo que viram pela frente.

Hoje em dia muitas pessoas acreditam que o abominável da desolação será um futuro anticristo que surgirá no cenário quando o terceiro Templo for reconstruído. No entanto, o evangelho de Lucas contradiz essa interpretação ao evitar o uso da expressão “o abominável da desolação”. Lucas utiliza outra expressão: “Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, então sabereis que é chegada a sua desolação” (Lucas 21.20).

Quando Roma invadiu Jerusalém e profanou o Templo, o “abominável da desolação” foi cumprido no local sagrado. Isso marcou o início de um período de três anos e meio de Grande Tribulação sem precedentes na história dos judeus. No verão do ano 70 DC, os sacrifícios de animais cessaram, porque o Templo foi completamente destruído. Os três evangelhos sinóticos concordam ao afirmar que aquela geração dos primeiros discípulos seria testemunha dessa abominação desoladora.

Portanto, a profecia do “Abominável da Desolação”, encontrada no livro de Daniel e mencionada por Jesus nos evangelhos sinóticos, está intrinsecamente ligada à invasão romana que resultou na destruição de Jerusalém. Essa profanação histórica marcou um período de Grande Tribulação para o povo judeu.

Os eventos catastróficos desencadeados pela invasão romana e a profanação do Templo confirmam a realização dessa profecia naquele contexto específico. Isso ressalta a importância de compreendermos corretamente as profecias bíblicas, levando em consideração o contexto histórico, a fim de obtermos uma compreensão completa do seu significado e cumprimento.

 

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